Durante 128 anos de história, ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos não trazia um encaixe financeiro imediato. Trazia dinheiro, claro: entre as Federações de cada país, as organizações desportivas nacionais e os patrocinadores. Mas, até aqui, não existiam retribuições financeiras imediatas para a conquista de uma medalha de ouro. Algo que vai mudar já este ano, em Paris, no atletismo.

Esta quarta-feira, a World Athletics anunciou que vai reservar 2,2 milhões de euros do próprio orçamento para distribuir pelos vencedores das 48 provas de atletismo dos Jogos Olímpicos. Ou seja, feitas as contas, cada campeão olímpico vai receber cerca de 46 mil euros, com esse mesmo valor a ser dividido pelos vários atletas no caso das estafetas.

“A introdução de um prémio monetário para os medalhados de ouro dos Jogos Olímpicos é um momento crucial para a World Athletics e para o atletismo como um todo, sublinhando o nosso compromisso com a missão de empoderar os atletas e reconhecer o papel importante que têm no sucesso de quaisquer Jogos Olímpicos. Isto é a continuação de uma jornada que começámos em 2015 e que passou por reinvestir todo o dinheiro que recebemos do Comité Olímpico Internacional diretamente nas nossas modalidades”, pode ler-se no comunicado de Sebastian Coe, o presidente do organismo que regula o atletismo mundial.

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Na mesma nota, Sebastian Coe revela que o objetivo é alargar os prémios monetários aos vencedores das medalhas de prata e bronze já em 2028, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. “Ainda que seja impossível colocar um valor comercial numa medalha olímpica ou no compromisso e foco necessários para representar um país nos Jogos Olímpicos, acho que é importante começar em algum sítio e garantir que algumas receitas geradas pelos nossos atletas nos Jogos são diretamente devolvidas àqueles que tornam os Jogos no espetáculo global que eles são”, acrescenta.

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O Comité Olímpico Internacional ainda não comentou a decisão da World Athletics e nenhum outro organismo tomou uma posição, sendo pouco provável que qualquer outra modalidade siga o exemplo do atletismo, até pela menor capacidade financeira. Em resposta ao jornal The Guardian, Sebastian Coe confirmou que ainda não falou sobre o assunto com Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional, mas mostrou-se otimista.

“Espero que abracem a ideia. O mundo mudou e é muito importante que consigamos dar dinheiro aos atletas quando podemos. Não acho que vá contra o espírito olímpico. Se eu achasse que os atletas só estão a competir por motivos financeiros, poderia ter uma visão diferente. Mas o mundo mudou e isto é apenas o reconhecimento de que podemos ter uma retribuição nas nossas 48 modalidades. E quero aumentar essa retribuição à medida que o desporto também for crescendo”, indicou.