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Men Eater: o regresso de peito cheio

Nome marcante da cena alternativa, estiveram longe por vontade própria. Voltam agora com renovado propósito e potência e contam com um novo elemento. Falámos com eles em dia de concerto no Lux.

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Dar com os estúdios Palanca Negra — no Olival Basto, às portas de Lisboa — não é difícil, mesmo para quem não conhece a zona. A tarefa, todavia, fica facilitada quando os Men Eater estão lá a tocar: basta seguir o som. Apesar da azáfama pendular de fim do dia na periferia da capital, o grupo toca alto o suficiente para ouvir-se fora da correnteza de armazéns onde estão a preparar o regresso aos palcos.

Chegando a meio do ensaio, nada sugere que a banda esteve inativa durante seis anos — oito, se contarmos o tempo desde a última vez que se apresentaram ao vivo. Alguns desencontros e entradas em falso, sim, mas essas todas as bandas têm quando estão a preparar novo material que raramente tocaram juntas. Fora isso, o que salta à vista no conjunto lisboeta é ter aumentado de tamanho, de quatro para cinco elementos. Mas já lá iremos.

Para quem aterrou agora no panorama da música alternativa nacional, as palavras “Men Eater” talvez digam pouco: para alguns, recordarão o êxito inescapável de Nelly Furtado; na memória de outros, mais velhos, a expressão ecoará o hit dos Hall & Oates. Um terceiro grupo pode ainda levar a coisa para o lado literal — “canibal”, o que um “comedor de homens” é, no fundo. Mas para quem passou os anos 2000 em salas suadas, a esforçar-se por perder a audição, o nome é sinónimo da banda lisboeta que queria levar tudo à frente.

Enquanto a artista luso-canadiana andava a dominar as tabelas do mundo pop, o quarteto tornou-se numa das bandas mais entusiasmantes do circuito alternativo nacional ao misturar sonoridades do metal — um pouco de stoner, de sludge e até de thrash — com uma atitude rock despretensiosa. Punk até, não tivessem os seus membros vindo da mesma vaga do hardcore de que surgiram nomes como os The Vicious Five ou os Linda Martini. A ligação a estes segundos, aliás, é ainda mais próxima tendo em conta que um dos grandes hinos de Men Eater é Lisboa — “soltam os cães atrás de mim // levo o peito cheio de ti” é daquelas letras que não se esquece, palavras e voz cedidas por André Henriques.

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A voz do vocalista dos Linda Martini volta a ouvir-se em Uma Multidão de Pecados, um dos destaques de Men Eater, o álbum autointitulado que a banda lançou no final de 2023 e que vai mostrar esta quinta-feira, 25 de janeiro, no Lux Frágil, em Lisboa (22h30) — e o primeiro desde Gold, datado de 2011. Entre estes doze anos, o grupo entrou num hiato que se temeu permanente, com os seus elementos a explorarem outras coisas, dentro e fora da música.

A que se deveu este regresso? Na pausa do ensaio, a banda sentou-se com o Observador e foi o baterista Carlos BB — carinhosamente conhecido como Bibi — a tomar a palavra e a explicar como tudo se deu. “Foi vontade de estarmos juntos. Honestamente, estava um bocado aborrecido”, admite, entre sorrisos. “Este é ainda um disco de pandemia, que foi super complicada para mim. Estive demasiado tempo fechado, eu trabalho com música e não havia praticamente o que fazer”, afirma, sublinhando como a sua ocupação a tempo inteiro é como produtor e técnico nos Black Sheep Studios, em Mem Martins.

[ouça o álbum “Men Eater” na íntegra através do Spotify:]

Mesmo com a banda inativa, os membros de Men Eater nunca deixaram de ser amigos próximos, mas o isolamento da pandemia levou-os a equacionar um regresso, que rapidamente redundou na ideia de escrever um novo álbum. “A primeira coisa que combinámos foi um date, mas saltou-se logo para o disco”, conta Bibi, secundado depois com humor por Miguel Correia, guitarrista e vocalista mais conhecido na cena nacional por Mike Ghost: “começou por ser um ‘donde é que teclas?’ e passou para um “bora mamar na boca’”, solta. Riso geral, como foi hábito ao longo de toda a entrevista.

