O Brasil registou 46.328 assassinatos no ano passado, uma descida de 3,4% face a 2022 e o menor número deste tipo de crime desde 2011 (47.215 homicídios), segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Brasil regista mais de 40.000 assassínios em 2023 – é o menor número em 14 anos

Apesar da redução, os dados recolhidos nas Secretarias de Segurança de todos os estados brasileiros e compilados no 18.º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado esta quinta-feira, indicam que o país sul-americano registou 22,8 mortes violentas por cada 100 mil habitantes no ano passado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As estatísticas recolhidas “apresentam uma tendência de queda muito acentuada (…) consistente” e “constante” de mortes violentas no país a partir de 2018, contudo, o Brasil está longe de ser considerado um país seguro.

Segundo o anuário, em termos globais, a taxa de mortes violentas do Brasil por cada 100 mil habitantes é quase quatro vezes maior do que a taxa mundial de homicídios, que, segundo dados das Nações Unidas, é de 5,8 mortes por 100 mil habitantes.

Acrescenta que a queda da violência letal no país sul-americano ocorre de forma desigual no país, já que seis dos 27 estados brasileiros registaram crescimento nos homicídios nos seus territórios: Amapá (39,8%), Mato Grosso (8,1%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Pernambuco (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Alagoas (1,4%).

Estes dados indicam que as regiões nordeste e norte do país, que também são as mais pobres, continuam a ser as mais violentas, com taxas de homicídio superiores em 60% e 49% em relação à média nacional, respetivamente.

Segundo considerações destacadas no anuário, esta situação deve-se a disputas entre fações criminosas que lutam para controlar as rotas do tráfico de drogas que chegam da Colômbia, Peru e Bolívia.

O crime organizado espalhou os seus tentáculos no norte do Brasil, que inclui a Amazónia, e no nordeste, dada a menor presença do Estado, a porosidade das fronteiras, os altos índices de pobreza e a falta de oportunidades para os mais jovens.

Estas duas regiões também convivem com altas taxas de letalidade policial. Por todas estas razões, o relatório destacou que  “deve-se reconhecer que os níveis de violência no Brasil continuam bastante elevados e, o que é pior, podem ser subvalorizados”.

Sobre letalidade policial, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública informou que agentes das polícias brasileiras mataram 6.393 pessoas no ano passado, sendo que 82,7% dos mortos eram negros, 99,3% do sexo masculino e 71,7% tinham idade entre 12 e 29 anos.