Mathieu van der Poel ganhou pela terceira vez a Volta a Flandres, igualando o recorde de vitórias no ‘Monumento’ belga após confirmar o estatuto de favorito com um ataque a mais de 40 quilómetros da meta.

As várias baixas provocadas pela queda grave ocorrida na quarta-feira na Através da Flandres deixaram o ciclista neerlandês da Alpecin-Deceuninck como destacado favorito ao triunfo no final dos 270,8 quilómetros entre Antuérpia e Oudenaarde e, hoje, o campeão mundial de fundo não dececionou, isolando-se a 45 quilómetros da meta, que cortou com o tempo de 06:05.17 horas

Van der Poel conquistou, assim, pela terceira vez a clássica belga — também ganhou em 2020 e 2022 -, igualando os ‘locais’ Achiel Buysse (1940, 1941, 1943), Eric Leman (1970, 1972, 1973), Johan Museeuw (1993, 1995, 1998) e Tom Boonen (2005, 2006, 2012), o italiano Fiorenzo Magni (1949-1951) e o suíço Fabian Cancellara (2010, 2013, 2014), recordistas de triunfos na prova.

O dia em que ‘MVDP’, de 29 anos, somou o quinto ‘Monumento’ do seu palmarés foi também aquele em que jovem português António Morgado (UAE Emirates) integrou pela primeira vez o ‘top 10’ numa das cinco mais emblemáticas clássicas do ciclismo, sendo quinto classificado, a 01.02 minutos do vencedor, e conseguindo o melhor resultado de sempre de um ciclista nacional na Volta a Flandres.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O luso de 20 anos, a fazer a sua estreia na prova flamenga e em ‘Monumentos’, chegou à meta no grupo que discutiu o pódio, com o italiano Luca Mozzato (Arkéa-B&B Hotels) a levar a melhor sobre Michael Matthews (Jayco AlUla) na luta pelo segundo lugar — o australiano haveria de ser desclassificado por sprint irregular, com o alemão Nils Politt (UAE Emirates) a ser promovido a terceiro.

Numa ‘Ronde’ com vencedor declarado, a fuga tardou em formar-se, não por falta de tentativas, como as do irrequieto Morgado, mas por excesso delas. Oito ‘anónimos’ conseguiram, finalmente, sair quando já estavam decorridos mais de 40 dos 270,8 quilómetros entre Antuérpia e Oudenaarde.

Bert Van Lerberghe (Soudal Quick-Step), Luke Durbridge e Elmar Reinders (Jayco AlUla), David Dekker (Arkéa-B&B Hotels), Damien Touzé (Decathlon AG2R La Mondiale), Stanislaw Aniolkowski (Cofidis), Lionel Taminiaux (Lotto Dstny) e Jelle Vermoote (Bingoal WB) construíram uma vantagem próxima dos quatro minutos, controlada desde o pelotão pelos homens da Alpecin-Deceuninck.

A mais de 100 quilómetros da meta, no entanto, começaram as ‘escaramuças’ entre os candidatos, com Matteo Jorgenson, promovido a líder da Visma-Lease a Bike após a vitória na Através da Flandres e da ‘baixa’ do azarado Wout van Aert, a abrir as hostilidades, e Mads Pedersen (Lidl-Trek) a seguir-se-lhe, em movimentações cujo objetivo era desgastar os companheiros do favorito-único Van der Poel.

Quando faltavam exatamente uma centena de quilómetros para o final, o dinamarquês da Lidl-Trek acelerou de forma brutal, selecionando ainda mais o grupo de candidatos, numa altura em que os fugitivos já só tinham um minuto de vantagem, e voltou a fazê-lo duas dezenas de quilómetros mais adiante, desta vez na companhia de Gianni Vermeersch (Alpecin-Deceuninck).

Os dois conseguiram mesmo isolar-se na frente da corrida, com cerca de 30 segundos de vantagem, mas, mal ‘MVDP’ acelerou no Kwaremont, a aventura do campeão mundial de fundo de 2019 acabou.

O vencedor estava ‘anunciado’ antes mesmo do arranque da Volta a Flandres e, sem competição à altura, Van der Poel confirmou que os prognósticos não foram exagerados: a 45 quilómetros, no Koppenberg, arrancou e não mais parou rumo à vitória.

Jorgenson ainda tentou acompanhar o neerlandês da Alpecin-Deceuninck, mas, apesar do fulgurante e inesperado salto de qualidade nas clássicas, o norte-americano, 31.º no final, percebeu hoje que ainda está a ‘anos-luz’ do camisola arco-íris, que está num mundo à parte na luta por ‘Monumentos’ — tem já cinco no currículo, os mesmos do esloveno Tadej Pogacar, pois também venceu o Paris-Roubaix e a Milão-San Remo no ano passado.

O triunfo de hoje torna ‘MVDP’ ainda mais favorito à revalidação do título em Roubaix, com a mais emblemática de todas as clássicas agendada para o próximo domingo.