O PCP perguntou sexta-feira ao Governo se irá estabelecer parcerias na área da saúde com Israel, conforme denunciou o Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano, considerando que seria inaceitável perante “os sucessivos massacres” contra aquela população.

Numa pergunta dirigida à ministra da Saúde através da Assembleia da República, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, salienta que, segundo um comunicado do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), “os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel estariam a preparar uma reunião para discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura”.

“Ainda segundo essa fonte, a citada reunião realizar-se-ia em princípios de setembro, quando se cumpre um ano de bombardeamentos e ataques militares de Israel na Faixa de Gaza”, refere o partido.

O PCP salienta que, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 22 de julho, a ofensiva israelita na Faixa de Gaza já fez “39.090 mortos, 90.147 feridos e dez mil palestinianos desaparecidos sob os escombros”, além de “492 ataques a unidades de saúde que causaram, entre o pessoal de saúde, 747 mortos, 969 feridos e 128 detidos”.

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“Já quanto à Cisjordânia e Jerusalém Oriental, a OMS assinala 578 mortos e 5.537 feridos palestinos; 512 ataques a unidades de saúde, que causaram 23 mortos e 98 feridos; foram afetadas 58 unidades de saúde, entre as quais vinte clínicas móveis, bem como 350 ambulâncias”, refere-se.

O partido refere ainda, que de acordo com um artigo de 5 de julho da revista científica The Lancet, “o número de mortes, diretas e indiretas, causadas pelo conflito, poderia ascender a 186 mil”, devido à “proliferação de doenças, à fome, à sede, à falta de abrigo”.

O PCP recorda ainda que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) declarou em janeiro deste ano que Israel estava “plausivelmente a cometer genocídio em Gaza”, e, em março, assinalou “o agravamento ulterior das catastróficas condições de vida dos palestinos da Faixa de Gaza”.

“Seria inaceitável, nestas condições, admitir a realização da aludida reunião entre o Ministério da Saúde de Portugal e o Ministério correspondente de um país responsável de tais desmandos e barbaridades precisamente na área da saúde”, defende o partido.

O PCP pergunta assim a Ana Paula Martins se confirma que o Ministério da Saúde “está a preparar uma reunião com o ministério homólogo de Israel para discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura entre os dois países”.

“Que relações mantém o Ministério da Saúde e seus organismos com instituições similares de Israel?”, questiona ainda o partido, que quer também saber que implicações têm nas relações do Governo com as autoridades israelitas os “sucessivos massacres do povo palestiniano” e o processo em apreciação no TIJ.