Os mercados de transferências são muitas vezes pautados por uma espécie de efeito dominó que se cria com a possibilidade de um ou outro jogador trocar de clube. Porquê? Porque se o X sai do clube A para o clube B, o clube A necessita de um substituto e “ataca” o clube C, que por sua vez já tem mais referenciados entre clubes D e E e por aí adiante com essa particularidade de tudo poder ficar na mesma… se X ficar no clube A. Este verão, essa lógica começava a ser aplicada sobretudo ao “treinador X”, Xabi Alonso. O espanhol lidera um Bayer Leverkusen que é a grande surpresa da temporada, ainda sem qualquer derrota em encontros oficiais com dez pontos de avanço na Bundesliga, nas meias da Taça da Alemanha e nos quartos da Liga Europa, e de forma rápida tornou-se o desejo mais apetecível de equipas que procuram técnico e de outras que ponderam o futuro a médio prazo como Liverpool, Bayern ou Real Madrid. Para todos eles, não foi uma sexta Santa.

“Tive uma reunião com o Bayer Leverkusen, comuniquei-lhes que fico e sigo no clube. Após muitas conversas sobre o meu futuro, aproveitei a paragem do campeonato para refletir e tomar uma decisão. Sinto que este é o lugar adequado para estar e para me desenvolver como treinador”, referiu o treinador espanhol em conferência de imprensa, terminando com toda a especulação crescente das últimas semanas. “Estamos a falar de um jovem treinador que tem estado bem. Já estive num clube que estava numa situação similar, fiz basicamente o mesmo do que ele e nunca me arrependi. Ele está a fazer um trabalho fantástico ali. O Bayer Leverkusen tem uma boa equipa e provavelmente vai mantê-la. Isso é uma possibilidade que não acontece todos os anos, por isso entendo que ele queira fazer isso”, comentou Jürgen Klopp, de saída do Liverpool.

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Contas feitas, o resumo é simples. Xabi Alonso era a opção número 1 do Bayern, deixou de ser opção. Xabi Alonso era a opção número 1 do Liverpool, deixou de ser opção. Xabi Alonso era uma das opções número 1 caso existisse essa ideia de trocar já Carlo Ancelotti por mútuo acordo, deixou de ser opção. O “treinador X” não vai sair do clube A e os clubes B, C e D terão de rever as outras alternativas. É aqui que surge nesse contexto o clube E, neste caso o Sporting, e a possibilidade de Rúben Amorim sair no final da época.

Numa primeira fase depois do anúncio da saída de Jürgen Klopp de Anfield após a temporada de 2023/24, o treinador português que fez menos de 20 jogos no Sp. Braga antes de se mudar em março de 2020 para o Sporting foi colocado numa espécie de short list do Liverpool longe de estar no topo das prioridades. Ou seja, a ideia dos responsáveis dos reds passava por tentar marcar uma entrevista com o técnico (prática habitual dos clubes ingleses antes de fazerem uma escolha para o cargo), conhecer um pouco mais sobre a sua forma de pensar o futebol e como veria um projeto desportivo na era pós-Klopp e poder ter mais elementos que no final permitissem tomar uma opção. No entanto, e nessa fase, Xabi Alonso, que como jogador representou o conjunto de Anfield entre 2004 e 2009 com a conquista de uma Liga dos Campeões, era a prioridade.

Vários nomes, um favorito e a conversa surpresa: dono do Chelsea terá falado com Rúben Amorim (e ficou impressionado)

Este sábado, o The Times volta a falar de Rúben Amorim mas como a principal opção para suceder a Klopp nesta fase de escolha. Roberto De Zerbi, italiano do Brighton que é uma espécie de treinador da moda desde os tempos em que comandou o Sassuolo antes de rumar durante uma temporada ao Shakhtar Donetsk, é um outro nome referido, sendo que outras opções como Julian Nagelsmann ou Hansi Flick parecem nesta fase estarem mais afastadas. O Daily Express acrescenta outras possibilidades como Franck Haise (Lens) e o próprio Roger Schmidt, do Benfica, mas será no técnico leonino que estarão agora as atenções.

Rúben Amorim tem nesta altura contrato com o Sporting até 2026 com uma cláusula de rescisão de 20 milhões de euros para propostas que venham do estrangeiro (mais dez milhões se forem de Portugal) mas a relação próxima que mantém há muito com a estrutura verde e branca vai permitir sempre uma saída de forma amigável caso seja essa a intenção do próprio técnico. Desde que chegou a Alvalade, onde ganhou quatro títulos – um Campeonato, duas Taças da Liga e uma Supertaça –, o técnico já recebeu mais contactos de clubes ingleses, logo à cabeça o Chelsea na era de Todd Boehly (que chegou a ter conversas exploratórias com o técnico), mas recusou sempre qualquer interesse ou abordagem. Mais: essa forma como lida com a evolução da sua carreira de forma discreta, as ideias de jogo que foi conseguindo colocar e a identidade que conseguiu criar na equipa são alguns dos pontos a favor num possível interesse do Liverpool.