A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou esta quinta-feira nenhum partido de esquerda “pode ou deve ponderar viabilizar” um Orçamento do Estado (OE) que pretende “privatizar a saúde” e “entregar o que resta da habitação ao mercado”.
“Penso que nenhum partido à esquerda pode ou deve ponderar viabilizar um instrumento de política que na verdade põe em prática um plano que vai destruir o SNS e privatizar a saúde, que vai entregar o que resta da habitação ao mercado, um plano que não diz nada sobre salários e como combater as desigualdades”, afirmou a coordenadora do BE.
Em declarações aos jornalistas numa visita à Feira do Livro do Porto, Mariana Mortágua defendeu que a visão do PSD e da direita para o país não pode ser acompanhada pela esquerda, defendendo que o papel do BE “é o de denunciar esse caminho e apresentar uma alternativa”.
“O país conseguirá ter mais horizontes e sonhar com um futuro melhor quando for capaz de sair da chantagem da armadilha do mal menor”, referiu, notando que “um país que se governa pelo medo, pela chantagem e pelo mal menor está condenado a ser um país pequenino”.
Questionada sobre o referendo à imigração proposto pelo Chega, Mortágua defendeu que o líder do Chega, André Ventura, assistiu aos tumultos na Inglaterra, na sequência do ataque que matou duas crianças, e “resolveu falar de imigração em Portugal a ver se trazia para nós a mesma violência”.
“É a mesma cobardia da extrema-direita em todo o lado e é preciso dizer com todas as palavras: são políticos frouxos”, afirmou.
E acrescentou, “são políticos frouxos que atacam os mais frágeis, que atacam quem não se pode defender, mas que depois vão defender os donos dos negócios que exploram estes imigrantes e se forem clandestinos melhor porque lhes pagam pior”.
Durante a visita à 11.ª edição da Feira do Livro do Porto, a coordenadora do BE foi interpelada por várias pessoas, entre as quais duas recém-estudantes universitárias que partilharam a dificuldade em conseguir alojamento.
Aos jornalistas, Mariana Mortágua defendeu posteriormente a necessidade de o Governo negociar com as unidades hoteleiras alojamento para acolher os estudantes universitários.
“Já há protocolos efetuados com unidades hoteleiras, o que estamos a propor é que de forma urgente o Governo faça um levantamento de todas as necessidades para que nem um estudante fique sem casa, deixe de ter onde viver, empobreça ou tenha de viver num buraco, e que depois se socorra do setor hoteleiro em excesso que celebre protocolos e mobilize essas habitações”, propôs.