É uma ideia quase paradoxal, é uma ideia que há muito vigora nos principais clubes. Quando as coisas estão a correr bem em termos desportivos, sobretudo na mola real de tudo  que é o futebol, as Assembleias Gerais de Orçamentos, Relatórios e Contas ou contas consolidadas são tendencialmente menos concorridas. Quase em contraponto, quando as coisas não correm bem e a bola não entra, a probabilidade de haver maior afluência aumenta. Porque leem mais os documentos em causa? Não, porque têm como estímulo aquilo que é mais mediático e que todos querem saber. Há exceções, claro, mas em termos genéricos costuma ser assim. No entanto, e apesar dessa inevitabilidade, Alvalade viveu este domingo um dia diferente de todos os dias.

Morreu Manuel Fernandes, o leão de Sarilhos Pequenos que se tornou o grande símbolo entre um póquer ao Benfica e a braçadeira

Depois de um sábado de homenagens que chegaram de todos os lados, clubes e pessoas ao maior símbolo vivo do Sporting que morreu esta quinta-feira, Manuel Fernandes, esta manhã teve a última despedida do eterno 9 antes do funeral apenas para a família. Foram 24 horas em que os mais novos e também os mais desconhecedores tiveram noção do impacto que o antigo avançado ao longo de mais de uma década. Impacto como grande jogador a defender os seus e a respeitar os outros, como se viu nas presenças dos presidentes de Benfica e FC Porto. Impacto como grande pessoa preocupada com tudo e todos, como se viu em todas as homenagens de amigos, antigos companheiros, adversários e até o Presidente da República. E foi a seguir a esse momento que teve início a Assembleia Geral dos leões, muito à luz do que acontecera antes.

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As imagens do último adeus a Manuel Fernandes, “um dos melhores” e o “eterno capitão” do Sporting

“Hoje estamos aqui num dia muito difícil para nós mas como o nosso eterno Manuel Fernandes dizia ‘O nosso Sporting continua’. A chorar mas continua”, começou por dizer Frederico Varandas, presidente dos leões que se voltou a emocionar no último momento de despedida à antiga (e eterna) referência verde e branca, numa reunião magna que começou com um voto de louvor e um minuto de silêncio pelo número 9.

“Heróis são lembrados, as lendas ficam para sempre”: as reações à morte de Manuel Fernandes

“O Orçamento que aqui hoje apresentamos não foge à matriz dos últimos anos da nossa governação: sustentabilidade, formação e modernização do clube. Um Orçamento em linha com os anos anteriores onde se destaca, sobretudo, o aumento de investimento no Centro de Otimização Desportiva – uma estrutura de suporte profissional na área da performance, transversal a todas as modalidades. Um Orçamento que não é mais do que o resultado de uma visão estratégica que temos seguido sem desvios, independentemente de um ano com mais ou menos sucesso desportivo, e que tem traduzido um inequívoco crescimento do clube. Prova disso é a previsão de receita de 13 milhões de euros de quotização para a época 24/25, quando em 2018 tínhamos uma receita de 8,5 milhões. Isto é a melhor prova do crescimento do clube e da vitalidade da militância da nossa massa associativa”, salientou o líder da formação leonina.

“No futebol, fomos campeões nacionais. O segundo Campeonato nos últimos quatro anos, com uma das melhores performances da história. Batemos o recorde de pontos, o recorde de vitórias e o recorde de golos marcados numa época”, recordou, entre o extenso rol de conquistas nas mais diversas modalidades, entre o título europeu de hóquei em patins, as vitórias do futsal que ganhou pela primeira vez o tetra, o triunfo de todos os troféus nacionais no andebol, o triunfo do voleibol na Taça de Portugal e os títulos mundiais, europeus e nacionais no atletismo, na natação, na ginástica, no râguebi, no ténis de mesa, no judo, no karaté, no triatlo, no kempo, no kickboxing ou no surf, entre muitas outras do universo verde e branco.

“Há exatamente um ano, na apresentação do Orçamento para a época 23/24, disse que mais importante que os títulos conquistados este ano, mais importante que os títulos vencidos no passado recente no futebol, mais importante que o quarto lugar do futebol neste ano, é o rumo traçado. Rumo esse que o clube não vai parar de percorrer. Hoje digo: mais importante que os vários títulos nas modalidades, mais importante que o titulo de campeão de futebol, é o rumo traçado. Rumo esse que o clube não vai parar de percorrer. Continuemos a caminhar, continuemos a crescer, continuemos a vencer”, concluiu Frederico Varandas.

Ambos os pontos foram aprovados com cerca de 93% de votos a favor, o primeiro relativo a um Orçamento do clube para 2024/25 que terá saldo positivo de 133 mil euros com receitas acima de 28 milhões de euros e o segundo relativo às contas consolidadas de todo o grupo Sporting referentes a 2022/23.

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