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As lágrimas de Geny numa noite de chorar por mais em que Amorim voltou a reinar (a crónica do Sporting-Benfica)

Sporting a marcar primeiro, Benfica a reagir e a ser melhor em vários momentos, três golos. O dérbi que pode ter marcado o Campeonato foi igual a todos os outros com uma diferença: Geny Catamo (2-1).

Geny Catamo inaugurou o marcador no primeiro minuto e fez o 2-1 em período de descontos num dérbi para a história
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Geny Catamo inaugurou o marcador no primeiro minuto e fez o 2-1 em período de descontos num dérbi para a história

Carlos Rodrigues

Geny Catamo inaugurou o marcador no primeiro minuto e fez o 2-1 em período de descontos num dérbi para a história

Carlos Rodrigues

Um jogo muito importante, um dérbi fulcral, um encontro com peso, um duelo relevante. Havia quase uma tendência inconsciente da parte de Sporting e Benfica para fugir ao que estava verdadeiramente em causa no reencontro em Alvalade de ambas as equipas depois de mais um empate a contar para a Taça de Portugal que beneficiou os leões. Porquê? Talvez pela ideia inata de que não falar pode fazer com que não seja bem assim. Mas era. Nova igualdade poderia deixar tudo como era mas sem essa possibilidade de haver mais confrontos diretos. Um triunfo dos encarnados colocaria o Campeonato completamente ao rubro, sendo que a partir daí os leões não tinham outra alternativa que não fosse ganhar todos os últimos sete encontros até ao final para dependerem apenas de si. Já uma vitória da formação verde e branca seria quase um xeque na decisão. Por estas e outras razões, o que estava em causa era um duelo decisivo. Decisivo e com respostas para dar.

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Do lado do Sporting, Rúben Amorim não teve problemas em assumir que esperava mais da equipa na partida da Taça de Portugal na Luz. Antes do reencontro, o técnico fez questão de destacar que os jogadores deram o que tinham e o que não tinham pela passagem à final da prova, mas admitiu uma série de lacunas que queria agora corrigir, nomeadamente a falta de capacidade de controlar os momentos do jogo em posse e a falta de bola que colocou a equipa numa situação onde não se sente confortável. “De uma forma geral, precisamos melhorar a agressividade no bom sentido, a velocidade com que encaramos todas as situações, pequenos pormenores que entram no jogo. O bom é que essa partida da Taça acabou e podemos refazer a história neste”, destacou o treinador verde e branco, numa conferência onde se falou muito sobre a possível saída.

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“Uma vitória é um passo importante para o título, é sempre importante vencer agora para ficarmos com uma vantagem de quatro pontos e mais um jogo ainda por disputar. Se assinava antes do início o empate? Não, temos de vencer o jogo. Antes do jogo claramente não assinava um empate. Com o decorrer do jogo veremos qual será o melhor resultado. Espero que sejamos melhores independentemente do que o Benfica fizer e há certas situações que vamos melhorar de certeza absoluta. Espero um encontro muito dividido mas espero que tenhamos uma melhor entrada e que sejamos melhores em todas as fases do jogo. Temos de jogar ao nosso nível. Não peço nada de especial aos jogadores mas ao nível que habituaram os nossos adeptos”, salientara, sempre com a ideia de que o jogo foi preparado à luz da própria equipa e não do adversário.

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Da parte do Benfica, com Roger Schmidt a falar num “jogo crucial” mas a dividir a pressão de igual forma pelas duas equipas apesar de reconhecer que os leões tinham uma situação ligeiramente melhor pelo lugar que ocupam, o dérbi em Alvalade era sobretudo um palco para dar a volta a alguns pontos que, como se viu na primeira parte do encontro da Taça de Portugal na Luz, podiam ser contrariados. Exemplos? A maneira como os encarnados têm começado pior os dérbis, o que não aconteceu na terça-feira, ou a capacidade de os encarnados poderem comandar os momentos do jogo, como se viu na terça-feira. Os campeões tinham no quarto dérbi da época uma prova de vida, de força e de resistência. E a confiança era a prova disso.

