Dentro dos Jogos Olímpicos há várias modalidades, dentro das várias modalidades há várias disciplinas, nas várias disciplinas há competitividades diferentes pelas medalhas. Em algumas, está tudo em aberto e o pódio pode tocar a um sem número de candidatos. Noutras, existe um lote de cinco a oito atletas que dividem entre si as medalhas e os diplomas. Noutras ainda, num menor número, existe uma espécie de pré-anúncio no que toca ao ouro e todos os outros lutam pelo que “sobra”. Foi isso que aconteceu em Tóquio-2020 no triplo salto feminino. É isso que não vai acontecer em Paris-2024. E a competição perde uma das suas figuras.

Nos últimos cinco anos, a disciplina resumiu-se a uma história entre Yulimar Rojas e todas as outras atletas. A venezuelana de 28 anos, há muito radicada em Madrid para trabalhar com o também ex-campeão Iván Pedroso, ganhou tudo o que havia para ganhar desde 2019 nas grandes provas internacionais, confirmando na prática todo o potencial que sempre a colocou como a maior referência de todos os tempos no triplo salto. Bom exemplo disso foram os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde começou a final com uma marca que mais nenhuma atleta iria conseguir sequer aproximar-se (15,41) e fechou a bater o recorde mundial (15,67).

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Paris não seria diferente. A não ser que surgisse algum tipo de imponderável como uma lesão ou algo que interferisse com os resultados “normais”, Yulimar Rojas iria revalidar o título olímpico. No entanto, o azar bateu-lhe à porta: a venezuelana lesionou-se com gravidade durante um treino no tendão de Aquiles, teve de ser operada e não estará pronta para ser opção nos Jogos: “Sinto-me muito afetada emocionalmente por não poder representá-los. O desejo de defender o meu título olímpico entusiasmava-me muitíssimo. Mas hoje vou ter parar, entender isto, recuperar-me e voltar com muita força para continuar a voar convosco”.

Sem a atleta que ganhou desde 2019 os Jogos Olímpicos, os Mundiais ao Ar Livre e em Pista Coberta e os Pan-Americanos e das Caraíbas, o triplo salto feminino ganha outra abertura a nível de candidatas ao pódio, com a última grande competição, realizada este ano com os Mundiais em Pista Coberta em Glasgow, a mostrar isso mesmo entre as medalhas de Thea Lafond (que passou a fasquia dos 15 metros, 15,01), Leyanis Pérez e Ana Peleteiro, espanhola que regressou após ter sido mãe e que foi bronze em Tóquio-2020.

A Covid-19, o ouro nos Europeus em risco e a barreira dos 15 metros: o ano que fez da maior Patrícia uma gigante na história nacional

A grande dúvida a partir de agora passa por saber também em que condição estará Patrícia Mamona, outra das habituais candidatas às medalhas nas grandes competições e que foi prata na última edição dos Jogos Olímpicos com o recorde pessoal e nacional de 15,01, passando pela primeira vez na carreira a marca dos 15 metros. A portuguesa de 35 anos teve uma época de “recuperação” depois de Tóquio, com um sexto lugar nos Mundiais em Pista Coberta, um oitavo posto nos Mundiais ao Ar Livre e uma quinta posição nos Europeus ao Ar Livre, voltando às medalhas nos Europeus em Pista Coberta no ano passado com um bronze. Problema? A partir daí, fruto de uma lesão com recuperação demorada, a atleta não voltou a competir, tendo uma paragem de cerca de um ano com problemas que começaram num joelho, depois passaram para outro e que levaram a que procurasse um especialista na Alemanha para tentar debelar de vez os problemas.