A Mike e Bibi juntaram-se Carlos Azeitona — guitarrista que faz parte da formação original — e Pedro “Gaza” Cobrado — baixista que se juntou à banda mais tardiamente mas participou na fase final até à interrupção. Mas os beijos metafóricos não foram o único motivo subjacente ao regresso do grupo: quando começaram a cogitar um eventual retorno, a conversa girou à volta do seu primeiro álbum, Hellstone, fazer 15 anos em 2022.

Lançada em 2007, a sua estreia foi uma pedrada no charco em Portugal, apresentando um tipo de música que até então pouco se ouvira brotar de amplificadores nacionais. Ora esmagadoramente pesado, ora contemplativo e melancólico, ora de pé no acelerador com uma lata de cerveja numa mão e um cigarro na outra. Como resultado, no mesmo ano deram por si a passar de salas ocupadas a abrir para Metallica e Mastodon no festival Super Bock Super Rock e a fazer as primeiras partes de concertos de bandas como The Ocean, Pelican ou Cult of Luna — referências internacionais para quem procurava esse som.

“Conseguimos com que os nossos rendimentos não venham diretamente da banda. Podemos fazer isto quando dá para fazer e quando as condições ao menos se proporcionam para podermos ir e voltar”, assume Mike. “A nossa expectativa hoje é acabarmos o concerto e estarmos felizes — e que o último a chegar a casa diga que chegou bem”.

Não se enquadrando propriamente em moldes pré-estabelecidos — demasiado pesados para a cena indie, demasiado alternativos para a cena do metal — os Men Eater foram trilhando o seu caminho. Os álbuns seguintes — Vendaval, de 2009, e Gold, lançado em 2011 — cimentaram-nos como nome a seguir e levaram-nos a tocar pela Europa, cada um representando um refinar da sua sonoridade. O primeiro mais rockeiro e direto, o segundo de pendor mais experimental, com teclados e texturas a roçar o prog de uns Elder, mas mais urbano que bucólico.

O intuito dos Men Eater, portanto, era aproveitar para celebrar a data redonda… o que não aconteceu. Mike assume o cliché numa piscadela de olho: “Tivemos de arranjar um motivo. Não havia maneira de voltar só por voltar. Conseguimos que o primeiro single saísse ainda no ano que o Hellstone fazia 15 anos. Foi a desculpa, aquela jogada de marketing”. Assim foi. Primeiro saiu Multitude, depois Mortice e Worshipers foram aguçando a curiosidade ao longo de 2023, até que Men Eater conheceu a luz do dia já em dezembro.

Um diálogo com 15 anos

Com os cuidados necessários, a banda começou a juntar-se no estúdio caseiro de Mike, entre testes e máscaras. Num mês, o disco estava feito, com os Men Eater a pegar nos temas em pré-produção e a levá-los para o Black Sheep.

“Tentámos mudar algumas coisas, em jeito de autodefesa, para não repetir certos erros que cometemos no passado. Mas depois percebemos que o problema éramos nós, não o método!”, confessa Mike, acrescentando que, se houve mudanças de fundo, não foram pensadas. Azeitona, porém, diz que houve uma alteração na forma como a música foi concebida. “Foi a maneira como idealizámos. Nos outros [discos] foi na sala de ensaio a tocarmos e aqui foi sentados a compor e a ir gravando. Foi mais metódico, penso eu”, assume o guitarrista.

Essa mudança não surpreende, tendo em conta que, desde que os Men Eater pararam, em 2016, os seus elementos andaram por mundos muito diversos, alguns até bem longe do universo do grupo: se Bibi andou por bandas rock como Riding Pânico e Keep Razors Sharp, Gaza disparou militância com o grindcore dos Besta e experimentação no seu projeto a solo Cobrado. Já Mike — para dar apenas alguns exemplos — tocou com os More Than a Thousand, formou os Correia com o irmão Poli — dos Devil in Me e Sam Alone — e lançou-se a solo com Fantasma, além de trabalhar com fotógrafo e videógrafo com nomes como Dino d’Santiago e Tribruto, seus conterrâneos de Quarteira. E além do regresso à sua banda, está a tocar bateria com The Legendary Tigerman.

