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Cláudia Baptista Fernandes, uma portuguesa em Auckland, explica o sucesso da Nova Zelândia. "Desde o início foi tudo muito bem comunicado"

Cláudia Baptista Fernandes explica como desde o início houve 4 níveis de alerta (com um guia para colar nos frigoríficos), todas as pessoas sabem o que fazer e uma app regista todos os movimentos.

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Cláudia Baptista Fernandes sai de casa cedo, podem ver-lhe o sorriso enquanto caminha até à paragem de autocarro e só aí coloca a máscara, que guarda na mala. Espera pelo 755 na zona de Parnell, no centro de Auckland, Nova Zelândia, onde o uso de proteção individual é apenas obrigatório nos transportes públicos. Ao entrar, Cláudia pega no telemóvel e abre a aplicação NZ Covid Tracer — que aciona a câmara do aparelho — e aponta a um QR code colado num espaço bem visível. Esta aplicação regista todos os passos dados por esta portuguesa e pelos outros cerca de 5 milhões de habitantes daquele país no sudoeste do oceano Pacífico. Cláudia está há um ano e meio na maior cidade neozelandesa e trabalha num unicórnio — uma startup avaliada em mais de mil milhões de euros, que não está cotada em bolsa. É diretora de estratégia para a internacionalização da Xero, uma empresa que fornece software de contabilidade na nuvem (cloud).

Cláudia Baptista Fernandes está há um ano e meio em Auckland. Saiu de Portugal em 2011 e já viveu em Londres e Singapura

A Nova Zelândia tem, nesta altura, menos de 70 casos ativos de Covid-19 e só agora começaram a ser administradas as vacinas, com os funcionários das fronteiras no topo das prioridades. Em número de casos acumulados desde o início da pandemia somou menos de 2.500 infeções e tem apenas 26 mortes registadas, num país que tem cerca de três vezes a área do território de Portugal, mas metade dos habitantes.

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Bastou um caso positivo, que fugiu ao radar das autoridades, para haver um novo confinamento em Auckland. Primeiro foram 3 dias, logo depois alargados para 7 de isolamento para todos os habitantes da região. Cláudia Baptista Fernandes estava em casa quando falou com o Observador, mas deverá voltar a sair na próxima semana. O nível de alerta na cidade vai baixar de 3 para 2 e no resto do país de 2 para 1 às 6h locais (mais 13 horas do que em Portugal) este domingo, 7 de março.

Está nesta altura em Auckland, na Nova Zelândia, que está no nível 3 para o coronavírus. O que é que isso significa?
Desde que começou a pandemia, o governo criou um esquema de 4 níveis, que foram explicados de forma clara logo no início da pandemia. O nível 1 serve para nos prepararmos. O nível 2 é quando já existem alguns casos identificados e o objetivo é reduzi-los, obrigando ao isolamento das situações de risco, garantir que são respeitados os limites no número de pessoas nos eventos, como festas, casamentos ou batizados (100 pessoas). No nível 3 já existem alguns casos espalhados pela comunidade e o objetivo é restringi-los ao máximo evitando que se disseminem. Aí o teletrabalho é recomendado sempre que possível, devemos ainda manter-nos na nossa bolha de contactos, que pode ser a nossa família e ou pessoas de contacto muito próximo. No nosso caso, a nossa bolha inclui os nossos vizinhos, que têm mais idade e temos de os ajudar. A maior parte dos serviços está fechada, os restaurantes só estão abertos para take away e vendas ao postigo, mas escolas continuam a funcionar. Existe ainda o nível 4, que só tivemos, felizmente, durante 6 semanas, entre março e abril de 2020, que é quando as coisas estão fora de controlo. Nesse nível 4 há ordem para encerrar tudo, não há take away, não há entregas, os correios estão condicionados e os únicos que abrem são supermercados, farmácias e alguns serviços dos hospitais. Esses níveis foram explicados de forma muito clara desde o início e quando existe uma conferência de imprensa, como a de domingo (28 de fevereiro) à noite, em que se avisou que Auckland ia passar para nível 3. As pessoas sabem exatamente o que isso quer dizer e já estão preparadas para o que aí vem.

Ouça aqui a entrevista.

