A candidatura do Livre às eleições antecipadas de domingo na Madeira acusou esta terça-feira o Governo Regional de não saber gerir o aumento progressivo do número de turistas e avisou que a qualidade do destino está em risco.

“Neste exato momento, existem provas claras que demonstram que este Governo Regional e os partidos que o sustentam [PSD/CDS-PP/PAN] não sabem gerir o aumento dos visitantes e é preocupante porque a qualidade do destino turístico Madeira está em risco”, afirmou a cabeça de lista do Livre, Marta Sofia, advertindo que “as más experiências dos turistas já começam a fazer eco por esse mundo além”.

Em declarações à agência Lusa junto à Assembleia Legislativa, no Funchal, a candidata explicou que o Livre dedicou o dia de campanha à problemática do ecoturismo e alertou para a “massificação caótica” do turismo no arquipélago, o congestionamento ao nível do trânsito em algumas estradas nas serras, nomeadamente nos acessos ao Pico do Areeiro e ao Pico Ruivo, sublinhando que o problema já não é pontual, mas “crónico”.

“Temos propostas que temos vindo a apresentar junto das populações que vão além da limitação de carga humana [nos pontos de maior procura], mas também passam pelo aumento do transporte público na região, direcionado não só para as necessidades dos locais, mas também adaptado a esta grande procura de turistas”, disse.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Outra proposta visa a criação de um sistema de monitorização e fiscalização dos percursos recomendados.

“Acreditamos nesta visão do ecoturismo”, afirmou a candidata, salientando que é “uma forma responsável que respeita o património natural e cultural dos locais e que contribui para a sua conservação, ao mesmo tempo que garante também uma oferta diferenciada no setor do turismo.”

Marta Sofia, que tem 40 anos e não é filiada no Livre, insistiu que existem estudos que comprovam que o modelo massificado de turismo está a diminuir e, por outro lado, manifestou-se confusa face à posição do PAN, enquanto partido político assumido 100% pela natureza.

“Como é que sustenta toda esta visão turística”, questionou.

O Livre estreou-se nas eleições legislativas regionais em setembro de 2023 e obteve 858 votos (0,65%), num total de 13 candidaturas e num universo de 135.446 votantes.

As legislativas de domingo na Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.