Chegou o dia D. O dia das decisões no grupo mais equilibrado deste Europeu. Duas jornadas e quatro jogos foram insuficientes para separar as equipas do Grupo E. Em Frankfurt, Eslováquia e Roménia encontraram-se pela primeira vez na fase final de um Campeonato da Europa. Ambas as equipas sabiam que a vitória garantia o apuramento direto para os oitavos de final. Contudo, o empate podia servir as aspirações de ambas, dependendo do que acontecesse no outro encontro.

Depois de terem começado o Europeu com um surpreendente triunfo diante da Bélgica (0-1), os falcões não conseguiram carimbar o apuramento frente à Ucrânia, perdendo pela margem mínima (1-2). Apesar do desaire, Francesco Calzona admitiu não mexer na equipa, mantendo Lobotka como equilibrador e um ataque a três, com Haraslín, o boavisteiro Bozeník e Schranz.

Eslováquia (Grupo E). Fazer história sem “o” falcão mas com toque transalpino e uma pantera no ataque

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Na mesma toada, os tricolorii começaram com um triunfo expressivo diante dos ucranianos (3-0), mas caíram frente aos belgas (2-0). Ainda assim, consideraram liderar o grupo, de forma surpreendente, nas duas jornadas, pelo que o objetivo passava por segurar a liderança e “fugir” ao lado dos “tubarões” na fase a eliminar. Nesse sentido, perspetivava-se que Edward Iordanescu mantivesse a base da equipa, continuando a apostar no 4x3x3 que se desdobra em 4x1x4x1.

Roménia (Grupo E). A invencibilidade na qualificação que permite sonhar com a repetição do feito de 2000

Conhecidas as equipas, as únicas alterações prenderam-se com as saídas de Bozeník e Mihaila, entrando Strelec e Hagi para os seus lugares. Com o apito inicial do árbitro alemão Daniel Siebert, as águias começaram com mais bola e somaram os primeiros remates do desafio, embora sem criarem perigo. Aos 11 minutos, os tricolorii ficaram perto de inaugurar o marcador, mas Dúbravka voou para parar o remate de Ratiu. Pouco depois, Razvan Marin tentou de livre e ficou a centímetros do golo (13′).

O jogo continuou em aberto, à semelhança do grupo, com as duas formações à procura do golo. Haraslín ainda tentou de livre, mas Hancko falhou o desvio (22′) e Stanciu atirou de longe para defesa fácil de Dúbravka (23′). Até que, aos 24 minutos, Kucka tirou um cruzamento perfeito para a cabeça Duda, que completou para o golo inaugural. Os romenos instalaram-se no meio-campo adversário no que restou da primeira parte e conseguiram empatar o desafio, de penálti, por Razvan Marin, que colocou a bola fora do alcance do guarda-redes (37′). Até ao intervalo, Dragus ainda tentou a reviravolta (43′), mas o marcador não sofreu mais alterações.

Na segunda metade, eslovacos e romenos continuaram determinados a chegar ao golo da vantagem e Haraslín teve nos pés a primeira oportunidade, colocando a bola nas mãos de Nita (52′). A Roménia respondeu em duas ocasiões, com Razvan Marin a rematar à entrada da área para defesa de Dúbravka (61′) e Dragus a atirar ligeiramente por cima, com a bola a raspar ainda na barra (61′). Na resposta, Strelec colocou Nita à prova (64′) e Haraslín rematou ligeiramente ao lado (65′).

A forte chuva que começou a cair em Frankfurt no decorrer do jogo acabou por se começar a fazer sentir no já desgastado relvado do Deutsche Bank Park. Perante isso, ambas as formações apostaram num futebol direto no ataque, através de passes longos. Já com Bozeník em campo, o nó não foi desatado e o empate acabou por servir as aspirações de ambas as equipas.

A pérola

  • Apesar de ter aparecido poucas vezes na partida, Martin Dúbravka acabou por ser decisivo ao parar as oportunidades da Roménia, que terminou com mais ocasiões de perigo. No total, o guarda-redes deixou o relvado de Frankfurt com quatro defesas, dois alívios e um duelo aéreo ganho. Para além disso, mostrou-se fundamental na fase de construção da sua equipa, papel que é imprescindível para os guarda-redes do futebol moderno.

O joker

  • Andrei Ratiu foi um autêntico espalha-brasas no ataque romeno. É certo que teve mais impacto na primeira parte do que propriamente na segunda, mas o lateral-direito romeno apareceu várias vezes a concluir jogadas dentro da área e foi uma autêntica dor de cabeça para a defesa eslovaca.

A sentença

  • Com este empate — e o de Bélgica e Ucrânia —, Eslováquia e Roménia estão apuradas para os oitavos de final do Campeonato da Europa. Os romenos seguem em frente no topo do grupo e, por isso, vão ficar no lado mais “fácil” da fase a eliminar, evitando França, Alemanha, Espanha ou Portugal até à final. Os eslovacos ainda não conhecem adversário, mas o principal objetivo está concretizado.

A mentira

  • Quem disse que um resultado que serve às duas equipas pode levar um jogo a tornar-se aborrecido? Não foi o que aconteceu esta quarta-feira em Frankfurt, embora o resultado tenha favorecido as duas equipas. Com várias oportunidades do início ao fim — mais na primeira do que na segunda parte —, Eslováquia e Roménia proporcionaram um bom espetáculo a quem assistiu ao desafio, mesmo com o empate.