À terceira jornada, logo. O primeiro derby da época chegou cedo. E viu-se: estava calor, a luz do dia bem acesa e o estádio, portanto, quase cheio. E o Sporting em busca de algo perdido há sete anos — a última vez que voltara com pontos de uma visita ao Benfica fora em setembro de 2007, quando só Adrien Silva e Rui Patrício, ainda imberbes, já andavam pelo plantel dos leões. O guarda-redes, na altura, nem no banco se sentou. Agora, na baliza, uma palmada sua não chegou.

O guarda-redes esticou-se, tentou, e ainda se atirou para o lado oposto para o qual se encaminhava. Mas nada. O toque que deu na bola apenas a fez abrandar na viagem que Nico Gaitán a mandara fazer. Foi logo aos 12’, quando o argentino esperou na área que Maxi, Enzo Pérez e Salvio terminassem a roleta de passes com que, encostados à linha, se conseguiram livrar das atenções dos homens do Sporting.

Resultou, Salvio enganou Jefferson e cruzou a bola rasteira até ao pé direito de Gaitán. Remate e golo. 1-0, e o Benfica era recompensado por arrancar o jogo a abrir, pressionante e decidido a acelerar qualquer jogada que tentasse fazer chegar à baliza dos leões. “Estamos habituados a ganhar ao Sporting”, dizia Jesus. Não na altura, mas no final do jogo. E venceram? Não, e isso ficaria decidido aos 20’. Mas ninguém imaginaria.

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Primeiro, não imaginou Eliseu que o seu passe para Artur, já na área, acabasse com o guarda-redes a chutara bola contra as costas de André Carrillo. E Artur não imaginou que o ressalto a desviasse na direção da baliza, na qual entrou após Islam Slimani a empurrar com a cabeça. “O que aconteceu não muda nada relativamente ao que Artur era antes do jogo”, assegurou Jesus, ao lembrar, contudo, que Júlio César, homem que chegou para fazer sombra ao brasileiro, “só foi eleito uma ou duas vezes o melhor do mundo”.

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O Sporting fazia então o 1-1, ficava a dever um obrigado a Artur e, de repente, os golos voltavam a vir dos homens que marcaram em cada um dos derbies da época passada: Gaitán no 2-0 do Benfica no campeonato, Slimani na derrota do Sporting por 4-3, na Taça de Portugal.

Até aqui, ao empate, Jesus considerou que “o Sporting esteve melhor que o Benfica”. Talvez. Aos 29’, contudo, seria dos leões, e de Slimani, a melhor oportunidade para se voltar a ver um golo na Luz. Pelo meio, o ruído dividia-se entre assobios e aplausos para Artur ou nos bruaás que se ouviam a cada arrancada de Salvio ou Gaitán, argentinos amantes das alas dos quais o Benfica abusava para conseguir chegar bom a bola perto da área.

Na segunda parte, fizeram-no por quatro vezes consecutivas. E aí, chegaram sempre à baliza. Enzo, Salvio, Luisão e outra vez Salvio, um depois do outro, entre os 61’ e os 66 minutos, podiam ter desfeito o empate, mas, entre as mãos de Patrício ou a mira mal calibrada, a bola não entrou na baliza do Sporting. “Sabíamos que o historial para nós não era famoso”, até admitiu Marco Silva, treinador dos leões. Até ao final, porém, não piorou.

Os leões foram tentando abrandar as coisas. Faziam a bola circular mais devagar e multiplicavam os passes, mas velocidade era algo que só aparecia quando a bola chegava a Nani. E foi com ela parada que Jefferson, aos 71’, a rematou, no livre, e viu Artur defendê-la junto ao poste esquerdo da sua baliza.

De resto, a bola apenas rolava rápido e bem quando tinha a companhia de Gaitán ou Salvio. Aos 78’, até foi parado, e com a cabeça, que o ‘10’ encarnado quase marcou, num canto batido por Talisca. Mas foi com a bola na relva que, um e outro, venceram éne duelos privados com Esgaio e Jefferson, laterais do Sporting.

O empate estava para ficar. “Sairíamos moralizados se tivéssemos vencido”, lamentou Marco Silva. “Não é o resultado que queríamos”, queixou-se Nico Gaitán. Mas nada feito. Um ponto para cada lado e três amealhados pelo rival do norte: enquanto Sporting e Benfica jogavam, o FC Porto venceu o Moreirense (3-0), chegou aos nove pontos e afastou-se dos rivais. Agora, encarnados ficam com sete pontos, os leões com cinco e os dragões com vantagem.