A Casa Branca afirmou esta sexta-feira que “foram feitos progressos” nas negociações que decorrem no Cairo para um cessar-fogo em Gaza, enquanto o secretário da Defesa dos EUA insistiu com Israel sobre a necessidade de tréguas.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, rejeitou a existência de fracasso na ronda negocial no Cairo e afirmou ser agora necessário que “ambas as partes se juntem e trabalhem para chegar a um acordo”.

“As discussões iniciais que tivemos no Cairo ontem (quinta-feira) à noite foram de natureza construtiva. Queremos que essa mesma dinâmica se mantenha nos próximos dias”, afirmou Kirby.

As notícias sobre as conversações estarem “perto do fracasso” não eram exatas, sublinhou.

O diretor dos serviços secretos CIA, William Burns, e o diplomata Brett McGurk estão no Egito para estas discussões, confirmou a mesma fonte.

O porta-voz referiu ainda que os Estados Unidos continuam a acreditar que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aceitou o “plano de compromisso de Washington” para uma trégua na Faixa de Gaza, como afirmou o chefe da diplomacia, Anthony Blinken, que esta semana voltou a deslocar-se ao Médio Oriente.

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Washington voltou ainda instar o Hamas a aceitar o acordo para cessar o conflito.

O Secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, insistiu, por seu lado, junto do seu homólogo israelita, Yoav Gallant, na necessidade de alcançar um cessar-fogo dado o perigo de escalada regional que representa a guerra entre Israel e os islamitas palestinianos do Hamas.

Em comunicado, Austin sublinhou “a importância de finalizar um acordo de cessar-fogo” para conseguir o regresso dos reféns detidos pelas milícias palestinianas, enquanto Gallant descreveu a conversa como uma “avaliação conjunta da evolução da situação”, nomeadamente no Líbano.

“A discussão centrou-se principalmente no estado de preparação conjunta, bem como na manutenção e prontidão das forças e capacidades israelitas e norte-americanas face às atuais ameaças do Irão e do Hezbollah contra Israel”, afirmou o Ministério da Defesa israelita.

Gallant também informou Austin sobre a evolução da situação em Gaza, “descrevendo em pormenor os êxitos do exército israelita ao derrotar a brigada do Hamas na cidade de Rafah, em Gaza, e ao destruir mais de 150 túneis na zona”.

O exército israelita anunciou esta sexta-feira um novo ataque a uma escola na Faixa de Gaza, o último de uma série de bombardeamentos que tem vindo a realizar contra instituições de ensino no enclave, com o argumento de que estão a ser utilizadas pelas milícias do Hamas.

Na sua conta da rede social X, o exército referiu que o ataque ocorreu contra a escola Jafer Ali bin Abu Taleb, no bairro de Zeitun, na cidade de Gaza, e até ao momento não há informações sobre mortos ou feridos.

Os responsáveis do Hamas denunciam estes ataques israelitas às escolas como um ataque deliberado contra os deslocados ali abrigados.

Um dos incidentes mais graves ocorreu no passado dia 10, quando um bombardeamento israelita contra a escola Al Tabin, também na cidade de Gaza, causou pelo menos 100 mortos e 150 feridos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas.

Israel, que questionou a veracidade do número de mortos, insistiu, como esta sexta-feira, que o bombardeamento foi efetuado com a máxima precisão e respeito pela vida dos civis.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de pessoas levadas como reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.