“É o sítio mais seguro do mundo para se estar”

Foi sempre fácil entender o que representa cada um desses níveis de alerta?
Sim. Desde o início foi tudo muito bem comunicado. Uma das coisas que o governo neozelandês fez muito bem foi a forma como organizou e comunicou quais eram os níveis de alerta. Todas as casas do país receberam um panfleto com os níveis para colar no frigorífico, com tudo muito bem explicadinho. Em caso de dúvida vamos ao frigorífico e confirmamos. Continua a haver todos os dias uma conferência de imprensa às 13h, em que a primeira-ministra e o ministro da saúde explicam muito bem o que está a acontecer, quantos casos temos e além disso, os jornalistas na sala fazem perguntas. Caso haja alguma dúvida sobre o que está a ser explicado ou sobre o que é preciso fazer, ou sobre o que aconteceu, estão lá os jornalistas para espicaçar, para perceber melhor e para esclarecer as dúvidas da população.

"Todas as casas do país receberam um panfleto com os níveis [de alerta] para colar no frigorífico, com tudo muito bem explicadinho. Em caso de dúvida vamos ao frigorífico e confirmamos."

Esse elevar para o nível 3 em Auckland resulta da descoberta de alguns casos. Está relacionado com a história de alguém que estaria doente e foi trabalhar violando a obrigação de isolamento.
Exatamente. As fronteiras estão fechadas, não há turistas, mas os cidadãos e residentes — é o nosso caso — podem voltar. Quando essas pessoas chegam à fronteira vão imediatamente para um hotel — algumas instalações geridas pelo governo —. onde têm de fazer quarentena obrigatória de 14 dias com todas as condições de segurança e só depois de terem testes negativos é que podem sair. O que tem acontecido, ocasionalmente, é que há algumas fugas. Há duas semanas, uma trabalhadora do aeroporto — funcionária dos serviços de lavandaria e catering dos aviões e que não tem contacto direto com o público — ficou infetada e contagiou a família. E um elemento da família foi para a escola e aí outra pessoa foi infetada, naquilo que as autoridades classificam de contactos casuais. Essa pessoa fez o teste e tinha ordens para ficar em casa isolada, mas, aparentemente, não o fez e estamos de volta ao confinamento. Foi esse caso que tivemos há duas semanas que nos obrigou a um lockdown de 3 dias e agora vamos fazer 7.

“Tomamos café juntos, almoçamos juntos e ao final do dia vou jantar com amigos, porque podemos”

Cláudia Baptista Fernandes está a trabalhar a partir de casa, mas na próxima semana vai poder voltar ao autocarro 755 e ao escritório da Xero, onde trabalha. É um open space de dois andares decorado com cores fortes, há mesas corridas cheias de monitores e computadores portáteis. Cláudia trabalhou na Amazon e no Facebook, antes de se mudar para Auckland com o namorado. Já passou por Londres e Singapura e conhece bem a realidade destes escritórios sem grandes barreiras físicas, onde as pessoas se sentam lado a lado. As reuniões mais ou menos formais podem ser numa sala, nos sofás ou nas mesas do bar cujo balcão em U e iluminado se impõe no espaço. Ninguém está de máscara.

Americas Cup NZ

Sem máscara, milhares de pessoas assistem às regatas da America's Cup em Auckland

E se não houvesse esse confinamento forçado, como seria a sua vida nesta altura? Quais são as suas rotinas?
Devido a este confinamento, uma série de eventos — em que íamos participar — foram cancelados. Íamos correr uma meia-maratona, mas foi cancelada. Tínhamos um festival de verão este sábado, mas foi adiado. Há uma série de coisas que não vamos poder fazer. Sei que pode parecer estranho para os portugueses, mas as pessoas aceitam muito bem o facto de os planos mudarem devido a estes casos. Por exemplo, os voos internos são cancelados ou adiados e as pessoas aceitam muito bem. Isto vai ainda parecer mais estranho: existe uma certa solidariedade do resto do país em relação a Auckland. Aqui estamos muito mais expostos, porque temos o aeroporto e as instalações para quarentena são quase todas aqui. Mas, normalmente, quando há um nível 3 em Auckland e um nível 2 no resto do país — tenho muitos colegas em Wellington, que estão a trabalhar em casa, porque redobraram os cuidados, têm medo que possa “haver alguma coisa” — há uma espécie de solidariedade implícita, que não sei bem explicar. A verdade é que o resto do país acaba também por adotar estas medidas, mesmo não sendo obrigado a fazê-lo.