“São sempre jogos difíceis. Agora é o mesmo, num estádio diferente. O ambiente é diferente. As equipas mostraram que estão bem. Fizemos um bom jogo e estamos num bom momento de forma mental, física e tática. É um jogo diferente, começa do zero. Sabemos da situação na Liga e seria muito bom ganhar este jogo. É uma corrida em aberto até ao último jogo. A luta pelo título é muito exigente e penso que é um jogo crucial. Temos de nos focar em fazer um jogo de topo. Se o Sporting ganhar é mais difícil para nós sermos campeões, um empate também não torna as coisas fáceis. Se ganharmos, claro que é uma situação diferente. Mas penso que é decisivo para ambos. No momento, eles têm mais pontos. A situação deles é um pouco melhor. Pressão, temos sempre. Precisamos de ganhar e temos de ver mais como uma oportunidade do que como uma situação de pressão”, tinha salientado na antevisão do encontro o técnico germânico.

“É um dérbi decisivo para ambos mas eles têm uma situação melhor”: Roger Schmidt quer Benfica a transformar pressão numa “oportunidade”

Houve algumas nuances mas as três certezas de todos os últimos cinco dérbis entre Amorim e Schmidt foram mais uma vez confirmadas: 1) o Sporting marcou primeiro; 2) o jogo teve três golos; 3) podia dar empate ou vitória pela margem mínima. O Benfica teve mais momentos por cima do jogo do que nos outros encontros em Alvalade, houve duas bolas na trave de ambas as equipas que podiam ter mudado a história do dérbi mas acabou da forma mais inesperada possível com um herói improvável chamado Geny Catamo que escreveu a letras de ouro e entre lágrimas o seu nome na história dos grandes duelos entre rivais lisboetas. Não havendo uma decisão concreta sobre o Campeonato, os leões deram um passo importante para o título, até tendo em conta que, em caso de triunfo no jogo em atraso em Famalicão, podem ficar com sete pontos de avanço com seis jornadas por jogar. E, mais uma vez, mérito a Amorim. Por ter “criado” o ala moçambicano, pela dinâmica que criou na equipa e pela forma como não se queixa de problemas e cria as soluções.

Ficha de jogo

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Sporting-Benfica, 2-1

28.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Sporting: Franco Israel; St. Juste, Coates, Gonçalo Inácio (Diomande, 72′); Geny Catamo, Hjulmand (Koba Koindredi, 80′), Morita (Daniel Bragança, 54′), Matheus Reis; Francisco Trincão (Paulinho, 80′), Pedro Gonçalves (Marcus Edwards, 72′) e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Diogo Pinto, Eduardo Quaresma, Ricardo Esgaio e Nuno Santos

Treinador: Rúben Amorim

Benfica: Trubin; Alexander Bah, António Silva, Otamendi, Aursnes; Florentino Luís, João Neves; Di María, Rafa (Marcos Leonardo, 90+3′), David Neres (Kökçü, 90+3′) e Tengstedt (Arthur Cabral, 71′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Álvaro Carreras, Morato, Tomás Araújo, João Mário e Tiago Gouveia

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Geny Catamo (1′ e 90+1′) e Bah (45+3′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Geny Catamo (4′), Otamendi (27′), Hjulmand (27′), David Neres (39′), Bah (45+1′), Tengstedt (74′, no banco), Aursnes (85′ e 90+8′) Nuno Santos (90+1′, no banco), Paulinho (90+6′) e António Silva (90+9′); cartão vermelho por acumulação a Aursnes (90+8′)

Sentia-se em Alvalade um sentimento de euforia. Euforia, quase euforia, a caminho da euforia. Aquilo que se pode viver nas bancadas é uma coisa, aquilo que os jogadores fazem ou não é outra. Ainda assim, tudo acaba por ter sempre a sua ligação mas o que ninguém poderia adivinhar era que seria a equipa do Sporting a ter o condão de puxar ainda mais pelas bancadas com o primeiro golo logo aos 46 segundos. Pedro Gonçalves, que regressava de lesão sem que se soubesse como estaria em termos físicos, teve uma jogada fantástica pela esquerda, passou por Bah sem pedir licença, desequilibrou Florentino Luís com uma finta de corpo e cruzou para o desvio de Trubin e o remate ao segundo poste de Geny Catamo. Entre as cinco caras novas de Amorim em relação ao jogo da Taça, dois já tinham feito a diferença contra o onze repetido por Schmidt. Os minutos seguintes tiveram um esboço de reação com dois cantos à mistura mas não mais do que isso.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-Benfica em vídeo]

O primeiro remate do Benfica surgiria já depois dos dez minutos, com Di María, a jogar mais descaído sobre a esquerda com David Neres à direita para tirar referências de marcação aos leões, a assistir Rafa em posição central para o remate forte mas por cima (11′). Pelo golo inicial, circunstâncias do jogo ou estratégia, eram os encarnados que tinham mais bola e jogavam mais tempo no meio-campo contrário (sempre à procura da mobilidade das unidades ofensivas) contra um Sporting que construía a partir de trás e que, perante zonas de pressão mais altas, procuravam a a largura com Geny Catamo ou a profundidade com Gyökeres. Ainda assim, Rúben Amorim estava mais agitado no banco, como se viu numa perda de bola de Morita à saída do primeiro terço, mesmo com a oportunidade seguinte a pertencer aos leões, com Coates a jogar longo em Gyökeres, o sueco a rodar sobre António Silva e Otamendi a conseguir interferir no desvio final de Trincão (25′).

