O candidato do MPT — Partido da Terra às eleições da Madeira considerou nesta terça-feira “uma vergonha” os salários dos bombeiros voluntários, que são “um euro e pouco acima do ordenado mínimo” de 850 euros, enquanto os sapadores recebem 1.300 euros.

Quando falamos dos estatutos dos bombeiros voluntários é igualar o estatuto, neste caso, aos bombeiros sapadores, que o MPT já conseguiu fazer na Câmara Municipal do Funchal”, afirmou Válter Rodrigues, em declarações à agência Lusa, após uma visita aos bombeiros voluntários no quartel de Campo da Barca, no Funchal.

Neste terceiro dia de campanha às eleições antecipadas da Madeira de 26 de maio, o cabeça de lista do MPT disse que os ordenados e as reformas são motivo de luta dos trabalhadores da região, incluindo dos bombeiros voluntários, e defendeu que é preciso garantir qualidade de vida, mas, “neste momento, não se está a garantir nada”.

“Os ordenados deles [bombeiros voluntários] são um euro e pouco acima do ordenado mínimo [850 euros], isto aqui é uma vergonha, enquanto um sapador começa com 1.300 euros”, expôs, considerando que é preciso valorizar estes profissionais também por “respeito pelas famílias”.

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Válter Rodrigues disse que, além de melhores remunerações, é importante assegurar um contrato coletivo de trabalho, com “uma base onde eles possam saber quando é que se podem reformar, serem qualificados”, ressalvando que “sem isso também não há qualidade de vida”.

Segundo o candidato do MPT, a Madeira tem um total de cerca de 130 bombeiros, dos quais 80 voluntários e 43 profissionais, sendo o quartel de Campo da Barca, no Funchal, “o maior” da região.

“Não podemos estar só a olhar para os quartéis e tudo isso, mas temos sim de olhar para a qualidade de vida, para já, das pessoas”, reforçou, adiantando que as instalações dos bombeiros estão a ser remodeladas, “mas neste momento está a faltar o principal, que é o tal ordenado que faça face às despesas de hoje em dia”.

Se o MPT for eleito na assembleia regional nas legislativas antecipadas de 26 de maio, pretende expor como exemplo a situação de que “um bombeiro sapador ganha mais em início de carreira do que um PSP — Polícia de Segurança Pública”.

Além do contacto com os bombeiros voluntários, Válter Rodrigues esteve nesta terça-feira com os trabalhadores da Rodoeste, “que são funcionários de transportes públicos que têm uma diferença de remunerações enorme e também de reformas” em comparação com as outras empresas do setor na região.

O candidato do MPT referiu que existem três empresas que fazem serviço público de transporte, defendendo “uma carreira profissional que abranja os funcionários todos dos transportes públicos” para resolver a questão dos ordenados, que “são muito baixos”, e para garantir “reformas aos 60 anos”.

As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do governo regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.

O PSD sempre governou no arquipélago e venceu com maioria absoluta 11 eleições entre 1976 e 2015.