Posto tudo isto, imperava a pergunta: terá sido necessário filtrar todas estas influências para não contaminar o som de Men Eater? A resposta em uníssono foi um redondo não. “Foi super natural”, afirma Mike. Como foi acima mencionado, o que a banda concede ter mudado foi a forma como tratou de burilar as músicas com uma abordagem menos de improviso e mais metódica.

“Apesar de termos tocado para cacete e a banda ter crescido, foi para um lado que não queríamos. Com este [álbum] foi algo como ‘é para nós, estamos a gostar? Então bora’”.

O que exibem em Men Eater é um regresso a Hellstone, não tanto como um exercício revivalista, mas mais como um retomar da liberdade que sentiam enquanto miúdos para compor sem pensar no crescimento da banda. Apesar de ter sido um disco bem recebido, Mike, por exemplo, lamenta o rumo tomado em Vendaval para um som mais acessível. “Apesar de termos tocado para cacete e a banda ter crescido, foi para um lado que não queríamos. Por um lado, perdemos o pessoal do Hellstone, por outro, fomos para uma cena mais rockeira. Com este [Men Eater] foi algo como ‘é para nós, estamos a gostar? Então bora’”.

Cai-se por vezes na tentação de ler as intenções de uma banda na forma como um álbum começa e este texto deixa-se tropeçar sem vergonha nesse enquadramento analítico. Isto porque Men Eater não inicia propriamente com um tiro de partida — Grail, espraiada ao longo sete minutos, assemelha-se mais a salvas de canhões sequenciadas. Notas de baixo distorcido dão lugar à martelagem sónica de toda a banda, sucedendo-se depois um riff pesadão de balanço confiante — a recordar o início dos Baroness, por exemplo — e aos rugidos de Mike. Se tudo isto não bastasse, os Men Eater ora lançam-se num refrão que fica no ouvido, ora deixam-se ficar no pano de fundo para criar uma paisagem desértica, pintalgada pela guitarra lap steel de Frankie Chavez, um dos três convidados deste longa duração.

Se tudo isto parece muito — demasiado, dirão alguns — para absorver numa só canção, é suposto. Os Men Eater não voltaram para cair nas graças do público nem para tentar chegar aos topos das tabelas de vendas, muito menos terem músicas em playlists. ”Fizemos o álbum para nós e, sendo assim, fomos compondo aquilo de que gostávamos sem pensar muito na reação [do público]. Claro que acabas por pensar sempre, mas não foi o foco”, afirma Azeitona. Multitude, por exemplo, também não poupa no tempo que leva a contar a sua história quase bíblica, entre desespero e carinho. “Through the dark // We found our madness // For all this time // Lost and careless // Amongst lovers //Repair each other”, grita Mike, sobre a propulsão stoner da restante banda.

“Estamos a viver um momento um bocado esquisito em muitos aspetos. O pessoal está predisposto a outras formas de ouvir a música. E nota-se isso nos festivais grandes. Há bandas que só vão tocar porque têm aqueles 15 segundos que batem. Depois vais assistir a uma hora de concerto e... não se passa nada, ninguém conhece. Está muita esquisito.”

De resto, o espírito de Hellstone vive neste disco de outras formas além da despreocupação. Não só há referências nas letras às músicas desse mesmo lançamento, como foi recuperado material desse tempo. “Tentei meter alguns riffs ainda da altura do Hellstone, não havia tomates [para usá-los]”, revela Mike. Outros, no entanto, são passagens que entraram mesmo nesse álbum e que surgiram de forma inconsciente neste disco. “A estrutura é igual, só a cadência é diferente”, continua o vocalista, que assume que a banda deixou ficar porque se enquadram bem nos novos temas. “Fica na mesma, é nosso!”, dizem entre risos.

Mas toda esta conversa representa apenas uma parte do que é este disco. Mais do fazer-se da soma de riffs, coros e batidas em composições trabalhadas com outra maturidade, este álbum tem uma qualidade densa, quase grudenta, cuja responsabilidade cai num nome: André Hencleeday, o novo elemento de Men Eater.

