Luís Montenegro aproveitou o encerramento das jornadas parlamentares do PSD para dizer que não está “preocupado com o tempo de duração da legislatura”, acrescentando que o “tempo está determinado na Constituição”. As declarações do primeiro-ministro surgem depois do antigo primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva, ter defendido que um governo deve procurar a maioria para “fazer o que lhe compete” com eleições ou não.

O líder do PSD vai em sentido contrário. Montenegro diz que “a única coisa” que não domina “é aquilo que também está na Constituição e que pode interromper esse tempo”, mas deixa uma garantia: “Não vamos ser nós a dar razões para isso. O que vos garanto é que vamos garantir os nossos princípios do Governo, do primeiro ao último minuto.” O presidente do PSD diz ainda que o primeiro dia foi o “2 de abril” e que “o último momento há-de ser algures em 2028.” Portanto, garante, “se houver, na expressão da vontade política do povo representada no Parlamento, algum interesse em que isso não aconteça, garanto-vos, não vai ser por responsabilidade do Governo e não vai ser por o Governo não estar a cumprir o seu programa.”

O líder do PSD diz que é por isso que não está preocupado com a duração da legislatura, mas “só preocupado em governar bem”. E que, “o final, os portugueses dirão o que querem: se continuar, se mudar.” Montegro diz ainda só aceita “liderar o Governo, se ganhar eleições” e reitera a disponibilidade para negociar com os outros partidos. “Dialogaremos sempre. Estamos disponíveis para a negociação política. Temos essa humildade, desde a primeira hora. Não temos é jeito jogos para jogos de sombras e de bastidores.”

“Parece que passou muito tempo”

De gravata negra, Luís Montenegro tinha começado a intervenção a deixar uma palavra a Manuel Cargaleiro, por quem o Governo decretou esta terça-feira um dia de luto nacional. E acrescentou logo também uma referência ao feito da seleção nacional — que se apurou para os oitavos de final — que diz ser responsável pelo estado da sua “voz” (que esta meio rouca).

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O primeiro-ministro lembrou que faz esta terça-feira 80 dias, e três meses, que tomou posse. Para Montenegro “não passou muito, mas parece que passou muito tempo”. E isto acontece “não porque as pessoas estão fartas de nós, que é uma coisa que às vezes acontece rapidamente a alguns, mas porque o governo já passou tanta coisa, já colocou em marcha tantas daquelas transformações estratégicas e estruturais que até parece que já está a governar há muito tempo. Mas não está.

Montenegro diz que, no início, o Governo foi alvo de duas acusações diferentes: “Numa primeira fase, de não fazer nada; numa segunda fase, de fazer coisas de mais por causa das europeias — que agora, já não somos acusados porque não há eleições no horizonte.”

Surgiu depois uma terceira acusação: “Agora o que dizem é que nós decidimos muitas coisas, mas apresentamos muitas leis. Como se os problemas do país estivessem a ser apreciados e julgados pela quantidade de leis que se fazem. Acusam-nos não pela sua capacidade transformadora, mas pela sua quantidade.” E acrescenta: “De facto, vão ter de ter muita originalidade para continuar a procurar acompanhar o ritmo”.