Nada o fazia prever. Desde que assumira o comando da Seleção, Roberto Martínez conseguira 11 vitórias noutros tantos encontros entre a qualificação para o Campeonato da Europa e o jogo particular com a Suécia. Mais: marcara uma média de quatro golos por encontro, consentira apenas quatro golos em 990 minutos e fizera nove partidas sem consentir qualquer golo. Numa noite, tudo mudou. Não apenas nos números, que ficaram expressos na derrota por 2-0 na Eslovénia, mas também noutros parâmetros como o facto de ter criado a primeira oportunidade de golo apenas aos 75′ e ter enquadrado o primeiro de dois remates apenas aos 77′. Mesmo com várias baixas já conhecidas à mistura, como Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rafael Leão, João Palhinha ou Rúben Dias, entre outros, a Seleção foi pela primeira vez curta. Curta num jogo mas não curta naquilo que são as ambições nacionais perante os objetivos traçados para Ljubljana.

Martínez arriscou colocar um Ferrari a 10km/h sem as melhores peças. O despiste tornou-se inevitável (a crónica do Eslovénia-Portugal)

“Há muitas notas a retirar, positivas e negativas. O objetivo do estágio era olhar para os jogadores. Tentámos experimentar com novos jogadores. Foi uma oportunidade de ver a reação da equipa ao golo que sofremos. A Eslovénia esteve fechada e nós não estivemos como podemos com bola. Foi um jogo com muita informação e ajuda a preparar o Europeu. Alterações? O foco do estágio era esse. Temos muitos jogadores que precisam de minutos no relvado. É o momento de experimentar e agora vamos recolher toda a informação. Faz parte do processo”, comentou Roberto Martínez à SportTV, assumindo os três centrais como “uma possibilidade”.

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“A Eslovénia jogou muito bem. O objetivo desta noite não era ganhar, mas experimentar. Quando sofremos o golo a reação foi difícil. Após estes 90 minutos estamos ainda mais preparados para o Europeu. Se ajuda a tirar dúvidas? “Ajuda porque dá informação. Precisamos de ter opções na lista. O estágio foi positivo, com a oportunidade de trabalhar com os jogadores de forma individual. Não gostamos de perder mas o objetivo do jogo era apanhar informação”, referiu depois em declarações na flash interview da RTP.

“Estamos mais preparados para o Europeu, também é importante ir para o Europeu com golos sofridos. O resultado é positivo para a Eslovénia mas para nós também nos dá mais informação. João Cancelo a jogar mais por dentro? O João tem experiência em jogar pela esquerda e por dentro. Tentámos utilizar jogadores por dentro porque a Eslovénia tem a linha fechada por fora. Podemos utilizar esta informação para o futuro”, acrescentou ainda o selecionador nacional na zona de entrevistas rápidas.

Desde o Campeonato do Mundo do Qatar que Portugal não sofria qualquer derrota (1-0 com Marrocos nos quartos), desde o Europeu de 2020 que Portugal não perdia por dois ou mais golos de desvantagem (4-2 com a Alemanha na fase de grupos), desde junho de 2022 que Portugal não consentia um desaire jogando na condição de visitante (Suíça, na Liga das Nações), desde março de 2018 que Portugal não tinha uma derrota num jogo de carácter particular (3-0 diante dos Países Baixos). A noite na Eslovénia ficou marcada pela estreia de Francisco Conceição, a sétima promovida por Martínez, mas acabou da pior forma.