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Galeno e uma arruada que não ficou pelas promessas (a crónica do Portimonense-FC Porto)

Este artigo tem mais de 6 meses

Eleitorado pediu, Conceição pensou e FC Porto aproveitou último dia de campanha para mostrar aos indecisos que parte atrás nas sondagens mas está na luta com um Galeno cada vez mais decisivo (0-3).

Galeno fez a assistência para o primeiro golo, marcou o segundo e foi um dos melhores elementos do FC Porto em Portimão
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Galeno fez a assistência para o primeiro golo, marcou o segundo e foi um dos melhores elementos do FC Porto em Portimão

LUSA

Galeno fez a assistência para o primeiro golo, marcou o segundo e foi um dos melhores elementos do FC Porto em Portimão

LUSA

Foi apenas uma vitória, significou tudo menos apenas uma vitória. Sérgio Conceição pode não ter gostado da forma como alguns jogadores festejaram com provocações à mistura a goleada no clássico frente ao Benfica mas a mesma não deixou de acontecer e mostrar que, entre a espada e a parede, o FC Porto conseguiu ainda resgatar o seu verdadeiro ADN para ganhar uma vida extra no complicado jogo que é transformar os últimos meses de competição numa boa temporada. A vitória, que valeu por muito mais do que isso, foi “apenas” o resultado mais expressivo diante dos encarnados em jogos da Primeira Liga. Ainda assim, tinha outro lado, abordado pelo técnico poucos minutos depois da partida: se a equipa é capaz de jogar com tamanha intensidade, capacidade e identidade, algo que também tinha ficado bem patente na receção ao Arsenal num contexto diferente, o que falhara para ter perdido tantos pontos ao longo do Campeonato em jogos que eram teoricamente acessíveis? Entre as várias razões, o técnico tinha a certeza de que não podia voltar a acontecer.

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“O último jogo não vale mais porque não há prémio de jogo, só se formos campeões. Foram três pontos e três pontos que não deixámos o adversário ganhar numa exibição convincente, que as pessoas dizem que pode dar mais confiança. Eu não embarco nisso, para mim isso vem do trabalho diário. Há jogos assim. Em Barcelos já se falaria do momento de sonho do FC Porto se ganhássemos 6-0 ou 7-0. É verdade que podíamos ter feito mais na primeira parte mas se olharmos para o jogo, foi um dos mais fáceis de chegar à baliza adversária, contra o Rio Ave igual. Perdemos quatro pontos nestes dois jogos. A confiança tem que estar presente, tem que nascer e ser construída através do trabalho dos jogadores aqui”, apontara Conceição na antecâmara da deslocação ao Algarve para defrontar o Portimonense, falando ainda do momento da equipa.

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“Há os entendedores de futebol que dizem que quando um ou outro joga… Quando o Francisco [Conceição] ou o Nico [González] iniciaram o percurso, o momento deles não era esse, tiveram de passar por algumas fases. O Nico e [Alan] Varela chegaram com o Campeonato a arrancar. Se já começam a torcer o nariz pelo que me pedem até num particular, imaginem a sério. Empatar é uma derrota para nós. Fomos percebendo ao longo da caminhada o que não ia correndo tão bem. Umas vezes acertámos, outras nem tanto. Mudámos a forma de jogar às vezes e, dentro do mesmo sistema, com outras nuances. Estamos a jogar com médios que não são médios ou que são médios diferentes. Trabalhamos consoante as indicações que a equipa nos vai dando para formar um 11 forte, competitivo, que nos dê garantias nos diferentes momentos do jogo. Se fosse um 11 para ser espetacular, metia 11 focas a jogar, com a bola no nariz. Equilíbrio é a base”, frisou.

Ainda assim, e o futebol que o diga, nem tudo é matemático. A equipa que domingo esteve a um nível de topo poderia baixar, o Portimonense que chegava a esta partida com cinco encontros consecutivos sem vitórias tentava surpreender e fazer aquilo que nunca conseguiu desde que Sérgio Conceição comanda os azuis e brancos (tirar pontos). Era isso que o técnico dos dragões procurava evitar, sem pensar por antecipação na “final” de Londres com o Arsenal. “Não posso, nunca o fiz e nunca o vou fazer. Só havendo casos excecionais, que um jogador não pode ir a jogo por agravar uma ou outra coisa. Nenhum treinador prepara dois jogos. Se estiver a pensar no jogo de Londres, vamos ter um dissabor em Portimão e não queremos isso. Não dar sequência a um jogo como fizemos contra um rival a isso seria muito mau para a equipa e perderíamos algum desse estado positivo. O foco é o Portimonense e isso já nos vai dar bastantes dificuldades”, adiantou.