Vai trabalhar, a espetáculos e eventos desportivos, sem máscara?
Sem máscara. Nos transportes públicos ainda é obrigatório usar e as pessoas cumprem — aviões, autocarros e táxis. Mas tirando essas situações, não. Podemos estar perto uns dos outros, podemos abraçar-nos, beijar-nos, estar muito perto a assistir a eventos como a America’s Cup, que está a decorrer na Nova Zelândia. A organização da prova construiu uma village, onde se pode assistir às imagens em ecrã gigante. E, as pessoas estão lado a lado, ombro a ombro a ver o que está a acontecer. Sei que parece ficção científica, um universo paralelo. Deve ser muito estranho para alguém que está em casa há muito tempo — como vocês em Portugal — assistir a estas imagens.

Como vai para o trabalho, de carro ou transportes públicos?
O meu escritório é perto daqui de casa. Vou de autocarro para o trabalho. É mais ou menos uma viagem de 15 minutos. No escritório está tudo normal, as secretárias estão todas cheias, estamos sentados uns ao lado dos outros, tomamos café juntos, almoçamos juntos e ao final do dia vou jantar com amigos, porque podemos (risos). Os restaurantes estão abertos, é verão e há muita coisa a acontecer. Aos fins de semana há sempre eventos culturais e desportivos. Aqui os dois desportos mais importantes são o râguebi e a vela. Ao sábado à noite podemos ir a um jogo de râguebi e agora, com a America’s Cup, podemos ir ver as regatas ao sábado ou ao domingo à tarde. Podemos jantar fora, acampar com amigos… tudo isso é bastante normal no nosso dia a dia.

"Este rapaz (coitado) que foi trabalhar... eu odiaria estar na pele dele, porque há um país inteiro a apontar-lhe o dedo, a fazer este public shaming, a uma pessoa que devia ter ficado em casa e não ficou. Isso não existe em Portugal, a união e esse apontar do dedo a quem não cumpre as regras da "equipa dos 5 milhões", como eles dizem aqui."

Está fora de Portugal desde 2011. Encontra grandes diferenças entre os neozelandeses e os portugueses na forma como lidam com esta crise?
Sim, há algumas diferenças. Não vou a Portugal desde janeiro de 2020. Sinto que quando acontecem estes desastres, e não é a primeira vez que a Nova Zelândia enfrenta um problema grave — nos últimos 3 anos, este governo lidou com um atentado terrorista, em que morreram dezenas de pessoas, teve uma erupção de um vulcão, em que morreram também dezenas —, existe uma tendência do povo neozelandês para se unir com um objetivo definido. Outro fator é a dimensão do país, que é mais pequeno do que Portugal, com 5 milhões de habitantes. E existe um pouco da prática de public shaming. Este rapaz (coitado) que foi trabalhar… eu odiaria estar na pele dele, porque há um país inteiro a apontar-lhe o dedo, a fazer este public shaming, a uma pessoa que devia ter ficado em casa e não ficou. Isso não existe em Portugal, a união e esse apontar do dedo a quem não cumpre as regras da “equipa dos 5 milhões”, como eles dizem aqui.

Imagem de aviso enviado para os telemóveis pelas autoridades neozelandesas

“É o sítio mais seguro do mundo para se estar, nesta altura”

Nas vésperas de ser declarado, a 26 de março de 2020, o nível 4 — o mais elevado da escala — muitos pacotes de papel higiénico voaram das prateleiras dos supermercados neozelandeses. A ordem era para fechar, isolar, ficar em casa e deixar o vírus morrer sozinho nas ruas desertas. A situação arrastou-se durante um mês, num país que adora cafés e conviver. Foi nessa altura que David Downs, chairman da Well Foundation — que dá apoio médico a pessoas carenciadas na região de Auckland — lançou a ideia do SOS Cafe. David Downs estava preocupado com a sobrevivência de pequenos cafés de bairro e criou um site que permitia aos clientes comprar vouchers, que seriam consumidos mais tarde. Duas semanas depois do lançamento, a plataforma evoluiu para o SOS Business e foram incluídos outros negócios, como os cabeleireiros. Em seis semanas, os neozelandeses tinham pago quase 780 mil euros em vouchers a 2500 empresas. Este pagamento adiantado permitiu salvar muitos empresários e empregos.

