“Quando o objetivo te parecer difícil, não mudes de objetivo. Procura um novo caminho para chegar a ele”

Foi num pequeno cartão retangular branco que Diego Simeone deixou uma mensagem de Bom Natal a todos os jogadores e adeptos do Atl. Madrid em 2021. Antes e depois, a frase continua atual quando se fala do clube rojiblanco e da ligação à Liga dos Campeões. Desde que assumiu o comando da equipa pode onde passou na altura de jogador, há mais de uma década, o argentino já foi duas vezes campeão, já ganhou Supertaças de Espanha e Europeias e já conquistou Taças mas continua a ver adiado o sonho de chegar à principal prova da UEFA apesar das duas finais perdidas diante do Real em 2013 e 2015. Agora tinha nova oportunidade, que foi “reforçada” com a passagem dos principais candidatos para o outro lado do quadro de cruzamentos. Mais uma vez, os colchoneros procuravam o tal caminho diferente para chegar ao objetivo de sempre.

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A lutar de forma direta por uma das vagas de acesso direto à próxima Liga dos Campeões com Girona e Athl. Bilbau, o Atl. Madrid já mostrou na presente temporada que é capaz do melhor e do pior. Aliás, esse é o seu maior problema – quando vai para um jogo pode mostrar a melhor versão, como aconteceu na recuperação da eliminatória dos oitavos da Champions frente ao Inter e na derrota quatro dias depois no Metropolitano com o Barcelona. Até o último triunfo com o Villarreal revelou essas duas faces, numa irregularidade que era neste caso extensível ao B. Dortmund, que após ganhar em Munique frente ao Bayern perdeu com o Estugarda. Era por isso que em Espanha se falava de um grande “rival” chamado falta de confiança…

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Diego Simeone recusava a ideia. “Não, o principal e mais difícil adversário que teremos pela frente agora é o B. Dortmund, que tem muitíssimas coisas boas. Fora de casa têm estado muito bem nos últimos quatro meses, não perderam sequer um jogo. Têm uma transição rápida muito forte, muito boa. De todas as oito equipas que estão nos oitavos da Champions é a equipa com maior intensidade. Temos de levar o jogo para o que mais nos convém para provocarmos mossa. A intensidade pode ser vista desde o jogo com bola à forma como se lê situações para resolvê-las. É por isso que precisamos de fazer um encontro em grande, precisamos dos nossos adeptos, precisamos de muita coisa”, apontara no lançamento da partida.

Melhor interpretação das palavras pelos jogadores era impossível. O facto de o B. Dortmund ter mostrado receio nas primeiras posses também ajudou a que o Atl. Madrid fosse mais para cima mas a forma como os espanhóis conseguiram “abafar” por completo o adversário foi um K.O. completo logo no primeiro assalto e com direito a golo a abrir: Kobel quis sair a jogar onde ninguém devia arriscar à frente da área, a zona de pressão alta dos colchoneros tirou todas as linhas de passe, Maatsen não afastou a bola e Rodrigo de Paul só teve de desviar isolado para o 1-0 (5′). O Metropolitano entrava em delírio, Simeone pedia calma, a postura da equipa mantinha-se e Witsel, num pontapé acrobático na área, deixou outro aviso (9′).

Depois, o ritmo abrandou mas o Atl. Madrid já tinha deixado o jogo na sua zona de conforto, podendo baixar um pouco mais as linhas e dar a iniciativa ao B. Dortmund para depois explorar saídas rápidas e bolas nas costas da defesa contrária. A isso juntou-se ainda uma noite para esquecer da defesa contrária, que até nas coisas mais simples como a comunicação entre jogadores conseguia falhar. Os espanhóis aproveitavam: na sequência de um lançamento lateral de Marcos Llorente que não foi aliviado, Morata deu em Griezmann, o francês assistiu para a entrada pela esquerda de Samuel Lino e o antigo avançado do Gil Vicente, que depois de sair de Barcelos rodou em Valencia, esqueceu a tristeza de ter visto o amarelo que o afasta da segunda mão e aumentou para 2-0 (32′). Maatsen, num remate de meia distância, ainda tentou reduzir antes do intervalo mas Oblak defendeu de forma atenta e segurou a vantagem de dois golos até ao intervalo.

O Atl. Madrid tinha o jogo na mão e mostrava como conseguia ser a tal equipa de ferro que alcançou alguns dos melhores resultados da história do clube. E foi assim que começou a segunda parte, com menos motivos de interesse mas com os germânicos a enfrentarem grandes dificuldades para reentrarem na partida tendo ainda mais um susto de Molina (53′) e um livre lateral na esquerda de Griezmann com desvio de Samuel Lino ao segundo poste para grande defesa de Kobel (74′). Depois, tudo mudou: Haller aproveitou uma rara linha defensiva mal definida pelos visitados para reduzir (81′), Bynoe-Gittens teve uma bola ainda desviada em Azpilicueta que bateu na trave (87′) e Brandt desviou de cabeça no último minuto dos descontos também à trave (90+6′). Aquilo que parecia decidido estava de novo em aberto para a segunda mão.