“Espera-nos uma tarefa complicada, que faz parte destas batalhas que acontecem no Campeonato. Vai depender do que fizermos e da forma como estivermos no jogo, interpretando e percebendo aquilo que poderá acontecer”, reforçou Sérgio Conceição, quase numa mensagem para ser ouvida mais dentro do que fora. Se era esse o efeito, foi alcançado num daqueles jogos “sem espinhas” que só não foi resolvido mais cedo porque o domínio completo do encontro nem sempre se traduziu em oportunidades para marcar. Ainda assim, a “resposta” depois da afirmação não podia ser melhor antes da decisão da Liga dos Campeões. Os dois médios, Alan Varela e Nico González, estão cada vez mais integrados em todos os momentos de jogo dos portistas. Dois dos apoios diretos a Evanilson, Francisco Conceição e Pepê, atravessam uma grande fase em termos individuais que se traduz depois no coletivo. Depois, há Galeno. E se esta sexta-feira foi marcada pelo último dia de campanha eleitoral, o ala fez uma arruada à chuva em Portimão a liderar toda a equipa.

A entrada do FC Porto demonstrou essa injeção de confiança advinda do clássico. A bola circula com maior rapidez, as movimentações são melhores e sobretudo com outro objetivo, a capacidade de agarrar nos tempos de jogo é diferente. Houve até um excesso de confiança na abordagem a um lance em que Seck lançou bem na profundidade Hélio Varela mas o avançado, depois de fazer o mais difícil na receção orientada, trocou os pés e não conseguiu rematar (6′). A referência ofensiva dos algarvios falhou, a defesa fez muito pior logo a seguir e em dose dupla, estendendo a passadeira para os azuis e brancos facilitarem ainda mais a tarefa: Evanilson intercetou na área um passe de Gonçalo Costa para Filipe Relvas e Galeno assistiu Nico González para o 1-0, naquela que foi o primeiro golo do espanhol pelos dragões (7′); mais tarde, Pepê aproveitou outro erro na saída de bola, picou por cima de Nakamura mas a bola bateu na trave (10′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Portimonense-FC Porto em vídeo]

Jasper ainda teve um remate muito por cima da trave de Diogo Costa mas era o FC Porto que dominava por completo a partida, voltando a visar a baliza do Portimonense num lance “criado” por Francisco Conceição à direita com remate na passada de Nico González para mais uma grande defesa de Nakamura (28′). Além de controlar o encontro, o FC Porto encontrava caminhos menos habituais para chegar aos caminhos da baliza, nomeadamente com a colocação de Nico González em zonas de finalização com Evanilson e Pepê, ficando Alan Varela como referência mais posicional para orientar o primeiro momento de transição defensiva. A seguir ainda houve um desvio de Formiga que quase acabou em autogolo mas o 1-0 mantinha-se e subsistiu até ao intervalo, sem que os algarvios criassem perigo e os portistas materializassem o ascendente.

O mau tempo não ajudava apesar da pequena trégua sem duração durante uns minutos na primeira parte mas este era um daqueles encontros que parecia ter tudo para trazer uma chuva de golos mas foi ficando só pelas intenções: o FC Porto controlava por completo a partida mas não conseguia criar ocasiões de golo, o Portimonense tentava esticar jogo de forma mais direta sem efeitos práticos e os minutos passavam com esta toada. Faltava mais um rasgo de génio para desbloquear os acontecimentos e o mesmo chegou mais uma vez pelos pés de Galeno, que depois de um lance de insistência que começou numa recuperação de bola em zona mais alta de Nico González encheu-se de fé para rematar em arco de fora da área e marcar aquele que fica já como sério candidato a golo da jornada que começou na noite desta sexta-feira (59′).

A partir desse momento, o encontro parecia ter a história definitivamente destinada mas com tendência para mudar as características até ao final, tendo em conta que os algarvios tenderiam a arriscar um pouco mais na tentativa de um golo que permitisse reentrar no resultado e os dragões iriam beneficiar de mais espaços para saírem em transições que aproveitassem a velocidade de Francisco Conceição, Pepê e Galeno. Foi de novo o ala esquerdo que voltou a ficar perto de marcar, num passe de Evanilson que deixou o luso-brasileiro isolado para o remate ao lado na área (67′), e de seguida esse protagonismo pertenceu ao extremo contrário, com Francisco Conceição a receber de Pepê, a puxar para dentro e a atirar a rasar o poste (76′). Só faltava entrar em ação no remate o brasileiro. Não perdoou. E, após um passe do recém entrado Jorge Sánchez que subiu bem pelo lado direito, desviou com um toque simples de Nakamura na área para o 3-0 (79′).

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