A Nova Zelândia é um país forte do ponto de vista económico. Em ano de pandemia a dívida terá passado de 32,6% para 43,8% do PIB, segundo a OCDE, o que contrasta com os cerca de 133,7% da dívida pública portuguesa, a terceira maior da União Europeia. A estimativa da OCDE feita em dezembro  aponta para uma recessão de 4,8% ano passado, mas é esperada uma recuperação de 2,7% este ano da economia neozelandesa. Em Portugal, o rombo em 2020 foi de 7,6% e o crescimento previsto para 2021 anda entre os 3,9% (Banco de Portugal) e os 4,1% (Comissão Europeia). O país é também uma fortaleza constituída por duas ilhas separadas da Austrália pelo Mar das Tasmânia e está, literalmente, do outro lado do planeta em relação a Portugal. Liderado pela trabalhista Jacinda Arden, o governo de Wellington fechou as fronteiras há cerca de um ano e assim vai continuar até que a população seja vacinada e que o perigo de contágio diminua. Os neozelandeses não levantaram objeções quanto às questões de privacidade por terem de usar a aplicação para telemóvel que faz um relatório sobre todos os passos que dão.

"Todos os locais públicos, como lojas ou os Uber têm um QR Code próprio. Assim que entramos a primeira coisa que fazemos é um scan do QR Code e fica registado na aplicação. Isto tem sido bastante útil."

Parte do sucesso neozelandês deve-se ao isolamento geográfico, mas ao Observador, Cláudia Baptista Fernandes explica que a boa comunicação, uma economia forte e um cumprimento escrupuloso das regras também ajudaram aquilo que é hoje classificado como “sucesso”. No entanto, o governo trabalhista tem sido criticado por falta de testes ao funcionários fronteiriços e por incapacidade de controlar e prevenir eficazmente a violação das regras de isolamento. No ano passado, o ministro da Saúde, David Clark, demitiu-se, após furar o confinamento para andar de bicicleta e levou a família à praia, quando isso estava proibido à população.

Segundo diz, o facto de a Nova Zelândia ser uma ilha não explica tudo. Que outros fatores encontra para o sucesso?
Obviamente, é uma vantagem ser uma ilha, só ter 5 milhões de habitantes, mas, desde o início, a política foi muito clara ao dizer que o objetivo é “eliminar o vírus” e nunca foi “viver com ele”. A forma como este objetivo foi comunicado e os passos que íamos seguir para chegar lá foram sempre muito claros e explicados de uma forma que fez com que a população se sentisse envolvida. Já expliquei a questão dos níveis e as conferências de imprensa, que não são uma perda de tempo. Pára o trabalho durante 30 minutos — das 13h às 13h30 — e ao fim de meia fora é claro para todos o que está a acontecer. Não são precisas 3 horas de conferência de imprensa para as pessoas perceberem o que se passa. Sempre houve muita consistência e clareza ao nível da explicação das regras. Nada mudou do ano passado para agora, as regras são as mesmas. O nível 2 não permite eventos com mais de 50 ou 100 pessoas, dependendo da cidade. Eles têm sido muito consistentes e transparentes com a população e isso tem ajudado imenso as pessoas a confiar que estamos no caminho certo, mesmo quando há estas dificuldades e temos de ficar em confinamento durante uns dias.

E há apoios para quem fica em casa?
Essa é outra vantagem. É preciso não esquecer que a Nova Zelândia, apesar do tamanho, é um país bastante rico. Não tem o nível de dívida que Portugal tem. Quando há lockdown é possível haver apoio a pequenas e médias empresas a um nível que em Portugal, provavelmente não existe. Por outro lado, o facto de nós sabermos que estes níveis 3 e 4 têm uma duração curta, também ajuda as empresas a sobreviver. É mais fácil para um restaurante saber que vai estar fechado durante 6 ou 8 semanas, ou mesmo 3 meses, e depois vai estar a funcionar normalmente. Há histórias de cabeleireiros que duplicaram a faturação assim que o confinamento terminou, porque as pessoas estavam desesperadas para cortar o cabelo e no final acabaram por ter um ano igual ao anterior. Existe esse fator de incentivo à economia: “Vamos estar fechados durante este período, mas vamos eliminar o vírus e a partir daí a nossa vida vai ser normal”. Fronteiras fechadas, mas vida normal. Isso ajuda imenso a economia interna.

"A política foi muito clara ao dizer que o objetivo é “eliminar o vírus” e nunca foi “viver com ele”. A forma como este objetivo foi comunicado e os passos que íamos seguir para chegar lá foram sempre muito claros e explicados de uma forma que fez com que a população se sentisse envolvida. As conferências de imprensa não são uma perda de tempo. Pára o trabalho durante 30 minutos — das 13h às 13h30 — e ao fim de meia fora é claro para todos o que está a acontecer."

