Na doença renal crónica existe uma perda progressiva e irreversível da função do rim. Num estádio mais avançado (o cinco), este órgão deixa mesmo de ser capaz de desempenhar a sua função. Nestes casos, estamos perante a chamada doença renal terminal. Chegado aqui, o doente tem duas hipóteses: fazer diálise ou submeter-se a um transplante de rim, o que nem sempre é opção para muitos doentes, dado os riscos associados à cirurgia e à imunossupressão.

Os tratamentos de diálise em Portugal representam 2,5% da despesa pública em saúde, tendo atingido, em 2010, um valor total de aproximadamente 246 milhões de euros. Contudo, e apesar do aumento do número de doentes e dos custos associados à diálise, a verdade é que nos últimos anos o valor gasto pelo Estado com este tratamento é menor. A questão que impera é: estará o Estado a optar pelo modelo de financiamento à diálise mais sustentável? Existirão alternativas? Estas foram algumas das premissas que levaram à elaboração do estudo “Hemodialysis financing models: is there sustainable financing model in Portugal?” (em português: “Modelos de financiamento de hemodiálise: existe um modelo de financiamento sustentável em Portugal?”), elaborado pelo NOVA Center for Global Health Lab, centro académica da NOVA Information Management School (NOVA IMS), e com o apoio da CSL Vifor, farmacêutica focada na área da Nefrologia. As conclusões deste estudo serão apresentadas na talk “Modelos de Financiamento (Sustentável) da Hemodiálise”, que acontece no próximo dia 24 de outubro, entre as 15h e as 17h, e à qual pode assistir aqui, no site do Observador.

A diálise no sistema de saúde português

Estima-se que, em Portugal, mais de 800 mil pessoas sofram de doença renal crónica, muitas delas dependentes de diálise. No país, uma das formas de tratamento dentro desta categoria, e a mais utilizada, é a hemodiálise, que é prestada principalmente por clínicas privadas, ao abrigo de um acordo contratual com o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Esta parceria ocorre devido à falta de capacidade do SNS para responder a um número cada vez mais crescente de pacientes que precisam desta terapia de substituição da função renal. Contudo, estes tratamentos representam um fardo económico para o SNS, e as previsões não são de que os custos desçam, mas antes que aumentem.

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Dia 24 de outubro, terça-feira, Paulo Ferreira, um dos hosts do programa “Manhãs 360”, da Rádio Observador, vai moderar a mesa-redonda com o tema “Modelos de Financiamento (Sustentável) da Hemodiálise”. Esta talk, apoiada pela farmacêutica CSL Vifor e desenvolvida pelo Observador, é fechada ao público presencialmente, mas poderá assistir, em direto, no site, no Facebook ou no LinkedIn do Observador, entre as 15h e as 17h. Antes do debate, serão ainda apresentadas as principais conclusões do estudo “Hemodialysis financing models: is there a sustainable financing model in Portugal?”, desenvolvido pela NOVA IMS, e que conta com o apoio da CSL Vifor.

Os custos da hemodiálise para os parceiros do Estado

Se por um lado os custos dos tratamentos com a hemodiálise para as empresas privadas que os oferecem têm aumentado, o mesmo parece não acontecer no valor que o SNS atribui a estas mesmas empresas. Esta será uma das leituras presentes no estudo “Hemodialysis financing models: is there sustainable financing model in Portugal?”, que tem como objetivo analisar o atual modelo de financiamento da hemodiálise em Portugal, com o intuito de propor caminhos para um futuro modelo que seja sustentável financeiramente e privilegie a inovação terapêutica para as pessoas com doença renal crónica.

Qual o futuro do financiamento da hemodiálise?

Esta é a grande questão que se pretende debater no próximo dia 24 de outubro, na talk “Modelos de Financiamento (Sustentável) da Hemodiálise”. Tendo como ponto de partida a apresentação das principais conclusões do estudo já mencionado, nesta conversa pretende-se colocar, frente a frente, os diferentes agentes do ecossistema de hemodiálise em Portugal para discutir o futuro e a sustentabilidade da gestão integrada da doença renal crónica a nível nacional. Para tal, a talk terá como oradores José Miguel Correia, presidente da Direção Nacional da APIR (Associação Portuguesa de Insuficientes Renais); Paulo Dinis, board member da ANADIAL (Associação Nacional de Centros de Diálise); Ana Farinha, médica nefrologista, membro da Sociedade Portuguesa de Nefrologia e uma das autoras do estudo; Aníbal Ferreira, médico nefrologista, professor da NOVA Medical School e também autor do estudo; e Julian Perelman, professor catedrático da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa e vogal suplente da direção da APES (Associação Portuguesa de Economia da Saúde).