Ao assinalar o décimo aniversário, o Observador tem entrevistado profissionais das mais diversas áreas para darem a conhecer a sua visão para a próxima década em Portugal. Durante um ano, ao longo de 52 semanas, ouvimos as opiniões do Clube dos 52, no qual reunimos economistas, académicos, empresários, artistas, médicos, cientistas ou ambientalistas, entre outros especialistas.

No dia 4 de junho, numa conferência na Nova SBE, em Carcavelos ouvimos alguns destes peritos. No palco do Grande Auditório Jerónimo Martins foram recriados sete programas emblemáticos da Rádio Observador, nos quais foram debatidas ideias sobre o país que podemos e devemos ambicionar. Desse dia de reflexão, ficam sete grandes desafios para o futuro de Portugal — e 26 frases para recordarmos.

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1. Planeamento urbano. Desenhar as cidades do futuro

Vários especialistas defenderam que não há soluções mágicas para resolver os problemas de toda a gente, entre os que vivem na periferia, os que estão no centro das cidades, as empresas, os comerciantes, os condutores e os peões. No entanto, há combinações que podem fazer a diferença quanto a mobilidade, como a combinação do uso da bicicleta com a ferrovia. Os portugueses ainda “abusam claramente” do automóvel, sendo este quase uma “prática cultural”. Perante isto, importa aplicar medidas concretas para atingir as metas a que queremos chegar, envolvendo no debate alargado um leque alargado de especialistas.

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2. Emigração e imigração. Reter o talento e acolher melhor

As questões emigração, foram das mais vezes discutidas nos sete painéis. A diferença entre o salário médio em Portugal e noutros países europeus foi classificada como “fosso” e um fator determinante na origem da emigração  jovem. E fica uma ideia reforçada por muitos: quanto mais baixos forem os salários, menos conseguimos fixar (e atrair) população qualificada. A imigração não foi esquecida ao longo do dia, sobretudo a necessidade de criar melhores e mais dignas condições de acolhimento.

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3. Inteligência Artificial. Aproveitar a tecnologia para ganhar competitividade

Portugal é frequentemente considerado um país detentor de uma grande  qualidade de talento para a tecnologia. As novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, poderão ajudar a corrigir os problemas de alguns dos setores em que estamos mais atrasados, tornando o país mais inovador e competitivo.

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4. Habitação. Casas para viver mais e viver melhor

O tema da habitação esteve muito presente ao longo do dia. No ar ficou a necessidade de repensarmos a forma como vemos as casas em que vivemos. Segundo vários especialistas, é preciso repensar a forma como as casas são construídas e adaptadas para habitantes mais velhos. Ao repensar a forma como vivemos, porque com o aumento da esperança média de vida, uma franja da população tende a ficar mais isolada e solitária, o verbo “partilhar” pode mesmo ser o conceito da próxima década, com o “co-livinga ganhar protagonismo, além do “co-working” em contexto domiciliário, o que foi fortemente potenciado com a pandemia de COVID-19.

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5. Agricultura. Os desafios da alimentação

Se falamos de alimentação e agricultura no futuro próximo, temos de nos perguntar se “conseguirmos produzir comida para todos”, ao mesmo tempo que preservamos o planeta e gerimos da melhor forma o desperdício alimentar. De uma forma muito pragmática, como defenderam alguns especialistas, “temos de ser capazes”. Nos próximos anos, as soluções para produtos de qualidade a preços acessíveis passará por várias culturas resistentes às alterações climáticas que necessitem de menos água.

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6. Saúde. Mais contratações, melhores estilos de vida

Sobre o tema da saúde, evocaram-se os recentes avanços na área, nomeadamente os relacionados com a saúde mental — embora tenham sido apontados vários dedos ao facto de se ter demorado tanto a dar atenção às emergências. Um desafio grande para o futuro do Serviço Nacional de Saúde é o da necessidade de motivar os profissionais através do aumento de salários e da redução do número de horas de trabalho.

O sedentarismo da população portuguesa também foi alvo de debate. Na média europeia, 40% das pessoas com mais de 75 anos sentem-se saudáveis. Em Portugal são apenas 11%, sendo este ponto apontado como um problema de saúde pública, já que estamos no topo dos países mais sedentários da Europa. E, neste capítulo, o uso constante do automóvel foi também reforçado como uma das causas. Para prevenir futuros problemas de saúde, como os das doenças cérebro-cardiovasculares, é preciso tornar a população mais ativa, o que passa pelo desenvolvimento de políticas públicas que fomentem medidas nesse sentido.

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7. Transição Energética. Agir melhor já para não ter reagir tarde depois

Sobre o tema sempre tão delicado da sustentabilidade e transição energética, vários especialistas alertaram para o facto de muitos investigadores climáticos acreditarem que não vamos ficar abaixo dos dois graus de aumento de temperatura na próxima década, o que é “catastrófico”. E há vozes unânimes neste capítulo: o nível de preocupação de cientistas e ativistas ambientais ainda não tem tradução em políticas públicas para a solução do problema.