O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sublinhou esta quarta-feira que Israel “não vai ceder” às vozes que apelam ao fim do conflito. “Nos últimos meses não houve um único dia em que, a nível nacional e internacional, não dissessem: ‘põe fim à guerra porque esgotaram tudo o que podiam alcançar e não podem vencer’”, reconheceu, acrescentando que não deu razão a essas vozes e não o fará.

Netanyahu discursava ao país na sequência dos ataques em Beirute e Teerão, que culminaram na morte do comandante militar do Hezbollah e do líder político do Hamas — apenas o primeiro reivindicado por Israel. “Eliminámos o braço direito de Hassan Nasrallah [líder do Hezbollah], que foi diretamente responsável pelo massacre de crianças”, afirmou, numa referência à morte de 12 crianças e jovens num ataque a um campo de futebol no sábado que foi atribuído por Israel ao movimento armado xiita libanês.

Netanyahu destacou também que as forças militares do seu país estão prontas para enfrentar “qualquer cenário”, num contexto de crescente tensão com as milícias pró-iranianas na região. “Continuamos unidos e determinados a enfrentar qualquer ameaça. Israel cobrará um preço muito alto por qualquer agressão de qualquer horizonte”, destacou o chefe do Governo, após realizar uma reunião com o seu gabinete de segurança que durou quase três horas.

O primeiro-ministro israelita garantiu que Fouad Chokr, principal comandante do Hezbollah, foi “diretamente responsável” pelas mortes no ataque à cidade drusa de Majdal Shams, nos Montes Golas ocupados por Israel na Síria. Chokr morreu após um “ataque seletivo” executado pelo Exército israelita contra o quartel-general de um grupo no sul da capital libanesa, Beirute.

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No seu discurso, Netanyahu deu os parabéns a todos os que participaram na operação. “Era um dos terroristas mais procurados do mundo. Os Estados Unidos colocaram-lhe na cabeça um prémio de cinco milhões de dólares e não em vão”, indicou, recordando também o seu papel nos ataques perpetrados em 1983, em Beirute, contra uma base norte-americana, onde morreram 241 soldados norte-americanos e 58 franceses.

No final do discurso, Netanyahu defendeu que os objetivos que Israel atingiu nos últimos meses só foram possíveis devido às “decisões corajosas” e “apesar das muitas pressões, a nível nacional e exterior”. “Seremos vitoriosos”, garantiu.

O Hezbollah confirmou esta quarta-feira oficialmente a morte de Chokr e informou que o seu secretário-geral, Hasan Nasrallah, irá discursar no seu funeral na quinta-feira, segundo o jornal libanês ‘L’Orient-Le Jour’.

Na madrugada desta quaeta-feira, o chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerão num ataque atribuído a Israel, pelo movimento islamita palestiniano e pelo Irão, que prometeu vingar a sua morte, levantando receios de uma escalada do conflito no Médio Oriente.

Até agora Israel mantém-se em silêncio relativamente à morte de Haniye, nascido em 1962 no campo de refugiados de Shati, a oeste da cidade de Gaza. O antigo líder do gabinete político do Hamas desempenhou também as funções de primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana. Haniyeh era uma figura relativamente desconhecida até liderar as listas do Hamas que venceu as eleições legislativas palestinianas em janeiro de 2006.

O Governo iraniano anunciou três dias de luto nacional, condenando o “ato brutal” que, sublinhou, “acrescentou mais uma folha à vergonhosa lista de crimes cometidos pela seita sionista criminosa e usurpadora [Israel]”. O ayatollah Khamenei, por seu lado, avisou que o Irão irá vingar-se de Israel.

O Hamas e outros movimentos islamistas palestinianos estão em guerra com Israel desde 07 de outubro de 2023, depois de terem atacado o território israelita, matando cerca de 1.200 pessoas e feito reféns cerca de 250 pessoas.

Em resposta, Israel lançou uma campanha de bombardeamento contra a Faixa de Gaza que, até à data, já provocou mais de 39.400 mortos e envolveu também o Hezbollah e os Huthis do Iémen, que, entre outros, integram a aliança informal anti-israelita, denominada “Eixo da Resistência”, liderada por Teerão.