Poucas horas depois de um email que a apanhou de surpresa, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, fez saber esta quarta-feira ter aceitado a demissão de Fernando Araújo, diretor executivo do SNS e respetiva equipa. Na nota oficial, a titular da pasta da Saúde agradece o serviço prestado, refere a situação muito difícil que a Saúde atravessa e remete para mais tarde esclarecimentos sobre a nova vida da Direção Executiva, que passará a ter a missão de realizar “efetivas reformas” e “remediar pesada herança”.

“A Senhora Ministra da Saúde recebeu ontem [terça-feira], ao final do dia, uma comunicação eletrónica do Dr. Fernando Araújo, Diretor-Executivo do SNS, transmitindo a sua decisão individual de pedir a demissão do respetivo cargo”, refere a nota, confirmando que, tal como Observador revelou esta quarta-feira, ficou a saber da intenção de Fernando Araújo ao mesmo tempo que os jornais. Isto, porque na mesma altura foi encaminhado o email, era enviada uma nota pela Direção Executiva do SNS para as diversas redações com o mesmo conteúdo.

Ministra da Saúde soube da demissão de Fernando Araújo ao mesmo tempo que os jornais

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Segundo o Ministério da Saúde informa agora, Ana Paula Martins respondeu entretanto “ao Dr. Fernando Araújo, agradecendo a comunicação e serviço prestado, e transmitindo a aceitação daquele pedido, que foi apresentado de modo voluntário e espontâneo”. Ou seja, confirma assim que não partiu da tutela o afastamento da equipa liderada por Araújo.

“Considerando o pedido prévio da tutela para que a Direção Executiva apresente um relatório da sua atividade e ponto de situação, foi aceite que a cessação do mandato se efetive com a entrega desse relatório no prazo de cerca de 60 dias”, refere a tutela, aceitando o que tinha sido proposto por Fernando Araújo, que disse fazer questão de apresentar todos os dados solicitados antes da sua saída.

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“O Governo está totalmente empenhado na sua missão de assegurar cuidados de saúde para todos e salvar o SNS, começando, no curto prazo, pela apresentação de um Programa de Emergência“, explica a tutela no comunicado desta quarta-feira, deixando críticas ao trabalho feito até então: “Infelizmente, a realidade tem revelado, a cada dia, uma situação muito difícil no acesso a esses cuidados e problemas sérios na organização e na gestão dos recursos humanos e financeiros do SNS.”

A terminar é referido que “no devido tempo” será conhecida a solução para a Direção Executiva “que terá a missão de realizar efetivas reformas, incluindo na gestão operacional e prestação de cuidados, que são inadiáveis para virar a página em defesa do SNS, e finalmente remediar a pesada herança que tanto prejudica o acesso, em tempo e qualidade, à saúde, em especial pelas pessoas mais vulneráveis”.

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