Pelo menos nove pessoas morreram esta quarta-feira e 1011 ficaram feridas, enquanto 143 pessoas continuam presas nos escombros, no terramoto de 7,4 na escala de Richter em Taiwan, o maior dos últimos 25 anos junto àquela ilha. Foram entretanto retirados os vários alertas de tsunami quer em Taiwan, quer nos países vizinhos, como o Japão e as Filipinas.

Segundo o Corpo Nacional de Bombeiros de Taiwan, todas as mortes ocorreram na região de Hualien, a mais próxima do epicentro do sismo, ao largo do leste da ilha.

Três das vítimas morreram e mais de 40 ficaram feridas enquanto faziam uma caminhada no trilho Taroko Dekaron, no município de Xiulin. Duas outras pessoas morreram após os veículos que conduziam terem sido atingidos pela queda de pedras perto de um túnel rodoviário.

O presidente da autarquia de Taipé, Chiang Wanan, declarou o nível dois do centro de resposta a desastres na capital de Taiwan e pediu aos cidadãos que tenham cuidado e estejam atentos a possíveis novas réplicas.

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A Comissão de Segurança Nuclear de Taiwan avançou que as instalações nucleares da ilha não sofreram danos.

De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, o epicentro do sismo localizou-se cerca de 18 km ao sul da cidade de Hualien, em Taiwan, a 34,8 km de profundidade. O sismo ocorreu por volta das 9h00 (1h00 em Lisboa) e foi sentido também em algumas cidades japonesas e chinesas, como na província de Fujian, no sudeste da China.

As primeiras imagens de Taiwan mostram vários prédios destruídos, pontes derrubadas e estradas intransitáveis na cidade mais atingida, Hualien, com cerca de 100 mil habitantes, onde pelo menos dois edifícios residenciais desabaram parcialmente, deixando pessoas presas no interior, e também muitos deslizamentos de terra.

As autoridades de Taiwan disseram que 308.242 casas ficaram sem eletricidade, cerca de 87 mil pessoas, embora o fornecimento já tenha sido restabelecido em cerca de 70% das habitações.

A primeira indicação era de que o sismo tinha atingido os 7,7 na escala de Richter, a revisão depois foi feita para 7,5 e de seguida para 7,4. Mas já se registaram 101 réplicas depois do sismo principal, uma de 6,4, outra de 5,9 e várias outras superiores a 5, o que fez com que os edifícios não parassem de tremer e muitos acabassem por desmoronar.

Os vídeos do momento em que a terra treme também foram registados em vários vídeos nas redes sociais.

A agência meteorológica do Japão emitiu um alerta de tsunami para as ilhas de Okinawa, Miyakojima e Yaeyama, de acordo com a televisão pública japonesa NHK, naquele que foi o primeiro alerta de tsunami para esta zona japonesa nos últimos 26 anos: o último tinha acontecido em 98, depois de um terramoto de 7,7,  a 20 km da ilha Ishigaki. As Filipinas também emitiram um alerta de tsunami. Durante a madrugada todos estes alertas foram levantados.

No Japão, as autoridades tinham pedido a quase 500 mil pessoas vivem junto à costa nas ilhas de Okinawa, Miyakojima e Yaeyama, no sul do país, para abandonarem as habitações e procurarem refúgio em locais mais elevados “o mais depressa possível”, devido à possibilidade de formação de ondas com até três metros de altura por volta das 10h00 (2h00 em Lisboa).

O alerta de tsunami levou também à suspensão de todos os voos de e para o aeroporto de Naha, na ilha principal de Okinawa, enquanto os passageiros que se encontravam no aeroporto foram levados para os pisos superiores devido à proximidade da costa. A suspensão já foi, entretanto, retirada, mas vai demorar algum tempo até as operações aéreas retomarem.

“O terremoto aconteceu perto da terra e a pouca profundidade. Foi sentido em todo Taiwan e nas ilhas costeiras. É o mais forte em 25 anos”, disse Wu Chien Fu, diretor do Centro de Sismologia de Taiwan.

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Pequim e Japão oferecem apoio a Taiwan

A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, o Executivo da China, Zhu Fenglian, expressou “profunda preocupação” com o terramoto, ao mesmo tempo que ofereceu condolências e apoio às pessoas afetadas, segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Zhu reiterou o empenho da China na assistência humanitária e a sua disponibilidade para acompanhar de perto a situação, visando “prestar a ajuda necessária”.

Estas expressões de apoio são comuns na sequência de catástrofes naturais, apesar das relações tensas entre os dois lados do Estreito da Formosa.

A líder taiwanesa Tsai Ing-wen ofereceu as suas condolências e assistência a Pequim após o terramoto de 2023 na província chinesa de Gansu, que custou a vida a 151 pessoas.

O antigo líder taiwanês Ma Ying-jeou (2008-2016), responsável pela maior aproximação entre o continente chinês e Taiwan desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, que se encontra de visita à China continental, manifestou esta quarta-feira o seu desejo de que todos os afetados “estejam sãos e salvos”.

Também o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, na rede social X (antigo Twitter), já ofereceu “toda a ajuda necessária a Taiwan — os nossos vizinhos do outro lado do mar — em tempos difíceis”.

Kishida também expressou gratidão pelo “apoio recebido dos seus amigos em Taiwan” em terramotos anteriores — nomeadamente, o sismo de 9.0 na escala de Richter em 2011.

A ministra dos Negócios Estrangeiros de Taiwan já agradeceu a ajuda oferecida por “aliados e amigos”. Numa comunicação na rede social X, o MNE de Taiwan agradece “as orações em todo o mundo na sequência do sismo de 7.2 e das réplicas contínuas”.

A presidente da ilha, Tsai Ing-wen, também já escreveu na rede social X: “Estou muito grata pelas mensagens de apoio de todo o mundo, e aos nossos primeiros-socorros pelo seu trabalho que salva vidas”. Tsai Ing-wen deixa o apelo a que toda a gente se mantenha segura e em contacto com os seus entes próximos.

O último grande sismo na ilha aconteceu em setembro de 1999. Alcançou 7,6 atingiu Taiwan, e estima-se que fez cerca de 2.400 vítimas mortais.