O antigo chefe de Estado português Ramalho Eanes defendeu este domingo que “faz inteiramente sentido” que o 25 de Novembro de 1975 seja celebrado, “mas [que a] data fundadora da democracia” é o 25 de Abril”, sublinhou, em entrevista à SIC.

“É o 25 de Abril que assume perante o povo português o compromisso de honra de lhe devolver a soberania e a liberdade, de fazer com que os portugueses façam aquilo que entendem para viver o seu presente e desenhar o seu futuro”, assinalou. “Houve, como toda a gente sabe, sobretudo os mais velhos, aquela perturbação terrível a que chamaram PREC e houve, obviamente, ameaças significativas à intenção original do 25 de Abril, que era a intenção democrática. O 25 de Novembro reassumiu esse compromisso original”.

Rosto do 25 de Novembro, o movimento político e militar que concluiu o conturbado processo revolucionário em curso e devolveu estabilidade à jovem democracia portuguesa, Ramalho Eanes diz que “faz sentido” celebrar a data, tal como o 25 de Abril de 1974, e entende que quem quer separar as duas datas está “a cometer um erro histórico”.

“Os erros históricos nunca são convenientes, porque a história, quando é apresentada na sua totalidade, permite-nos que a ela voltemos, para nela aprender e evitar cometer erros que foram cometidos no passado”, disse o primeiro Presidente da República eleito em democracia.

Fazendo um balanço dos 50 anos da Revolução, Ramalho Eanes, que venceu as primeiras presidenciais por sufrágio direto e universal, em junho de 1976, destacou as mudanças positivas, sobretudo, nas áreas da Saúde e Educação, lembrando que em 1974 havia “uma miséria pungente” que foi atenuada, mas que ainda não desapareceu.

Em entrevista à SIC no espaço de comentário de Luís Marques Mendes, Ramalho Eanes terminou com um apelo: “É muito importante que se debrucem sobre o 25 de Abril, que façam uma reflexão sobre aquilo que se conseguiu. Mas acho que é mais importante ainda que façam uma reflexão sobre aquilo que querem que venha a ser o país. Uma reflexão que permita ver o que é necessário para que tenhamos um presente melhor, de maior inclusão e um futuro que corresponda ao desejo dos portugueses.”

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