O PAN e o JPP repudiaram esta quinta-feira as tentativas de violação da liberdade de informação na cobertura jornalística do incêndio que lavra na Madeira, após o Sindicato dos Jornalistas (SJ) ter denunciado um “clima de pressões e restrições”.

Em comunicado, a estrutura do PAN/Madeira mostrou-se solidária com a direção regional do sindicato, elogiando o trabalho dos profissionais que ficam “durante horas a fazer a cobertura da situação para que as pessoas se possam manter informadas”.

“É um atentado à liberdade de imprensa e à informação. Da mesma forma que temos que garantir as condições máximas para que os agentes de proteção civil desenvolvam o seu trabalho, também os jornalistas precisam de condições”, afirmou a porta-voz do PAN na região, Mónica Freitas, citada na nota de imprensa.

O partido, representado pela deputada na Assembleia Legislativa, considera o papel da comunicação social “imprescindível” e lamenta que “seja dado acesso livre a deputados em detrimento dos jornalistas”.

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“Numa altura crítica, compreendemos que deva ser evitada a mobilização de pessoas desnecessárias ao terreno, que não é o caso dos órgãos de comunicação social. Seria por isso importante perceber porquê e como é que foi dado acesso a determinadas pessoas”, defende o PAN.

Também o JPP, num comunicado enviado às redações, disse “repudiar veementemente a violação do direito de informar com verdade, rigor e isenção”.

“O JPP solidariza-se e repudia toda e qualquer violação da liberdade de expressão, formas de censura ou de restrição do trabalho dos jornalistas no relato da verdade”, assinala.

O partido — terceira força política na região (segunda maior na oposição) – critica, contudo, a posição manifestada pelo SJ acerca da presença do seu deputado Élvio Sousa nos locais afetados.

“O deputado foi ao local a pedido de cidadãos do Curral de Cima, e fê-lo no cumprimento escrupuloso do exercício livre do mandato e das funções de representação das populações, designadamente o indispensável contacto com os cidadãos eleitores e à sua informação regular”, realça aquela força política.

O SJ denunciou esta quinta-feira o que classifica como “clima de pressões e restrições” na atividade dos profissionais envolvidos na cobertura do incêndio, exemplificando com a informação divulgada na quarta-feira pelo DN/Madeira sobre o envio dos dois aviões Canadair para as operações e com a “dualidade de critérios” na passagem de zonas encerradas.

“Após a publicação da notícia, fontes do Governo Regional apressaram-se a desmentir a informação numa tentativa de ‘assassinato profissional’, como refere o diretor [do DN/Madeira], Ricardo Miguel Oliveira. Duas horas depois, é o próprio Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, a confirmar a vinda dos dois meios aéreos para a Madeira”, referiu a estrutura representativa.

“Permitiram um deputado do JPP circular, em ação de campanha, e impediram os jornalistas de passar para exercer a sua atividade: informar”, condenou ainda.

O JPP acusa o sindicato de ter “cometido o erro de desinformar a população sobre o exercício dos deveres e direitos dos deputados”.

“Porventura o SJ terá sido mal informado ou induzido em erro por más influências acerca dos direitos e deveres dos deputados, pelo que se esclarece o que está consagrado na Constituição e no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira sobre o exercício da função de deputado”, lê-se no comunicado.

Esta quinta-feira, questionado pela denúncia do SJ, o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, alegou que não se podem “anunciar decisões sem elas estarem concretizadas”.

O parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.