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Foi no Estado decisivo do Wisconsin que Kamala Harris fez esta terça-feira o seu primeiro comício da campanha à Casa Branca. Perante 3 mil pessoas e um apoio eufórico, a democrata renovou promessas de liberdade, num discurso que trouxe poucas novidades e muitas frases repetidas.

Ainda antes de começar, o comício já corria bem. Depois de bater o recorde de angariação de fundos individuais em 24 horas, a equipa de Harris viu-se obrigada a mudar o recinto do evento na segunda-feira à noite. A estreia em Milwaukee contou com mais audiência que qualquer evento liderado por Biden na campanha de 2024, relatou um porta-voz da campanha ao New York Times.

Harris subiu ao palco entre aplausos eufóricos e deixou bem claro que sabia a importância dos swing states para uma potencial eleição. “O caminho para a Casa Branca passa pelo Wisconsin”, declarou, lembrando a vitória marginal dos democratas no Estado do nordeste do país em 2020, feito que disse querer repetir.

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Depois de deixar agradecimentos aos democratas que representam o Wisconsin nas diferentes instituições, continuou com obrigadas a Joe Biden. Segundo Harris, o Presidente deixa um legado “histórico” em apenas quatro anos. Sobre uma possível nomeação oficial pelo partido, a vice-Presidente disse estar orgulhosa com o apoio de Biden e anunciou que já tinha garantido o voto de delegados suficientes na Convenção Democrata, a realizar-se em agosto.

A partir daí, o discurso tornou-se praticamente uma cópia das suas palavras de segunda-feira no Delaware. Começou por dizer que, depois de vários anos a trabalhar como procuradora-geral na Califórnia, “conhecia o género de Donald Trump”: os abusadores, os predadores, os mentirosos e os burlões. A acusação foi recebida com vozes que gritavam “lock him up” (prendam-no, numa tradução livre).

Kamala compara Trump aos “predadores” e aos “burlões” com quem lidou como procuradora-geral: “Conheço o género de Donald Trump”

Continuou, criando dicotomias entre a sua campanha e a de Trump. Enquanto os republicanos se focam nos bilionários e no regresso ao passado, os democratas olham para as pessoas e para o futuro, defendeu. Para Harris, o recorde de fundos angariados é prova desse apoio das pessoas.

“Esta campanha não é apenas sobre nós contra Donald Trump. Esta campanha é sobre aqueles por quem lutamos”. Os trabalhadores, as famílias e a classe média, especificou, declarando que “quando a classe média é forte, a América é forte”. Novamente, a audiência cumpriu o seu papel e gritou em coro “won’t go back” (não vamos regressar ao passado, numa tradução livre).

“Temos de nos lembrar dos ombros em que estamos apoiados. Gerações de americanos lideraram a luta pela liberdade e agora o testemunho está nas nossas mãos”, destacou Kamala Harris, que insiste em contextualizar as suas lutas, que são, aliás, bem conhecidas: o aumento do controlo na compra e utilização de armas e a diminuição do controlo dos direitos reprodutivos das mulheres.

Sobre as armas, defendeu que as pessoas devem ter a liberdade de viver sem medo da violência armada. Sobre o aborto, argumentou que vai contrariar a agenda extremista de Donald Trump para o proibir. “Quando o Congresso passar uma lei para restaurar liberdades reprodutivas, eu, enquanto Presidente dos Estados Unidos, assinarei essa lei”, garantiu, repetindo a promessa que já tinha feito.

Também a fórmula final foi repetida. “Queremos viver num país de liberdade, compaixão e estado de direito ou num país de caos, medo e ódio?”, questionou Harris, notando que a resposta está nas mãos dos eleitores. Antes de sair, prometeu que o trabalho e a luta iam continuar nos próximos 105 dias. Em coro com a audiência, lançou novo grito de guerra: “Quando nós lutamos, nós ganhamos!”.

O apoio de celebridades, principalmente de cantoras, à curta campanha de Kamala Harris tem sido assinalável e mais um nome ter-se-á juntado à lista: a vice-Presidente entrou e saiu do palco ao som de Freedom, da norte-americana Beyoncé. Apesar de a cantora não ter feito nenhuma declaração pública, a Sky News avança que terá dado a sua aprovação para a utilização da canção durante os eventos da campanha.

Apesar de um comício curto, Kamala Harris parece estar a conseguir entusiasmar os eleitores democratas. Os repórteres do New York Times na campanha relatam que os níveis de euforia atingidos esta segunda-feira no Wisconsin só são comparáveis aos da primeira candidatura de Barack Obama, em 2008.