Criado há seis meses, o grupo VITA já recebeu, durante este período, 62 pedidos de ajuda de vítimas de abusos no seio da Igreja. Em comunicado, o grupo, liderado pela psicólogia clínica Rute Agulhas, revela que “foram já sinalizadas 41 situações para estruturas da Igreja e 14 para a Procuradoria Geral da República”.

Dos mais de 60 pedidos de ajuda, a maioria diz respeito a adultos que foram vítimas de violência sexual na infância ou adolescência. Nesta contabilização, incluem-se também situações de “pessoas especialmente vulneráveis” e “algumas situações mais recentes”.

Até ao momento, o grupo VITA realizou 42 atendimentos, presenciais e online, de forma a “recolher informação que permita, depois, a devida sinalização e encaminhamento para as entidades competentes”. As idades das pessoas ouvidas varia entre os 16 e os 75 anos.

Em paralelo, o Grupo VITA tem-se articulado com as Dioceses e os diversos Institutos Religiosos, no sentido de se avançar com os processos de apoio psicológico e psiquiátrico: 12 pessoas estão já a beneficiar de apoio psicológico e outras duas de apoio psiquiátrico.

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No campo da prevenção e formação, o grupo VITA tem investido na “realização de ações de sensibilização e formação das diversas estruturas eclesiásticas, por forma a capacitar os vários intervenientes para o acolhimento e acompanhamento das situações de violência sexual, bem como para o desenvolvimento de guias de boas práticas e códigos de conduta”. Aliás, o grupo liderado por Rute Agulhas adianta que o “Manual de Prevenção de Violência Sexual no Contexto da Igreja Católica em Portugal” encontra-se em fase de elaboração e será apresentado publicamente, a par do primeiro relatório de atividades, no dia 12 de dezembro deste ano.

O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, já disponível no site www.grupovita.pt.

Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica, numa lógica de intervenção sistémica.

O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.