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Os líderes do Bloco de Esquerda e do PCP acusaram esta sexta-feira o Governo de não estar a cumprir as promessas eleitorais que fez aos vários setores da função pública, considerando necessário valorizar carreiras e aumentar salários.

Em declarações aos jornalistas no decorrer de uma manifestação de trabalhadores da função pública, convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, em Lisboa, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, considerou existir um “certo sentimento de desilusão no país” com as promessas eleitorais do PSD.

“O PSD fez uma campanha e, ao longo dos últimos anos, falou muito sobre as carreiras das forças de segurança, da função pública, e há uma enorme desilusão face àquilo que entregou, depois de ter dito tudo o que disse, e ter dito que iria valorizar estas carreiras, aumentar os salários”, criticou.

A líder do Bloco defendeu que, da parte do Governo, não houve “nenhum compromisso nem com carreiras, nem com o salário mínimo, nem com o salário médio”.

O Governo “fala muito sobre as forças de segurança, não resolveu o subsídio de risco das forças de segurança, não resolveu a questão dos oficiais de justiça. Vão-se arrastando problemas sem nenhuma solução à vista”, criticou ainda.

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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, também defendeu que a campanha eleitoral acabou há pouco mais de um mês “e houve compromissos que foram assumidos, aos quais é preciso responder”.

“É preciso não encontrar agora as justificações para não cumprir aquilo que foi prometido a vários setores de trabalhadores”, sustentou, insistindo que “é preciso valorizar carreiras, é preciso aumentar os salários, e acabar de uma vez por todas com a injustiça que lavra todos os dias na sociedade”.

“Nós estamos perante um Governo que, infelizmente acompanhado pela IL e pelo Chega, e em conivência com o PS, tem um programa e um projeto que têm em conta tudo menos valorizar estes trabalhadores e as suas carreiras, e até diria que o grande objetivo é desmantelar os serviços públicos”, criticou.

Nestas declarações aos jornalistas, os dois líderes foram também questionados sobre a demissão da presidente do Instituto de Segurança Social (ASS), Ana Vasques, com Mariana Mortágua a considerar legítimo que o Governo queira ter pessoas da sua confiança em na liderança de várias instituições, mas criticando-o por estar a “humilhar em praça pública” quem exerceu cargos públicos.

Presidente do Instituto da Segurança Social demitiu-se por entender que governo demonstrou falta de confiança

“Acho que o Governo faria melhor se admitisse ao país que está a fazer nomeações políticas, e que admitisse que isso é normal, e não acuse as pessoas e os serviços públicos de incompetência”, disse.

Já Paulo Raimundo considerou que estas exonerações e demissões se inscrevem numa vontade do Governo de “implementar o seu programa o mais depressa possível” e “aproveitar todos os espaços que tem para implementar esse programa”.

“Para isso, precisa de encaixar nessas frentes as suas peças para poder implementar o seu programa”, afirmou.

Sobre as declarações do presidente do parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, que considerou esta sexta-feira que um deputado pode dizer no parlamento que uma etnia é “mais preguiçosa ou burra” do que outra, Mariana Mortágua afirmou que são “graves”.

“O presidente da Assembleia da República acabou de validar a ideia de que é possível a um deputado, qualquer pessoa, diminuir outra nacionalidade ou grupo de pessoas atribuindo-lhes características que são ofensivas. Não é nestes valores que é fundada a nossa Constituição”, disse.

Paulo Raimundo salientou que cada deputado “jurou cumprir e fazer a cumprir a Constituição, e há coisas que passam as linhas vermelhas daquilo que é a Constituição da República”.

A liberdade de opinião é um valor em si mesmo. Não pode ser questionado, mas também não pode ser desligado de um conjunto de outras matérias que estão na Constituição da República“, disse.