É uma espécie de booking.com para o mercado de trabalho tecnológico. A Jobbox quer cruzar profissionais de tecnologia com ofertas de emprego de tecnologia. E em oito meses mais de 500 pessoas candidataram-se a ofertas de emprego na plataforma lançada por José Paiva e Pedro Oliveira, em março de 2014. Esta quinta-feira, os empreendedores vão estar presentes no evento anual da Startup Lisboa, o Startup Lisboa Takeoff, que vai decorrer no lounge executivo do Aeroporto de Lisboa. Vão contar a sua história.

“É como se fosse um baile de debutantes. Vamos apresentar cerca de 20 novas senhoras, melhor, meninas, à sociedade”, explica João Vasconcelos, diretor executivo da incubadora de empresas tecnológicas ao Observador.

No evento, vão estar presentes empreendedores, investidores, parceiros, mentores e vão ser atribuídos vários prémios, como a universidade e órgão de comunicação social que mais apoia e promove o empreendedorismo, quem mais facilitou e criou networking em 2014, a melhor startup criada em 2014, melhor investidor de capital de risco, melhor parceiro empresarial da Startup Lisboa, melhor mentor, entre outros.

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José Paiva, fundador da Jobbox, com Pedro Moreira

Entre os oradores, vão estar presentes os empresários Américo Amorim, homem mais rico do país segundo o ranking da revista Exame, e António Carrapatoso, que já presidiu ao conselho de administração de empresas como a Vodafone Portugal ou a Colgate Palmolive, e que é investidor do Observador.

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“É um dos únicos eventos do ano em que toda a gente do meio se encontra e conseguimos juntar investidores, empreendedores, empresas, parceiros, mentores – tudo com o objetivo de ajudar os projetos incubados a alavancar os seus negócios e a ‘levantarem voo'”, diz João Vasconcelos.

A Jobbox é uma das empresas que esta quinta-feira se mostra à sociedade. No Startup Lisboa Takeoff, não andam à procura de investimento, querem, antes, dar-se a conhecer ao mercado. A ideia surgiu em setembro de 2013, depois de José Paiva, 46 anos, deixar o cargo de administrador de uma das empresas da Nova Base e resolver lançar um negócio na área de recrutamento. Com a Jobbox, tenta resolver uma necessidade: “as 500 mil pessoas que estão em falta no mercado de trabalho tecnológico europeu”, segundo os números avançados pelo empreendedor.

Com um investimento inicial que oscila entre 30 mil e 50 mil euros, em capitais próprios, a empresa espera fechar o ano de 2014 com uma faturação na ordem dos 70 ou 80 mil euros. Em setembro, já contabilizava cerca de 40 mil euros e na carteira de clientes, constam empresas como a Spotify, Booking.com ou a portuguesa Talkdesk. O que a distingue? O modelo de recomendação em que se baseia o recrutamento. Na Jobbox, quem recomenda um amigo para determinada vaga, recebe dinheiro por isso. 

A empresa que coloca a oferta de trabalho online é que determina o valor e a pessoa que recomenda o candidato que preencher a vaga recebe 50%. No futuro, José Paiva explica que o valor vai ser repartido em três partes: a Jobbox, quem recomenda e o candidato. No momento, a startup está em negociação com várias capitais de risco e o valor do investimento vai depender da velocidade a que quiserem crescer.

“Nós estamos a monitorizar aquela conversa do dia-a-dia, que é: ‘conhece alguém que possa desempenhar esta função?’. E nós pagamos a quem faz essa recomendação”, diz o fundador da Jobbox.

Qualidade na rede mede-se em português

Alfredo Matos também vai estar no Startup Lisboa Takeoff a apresentar a Metrifly e, tal como José Paiva, não é de investimento que anda à procura, mas de clientes e parcerias. Objetivo da ideia que começou a nascer no início de 2013: mostrar aos operadores de telecomunicações como é que os utilizadores veem as redes aos quais estão ligados, sejam elas móveis, 3G, 4G ou wi-fi. Para isso, a Metrifly desenvolveu uma aplicação móvel.

Todos os anos, os operadores perdem uma série de utilizadores por causa da qualidade do sinal e que muitas dessas situações acontecem, “porque não sabem como é que os utilizadores estão a sentir a rede”, explicou Alfredo Matos.

“Nós temos uma aplicação móvel, que mede a qualidade da experiência de sinal, velocidade das redes. Medimos os parâmetros das redes às quais estão ligados, como os pontos de acesso, antenas, e agregamos essa informação em tempo real”, explica Alfredo Matos ao Observador.

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Alfredo Matos despediu-se para lançar a Metrifly e tem dois projetos pilotos em curso com operadoras mundiais

Com a solução idealizada pelo empreendedor de 32 anos, as operadoras de telecomunicações vão poder perceber em que estado se encontram as redes que operam. A ideia surgiu no âmbito de outras plataformas que Alfredo Matos e Miguel Almeida, cofundador do projeto, estavam a trabalhar. Quando foi impossível conciliar o trabalho a tempo inteiro com o projeto, despediram-se. Com cerca de dez mil euros, em capitais próprios, arrancaram com a startup.

A Metrifly tem dois projetos piloto em curso, com duas operadoras de nível mundial e “algumas ligações em curso” com operadores nacionais. No evento de quinta-feira, querem encontrar mais. Atualmente, estão presentes em Espanha e no Reino Unido, além de Portugal, mas é com os Estados Unidos da América ou Ásia que sonham.

“É preciso uma estrutura muito grande e nós, como startup, queremos aproveitar a relações para chegar ao maior número de operadores possíveis e aí fazer a nossa escala. Estamos já a negociar uma parceria que vai ser um marco importante para nós e, a partir daí, vamos ter acesso a canais de distribuição que nos vai permitir internacionalizar de forma mais rápida”, explica Alfredo Matos.

A Metrifly e a Jobbox são duas das empresas recém-incubadas na Startup Lisboa, que vão estar presentes no evento desta quinta-feira. A elas, juntam-se à Academia do Código, 360Imprimir, BicaStudios, CoSwitched, FollowPrice, Ignidata, Jogabo, Pharm Assistant, Portugal Insights, Speak, Spring Street, StrotyTrail e a Wine with a View. Da Startup de Braga, vão estar presentes a PedFeed.com, a PeekMed e a Findster.

“O evento está esgotado, temos cerca de 500 pessoas a quererem participar”, explicou João Vasconcelos ao Observador. Jaime Jorge, fundador da Codacy, que venceu o Web Summit em Dublin, também vai estar presente no evento, e vai ser anunciada uma parceria entre a Startup Lisboa e a TAP.

A Startup Lisboa surgiu, em 2011, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, juntamente com o Montepio e o IAPMEI e já ajudou a criar 180 novas empresas, que foram responsáveis pela criação de 600 postos de trabalho e pela captação de 13 milhões de euros de investimento.