Mariano Rajoy vai reunir-se na terça-feira com o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez e na quarta-feira com Albert Rivera do partido Ciudadanos (centro-direita).

O líder do PP (direita) anunciou na sexta-feira, após um encontro com o rei, Felipe VI, que vai submeter-se no parlamento a uma votação de investidura e tentar formar governo.

O PP foi o partido mais votado nas eleições de 26 de junho, elegendo 137 deputados num total de 350, mas precisa que o PSOE e o Ciudadanos se abstenham na votação de investidura para poder formar um governo minoritário.

O PSOE ficou em segundo lugar, conquistando 85 lugares, enquanto a aliança de esquerda Unidos-Podemos ficou em terceiro, com 71 deputados. A quarta formação mais votada foi o Ciudadanos, que alcançou 32 assentos.

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Mariano Rajoy defende que a responsabilidade de evitar que os espanhóis sejam chamados pela terceira vez a votar está nas mãos do PSOE e do Ciudadanos e pretende tentar negociar que um eventual novo governo seja investido até 26 de agosto.

O secretário-geral do grupo parlamentar do PP afirmou durante o fim de semana que “com o ‘não’ do PSOE e a abstenção do Ciudadanos não se chega à investidura, mas sim a umas terceiras eleições”.

O líder do PSOE assegurou na sexta-feira que votará “não” a um governo de Mariano Rajoy, e que este tinha a “responsabilidade constitucional” de “dar um passo em frente e apresentar-se à investidura”.

O PSOE está a ser muito pressionado depois de o Ciudadanos ter mais uma vez, na semana passada, manifestado a sua disponibilidade para se abster e deixar passar o novo governo, o que não será suficiente, se todas as outras forças políticas votarem contra Rajoy.

PSOE rejeita apelos e garante que votará ‘não’ a Rajoy

E esta segunda-feira o porta-voz do PSOE, Óscar López, veio insistir na recusa do partido em viabilizar um governo do PP, contrariando um apelo do líder histórico Felipe González. López disse “respeitar muitíssimo” as palavras do ex-presidente do PSOE, mas sublinhou que a posição do partido — consensualizada no último Conselho Federal, em 9 de julho — foi a de rechaçar a reeleição de Rajoy.

“O Comité Federal foi muito claro. Falaram todos os dirigentes do PSOE e todos disseram o mesmo: o PSOE deverá votar ‘não’ à investidura de Rajoy”, disse Óscar López em declarações à Cadena Ser, citadas pela agência Efe.

Numa entrevista ao diário argentino Clarín, Felipe González, antigo líder socialista e ex-primeiro-ministro espanhol, defendeu que, “se não é possível formar governo, há que deixar formar governo. E isso leva à abstenção” do PSOE.

O porta-voz do PSOE no Senado espanhol insistiu que “não faz nenhum sentido” que o PP deposite nos socialistas a esperança de encontrar uma “alternativa” de governabilidade, até porque “o natural” é que estes votem contra.

Já vice-secretário de Comunicação do PP, Pablo Casado, anunciou também esta segunda-feira à rádio Onda Cero que Rajoy irá apresentar ao PSOE, e depois ao partido de centro-direita Ciudadanos, um documento de negociações elaborado a partir da comparação dos programas eleitorais dos três partidos.

Casado apelou, por isso, ao sentido de “responsabilidade” dos socialistas, especificando que o documento que Rajoy vai apresentar será a síntese do programa eleitoral do PP e do acordo de governo que o PSOE e o Ciudadanos assinaram na anterior legislatura. “Há mais coincidências do que parece” nas posições dos três partidos, disse.

O sucesso destas negociações, lembrou Casado, permitirá agendar a sessão parlamentar de votação de investidura de um novo governo para 23 de agosto, contando com a abstenção do PSOE, e depois aprovação atempada do próximo orçamento do Estado espanhol e dos objetivos de Bruxelas.

Para Óscar López, é “verdadeiramente surpreendente” que Rajoy apresente a Sánchez uma oferta com base no acordo que o PSOE assinou com o Ciudadanos em fevereiro, com o qual o líder socialista tentou — e falhou — a investidura. López recordou que o PP na altura “desqualificou e ridicularizou” esse acordo, porque ele supunha todas as políticas dos populares nos últimos quatro anos.