O Ministério Público (MP) pediu, esta terça-feira, a pena máxima de 25 anos de prisão para os dois alegados homicidas de um casal de idosos alemães numa aldeia do concelho de Beja, revelou um dos advogados do processo.

Os dois arguidos, um homem, de 54 anos, e uma mulher, de 38, encontram-se em prisão preventiva e começaram hoje de manhã a ser julgados no Tribunal de Beja, pronunciados por dois crimes de homicídio qualificado e um de furto qualificado.

Nas alegações finais, que decorreram esta tarde, o procurador do MP pediu a condenação dos dois acusados, assim como a aplicação da pena máxima de 25 anos de prisão para ambos, indicou à agência Lusa o advogado da arguida, André Caetano.

O coletivo de juízes que está a julgar o caso anunciou que o acórdão será divulgado no dia 03 de abril, às 14h00, também no tribunal da cidade alentejana, disse o mesmo advogado.

Durante a manhã, no arranque do julgamento, a arguida negou a autoria dos crimes, mas não afastou que o outro acusado os possa ter praticado. “Não os matei [aos dois idosos alemães]. Não sei se foi o Fernando [o outro arguido], mas não meto as mãos no lume por ninguém”, afirmou.

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Já o arguido, seu companheiro, pronunciado pelos mesmos crimes, optou por não falar em tribunal.

A arguida relatou que, em 16 de abril de 2023, apontado pelo MP como o dia em que ocorreram os homicídios, após o jantar, o arguido ficou sozinho na habitação com a idosa e, depois, pediu à mulher para chamar o idoso. “Não sei o que aconteceu lá dentro. Eu não ouvi nada”, alegou.

Pouco depois, continuou, o arguido saiu da casa com um saco que continha os pertences dos três, incluindo um candeeiro, caminharam e acabaram por chamar um táxi que os levou para Beja, onde pernoitaram numa pensão.

Assinalando que nunca mais voltou à quinta do casal alemão, a mulher voltou escusar-se a garantir que o arguido não o tenha feito [praticados os crimes], pois, no dia seguinte, relatou que o homem ausentou-se da pensão onde se encontravam durante uma hora e meia.

Questionada pelos juízes, a arguida reconheceu que, já em Aljustrel, para onde entretanto se tinham mudado, circulou juntamente com o arguido no carro das vítimas e viu-o usar o cartão bancário do casal alemão.

“O Fernando disse-me que eles lhe tinham dado o carro porque lhes deviam dinheiro”, justificou, dando a mesma resposta quando lhe perguntaram em relação ao cartão bancário. Quanto à venda do carro por 200 euros, a mulher salientou que foi o arguido que fez o negócio.

Um dos juízes ainda confrontou a arguida com alegadas contradições entre o seu depoimento e o da sua mãe, nomeadamente em relação à sua presença no interior da casa no momento em que terão ocorrido os homicídios, mas a mulher manteve a sua versão.

O homicídio dos idosos terá ocorrido a 16 de abril de 2023 na quinta do casal alemão, em Baleizão, concelho de Beja, mas os corpos só foram encontrados pelas autoridades quase um mês depois, em 11 de maio, após um alerta dado pelo filho, que reside na Alemanha.

De acordo com a acusação, os arguidos aproveitaram que a idosa, de 71 anos, se encontrava sozinha e “desferiram-lhe várias pancadas com recurso a uma barra de ferro”. Depois, a arguida foi chamar o idoso, que se encontrava num anexo, e quando este entrou na habitação atingiram-no com “várias pancadas, com recurso a uma barra de ferro, na cabeça, tronco e membros”.

*Notícia atualizada às 21h47 com informação sobre as alegações do Ministério Público