E há também a aplicação para telemóvel?
Isso as pessoas cumprem à risca. Todos os locais públicos, como lojas ou os Uber têm um QR code próprio. Assim que entramos a primeira coisa que fazemos é um scan do QR code e fica registado na aplicação. Isto tem sido bastante útil. Apanhámos um grande susto com um caso que escapou ao controlo há cerca de mês e meio. Uma pessoa que deu negativo em todos os testes nos 14 dias da quarentena, mas poderá ter apanhado quando estava no hotel — deve-se ter cruzado com alguém doente, que chegou mais tarde — e depois deu positivo passados alguns dias. No entretanto — ainda foram 7 dias — essa pessoa registou com o QR code todos os sítios por onde passou e foram mais de 30. Graças a isso, as autoridades conseguiram comunicar com todas as pessoas que estiveram nos mesmos locais sensivelmente à mesma hora. Estamos a falar de milhares de pessoas, que ao longo de uma semana — numa zona de férias, bastante populosa, fora de Auckland — passaram por esses locais. Foram todas contactadas e testadas e conseguiram perceber que a situação estava controlada. Possivelmente, essa pessoa foi cuidadosa e conseguiu não contagiar ninguém. Tivemos bastante sorte e foi graças ao QR code, que as pessoas usam religiosamente.

Claúdia Baptista Fernandes é a segunda a contar da esquerda. Esteve a acampar com um grupo de amigos recentemente. Ninguém usa máscara

E as vacinas já começaram a ser administradas? Há um plano de vacinação?
Sim. As vacinas chegaram mais tarde à Nova Zelândia em comparação com outros países. Foi-nos explicado que, como tínhamos a situação controlada, foi dada preferência aos países que estavam em situações mais complicadas. Fomos ficando para o fim. As vacinas já chegaram e já começaram a vacinar profissionais de saúde e sobretudo o pessoal do controlo fronteiriço. O grande foco do plano de vacinação — que também já nos foi comunicado e também tem 3 níveis (risos) — são as pessoas que trabalham nas fronteiras. Os problemas que temos tido, ultimamente, estão relacionados com pequenas fugas na fronteira. A  prioridade na vacinação vai em primeiro lugar para quem tem contacto com o público e depois, as pessoas que trabalham nos aeroportos, nos hotéis da quarentena e também os mais idosos. Começou mais tarde do que nos outros países, mas foi bem comunicado.

O verão está a acabar na Nova Zelândia. Há receio sobre o que o inverno possa trazer?
Não, porque foi durante o inverno que conseguimos vencer isto. As fronteiras fecharam em meados de março de 2020. Foram 6 semanas de confinamento e baixámos para o nível 1 em maio ou junho, no pico do inverno (no hemisfério sul). Não existe aqui muita preocupação, porque as pessoas têm confiança no sistema. Se houver mais alguma fuga, vamos regressar todos para casa e passado uma ou duas semanas no máximo as coisas ficam controladas outra vez, sobretudo agora que com as vacinas existe um grande nível de confiança.

"Essa pessoa registou com o QR code todos os sítios por onde passou e foram mais de 30. Graças a isso, as autoridades conseguiram comunicar com todas as pessoas que estiveram nos mesmos locais sensivelmente à mesma hora. Estamos a falar de milhares de pessoas, que ao longo de uma semana — numa zona de férias, bastante populosa, fora de Auckland — passaram por esses locais. Foram todas contactadas e testadas e conseguiram perceber que a situação estava controlada."

E como é estar, literalmente, do outro lado do mundo?
Eu saí de Portugal em 2011 e tenho-me afastado cada vez mais. Comecei por Londres, depois Singapura e agora estou mesmo — completamente — no lado oposto. Claro, é complicado… tínhamos planeado ir a Portugal no Natal, mas não pudemos ir. É muito complicado termos as fronteiras fechadas e saber que se for preciso ir demoramos 34 horas a chegar, mas acho, de certa forma, que a nossa família está contente por estarmos aqui, porque é o sítio mais seguro do mundo para se estar, nesta altura. Tem-o sido no último ano e parece que vai continuar a ser até ao final de 2021. Sim, acho que minha família está contente por eu estar aqui.

Esta conversa foi gravada antes dos fortes sismos que abalaram a Nova Zelândia esta semana e que não provocaram feridos ou danos de maior. Cláudia Baptista Fernandes assegura que está bem e confidencia-nos: “Nem acordámos” com os sismos durante a madrugada.

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