Di María teve depois a segunda e a terceira tentativa do Benfica, uma muito por cima e outra muito ao lado após desvio de Pedro Gonçalves, e foi nesse momento que surgiu um dos primeiros casos do encontro e que acabou por incendiar o resto do dérbi até ao intervalo, com o argentino a “pegar-se” com Pedro Gonçalves e a atingir o português na cara com protestos por um cartão vermelho que ficou por um aviso também depois da comunicação com o VAR. Os encarnados voltavam a estar por cima do encontro ainda que sem a criação de uma oportunidade flagrante e a demorarem a ter uma bola parada que terminasse em remate na área, neste caso na sequência de dois ressaltos e para defesa de Franco Israel (38′). O descanso estava a chegar mas os descontos traziam história para contar: num lance de bola parada bem trabalhado, Coates surgiu sozinho mas falhou o remate (45+1′); num lance de bola parada bem explorado, Di María marcou largo um livre lateral na esquerda do ataque ao segundo poste e Bah surgiu sozinho a desviar para o 1-1 (45+3′).

Tudo aquilo que os treinadores poderiam ter pensado para abordar ao intervalo caía por terra perante uma igualdade no último lance da primeira parte. Rúben Amorim, que teria como principal missão corrigir alguns posicionamentos sobretudo nas zonas entre a linha de três defesas e os médios, teria de promover uma ideia de quem não tem essa almofada da vantagem. Roger Schmidt, que teria como principal missão encontrar outras formas de visar a baliza leonina mesmo tendo mais bola e jogando mais no meio-campo contrário, teria de promover uma ideia de quem não tem de correr atrás do resultado mas queria potenciar esse ascendente emocional. Entre ambos, a segunda parte começou de forma mais descaracterizada, com o Benfica a ganhar dois cantos de rajada e Gyökeres a deixar um sinal inicial de perigo de cabeça.

Em algumas trocas de bola sobretudo mas nas zonas laterais, o Sporting mostrava ao que vinha: mesmo em situações em que um passe diagonal ou de rutura poderia criar desequilíbrios, os leões iam conservando a posse quase a restituir confiança e a voltar mais ao seu ADN. Foi assim que surgiu a primeira oportunidade flagrante do segundo tempo, com Gyökeres a surgir mais descaído sobre a direita a disparar um autêntico míssil que bateu com estrondo na trave (52′). Amorim foi o primeiro a mexer com a saída de um apagado Morita, que claramente está longe dos 100%, para a entrada de Daniel Bragança e a equipa ganhava maior capacidade de jogar por dentro mas seria do Benfica o grande momento seguinte na partida, com uma boa transição rápida após um passe errado de Gonçalo Inácio, Di María a lançar bem David Neres descaído na direita e o brasileiro a tirar Israel da jogada antes do desvio cortado por Coates perto da linha (65′).

Os sinais de desgaste em alguns jogadores começavam a ser notórios, pelo menos em alguns. Em Fredrik Aursnes, nem sombra isso. E já depois de ter conseguido controlar uma situação de 1×1 com Gyökeres, o médio que é ala, lateral e o que mais for necessário arrancou pela esquerda, fletiu para o meio, sofreu uma falta clara de Hjulmand e o banco dos encarnados ficou a pedir também segundo cartão para o dinamarquês (73′). Arthur Cabral, Marcus Edwards e Diomande também já estavam em campo, Paulinho e Koba estavam a caminho mas as mexidas tardavam em contrariar o decréscimo de qualidade com o passar dos minutos, que ia sendo contrariado por rasgos individuais ou bolas paradas como um de Di María para defesa espectacular de Israel que fez a bola tocar ainda na trave (80′) e um canto em que Daniel Bragança não conseguiu desviar para golo a um metro da baliza com muitas queixas de penálti (89′). Na sequência de mais um canto, o golo decisivo: Geny Catamo ficou ao segundo poste, recuperou a bola e atirou um míssil ao ângulo (90+1′).

 
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