Várias empresas estão “a preparar provas” para solicitar ao Governo da China a abertura de uma investigação antidumping contra algumas importações de carne de porco da União Europeia (UE), informa este domingo a imprensa oficial chinesa.

Numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), que está bloqueada na China continental, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o Global Times, citou uma fonte não identificada “com conhecimento do setor”.

A medida poderá afetar especialmente Espanha, o maior fornecedor europeu de carne de porco à China, com vendas de cerca de 382 mil toneladas em 2023.

No ano passado, o mercado chinês importou 1,55 milhão de toneladas de carne suína, a mais popular entre os consumidores do país, e mais de metade veio da Europa.

A notícia surgiu num contexto de crescentes tensões comerciais entre a China e Bruxelas.

Na quarta-feira, a Câmara de Comércio da China na União Europeia (UE) disse ter sido “informada por especialistas do setor” de que Pequim está a ponderar aumentar as taxas alfandegárias sobre veículos com motores de grande cilindrada, em preparação contra a possível decisão da UE de penalizar os elétricos chineses.

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A câmara de comércio citou uma entrevista publicada pelo jornal oficial chinês Global Times, na qual Liu Bin, um dos principais especialistas com influência na elaboração das políticas governamentais para o setor automóvel, referiu que Pequim está a considerar aumentar para 25% as taxas sobre automóveis importados de grande cilindrada.

Liu apontou os sedans e os utilitários desportivos, com motores de mais de 2,5 litros, como o alvo da medida, que “estaria em conformidade com os regulamentos da OMC” (Organização Mundial do Comércio) e “ajudaria a China a promover a transição para práticas mais ‘verdes’ no setor automóvel e a avançar para os objetivos de redução das emissões de carbono”.

A imprensa local recordou que, no fim de semana passado, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação ‘antidumping’ contra as importações de copolímero de polioximetileno, um material frequentemente utilizado pelo setor automóvel, proveniente dos EUA, da UE, do Japão e de Taiwan.

Também na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês garantiu que “o desenvolvimento e a abertura da China à Europa e ao mundo é uma oportunidade, não um risco”, e que o protecionismo “não pode resolver os problemas da UE”.

“A UE e a China devem resolver questões económicas e comerciais concretas através do diálogo e de consultas”, disse o porta-voz do ministério, Wang Wenbin, numa conferência de imprensa.