As boas memórias estavam todas ali. Pela vitória em 2021 no MotoGP, pelos pódios em 2013 (Moto3), 2017 e 2018 (Moto2). Motivação não faltava a Miguel Oliveira em Montmeló, onde conseguiu também o segundo melhor resultado no ano passado (quinto). No entanto, houve um aditivo maior na antecâmara do Grande Prémio da Catalunha, neste caso com o anúncio de saída de Aleix Espargaró no final da temporada. Ou seja, a principal equipa da Aprilia ganhava uma vaga e, não sendo claro como em 2023 que a mesma poderia passar de forma direta para o português, não deixava de haver essa certeza de que os resultados feitos a partir daqui poderiam assumir uma importância maior para dar o salto na equipa para onde se mudou no ano passado.

“Neste momento todos piscam o olho, até que alguém consiga levar a rapariga da discoteca, deixando os outros a dançar e a pagar bebidas. Eu provavelmente terei de pagar bebidas a todos. A rapariga ainda não é minha”, brincava o piloto português sobre essa vaga, numa analogia que tirou sorrisos a todos. “Vejo um bom futuro para mim na Aprilia. Eles têm dado prioridade aos pilotos de fábrica, o que é lógico, mas estou relaxado sobre o meu futuro”, acrescentou, sabendo que, numa fase ainda muito prematura, já existem pilotos que se vão “auto convidando” para a dança das cadeiras como Enea Bastianini, se sair da Ducati.

Miguel Oliveira esperançado num bom resultado no GP da Catalunha de MotoGP

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“É um circuito onde me adapto bastante bem, talvez por ser um traçado com trajetórias muito mais fluídas. Por algum motivo, sempre fui competitivo aqui. A abordagem que tomo é sempre mais ou menos a mesma. Quando chegamos a um circuito em que sabemos que fomos competitivos no ano passado, dá sempre outro ânimo mas é começar a trabalhar como sempre, com os pés no chão e começarmos a partir pedra desde o primeiro treino. Conseguir entender bem as condições e a mota, esse é sempre o nosso maior objetivo. Em Le Mans, tive velocidade para passar à Q2 e aqui espero fazê-lo já na sexta-feira”, comentou também o Falcão à SportTV, antes de abordar as possibilidades de futuro com a reforma de Aleix Espargaró.

Com esta lei de Murphy é impossível: Miguel Oliveira arranca bem, sobe a oitavo mas desiste com problema na moto no GP de França

“Em relação ao meu futuro, estou bastante tranquilo. Sei que a prioridade da Aprilia é dar prioridade aos pilotos que têm neste momento. Esta decisão do Aleix poderá desencadear uma série de decisões, ou não. Temos tido conversas. Não posso nem devo adiantar nada, sempre fizemos tudo com transparência, demonstrando a nossa lealdade para quem estamos a desempenhar funções. A única coisa que posso adiantar é que estou muito tranquilo em relação ao meu futuro e sei o meu valor no paddock”, salientou.

Das palavras aos atos, Miguel Oliveira tentava esta sexta-feira dar o salto competitivo nos treinos para poder entrar de forma direta na Q2. Em condições normais, e apesar de ter andado muito longe do top 10 durante quase toda a sessão vespertina de treinos livres, tinha grandes hipóteses de conseguir: na penúltima volta lançada subiu de 21.º a 13.º, na última volta lançada tinha “cravado” a vermelho o segundo setor. Depois, tudo mudou. Para o português e para todos. E uma queda de Álex Márquez impediu que conseguisse mais do que essa posição, tendo assim de passar mais uma vez pela Q1 na manhã deste sábado.

Aleix Espargaró foi o mais rápido do dia com 1.38,562, seguido de Brad Binder, que caiu duas vezes numa fase inicial e chegou a ter as suas boxes vazias (1.38,634), e Pedro Acosta (1.38,665). Ficaram também para a Q2 direta Pecco Bagnaia, Jack Miller, Jorge Martín, Fabio Morbidelli, Enea Bastianini, Álex Rins e Maverick Vinãles. Miguel Oliveira terminou com o tempo de 1.39,350, o 13.º melhor da segunda sessão (de manhã tinha sido 12.º), e vai discutir o apuramento para a Q2 na manhã deste sábado com as duas Gresini Álex Marquéz, Marc Márquez, Fabio Quartararo, Marco Bezzecchi, o companheiro de equipa Raúl Fernández, Fabio Di Giannantonio, Augusto Fernández, Johann Zarco, Nakagami, Joan Mir e Luca Marini.