Um joker por acaso

A história de como o multi-instrumentalista — cuja atividade vai desde ensembles de improviso e grupos jazz a bandas de metal extremo — integrou os Men Eater é quase boa demais para ser verdade: um fã de sempre que se juntou por obra do caso. O melhor é ser o próprio a contar.

“Tinha acabado de tocar num festival nas Caldas da Rainha com os Medusa Unit, um ensemble do violoncelista Ricardo Jacinto. E tinha uma boleia da Suze Ribeiro, que é uma técnica de som, que mora por acaso em Mem Martins, junto à Black Sheep. Na altura pensei ligar ao meu amigo Bibi e basicamente aterrei lá com eles a gravar”, recorda.

Ao invés de ficar no seu canto a ser um aficionado com vista privilegiada, André aproveitou um intervalo que a banda estava a fazer para pôr-se a brincar com um teclado Rhodes. “O meu instrumento é o piano e, basicamente, como eu, quando era puto, de vez em quando, fazia uma espécie de mini covers do Hellstone, pus-me a tocar a primeira música do álbum, a Revolver, e transpus o riff inicial para cima de uma música que eles estavam a gravar”, declara, referindo-se a Remnant.

Ora, na altura, André apenas conhecia Bibi, e não estava preparado para o susto que ia ter quando Mike, ao ouvir a mistura, irrompeu pelo estúdio. “Estava eu a fumar um cigarrinho à porta e começo a ouvir o riff em cima da malha. E fico ‘mas estou maluco, quem é que gravou isto. Porra, isto fica lindo, era mesmo bom metermos um easter egg do primeiro riff da primeira música do Hellstone numa música nova’. Entro e está ele no Rhodes”, acrescenta.

O diálogo, recordam, terá sido o seguinte:

— “O que é que estás a fazer, pá?!”, perguntou Mike.
— “Desculpa, eu paro”, respondeu André.
— “Paras o quê? Vai é já gravar isso!”, retorquiu Mike.

“A partir daí, comecei a ser um assíduo nas gravações”, diz André, que pouco depois recebeu um convite para passar os Men Eater de quarteto para quinteto. “Fomos almoçar e perguntámos se ele queria entrar nos Metallica”, confirma Mike. “O disco soa ao que soa por sua causa. Foi ele que o lixou!”, brinca o vocalista. Foi pela sua mão que Men Eater ganhou outra consistência, ficando repleto de pratos suspensos, teclados, guitarras ambiente e sons maquinais em camadas.

“O importante é rirmo-nos destas cenas. Essa também foi a premissa de voltarmos, de que somos amigos e queremos curtir”

Para Remnant, além do riff acima referido que vai surgindo na mixagem, sobrepôs 20 gravações de violinos, transformando uma música já de si pejada de negrume num exercício fantasmagórico. É o complemento certo à voz de Sara Badalo, que carrega esta marcha fúnebre de doom metal pelo pântano num carpir lamentoso até explodir num pranto qual A Great Gig in the Sky do mal.

Já em Uma Multidão de Pecados, André Henriques canta sobre um ritmo marcial e esparso que vai sendo acompanhado por cordas desconjuntadas ou sons das palhetas metálicas de uma caixa de música semi-destruída até a música cair num abismo. E aos gritos de “eu sou a mais comportada das tuas ovelhas” responde a banda com peso tectónico, talvez o mais intenso a que os Men Eater já soaram.

Contabilizam-se três convidados em Men Eater, mas a ideia era serem ainda mais. “O disco era para ter convidados nas músicas todas, mas depois achámos que era impossível”, afirma Mike, com Bibi a acrescentar que deixaram cair a ideia porque seria “impossível de recriar ao vivo”.

Esta admissão coexiste, ainda assim, com outra: a de que não vão tentar recriar todo este aparato sonoro em concerto se podem recorrer a pré-gravações, focando-se assim na sua performance. Tal como ficaram para trás os tempos em que carregavam resmas de amplificadores quando muitas vezes as salas nem tinham capacidade para suportá-los. “Recuperando o tema da maturidade, o facto de termos tido outros projetos trouxe-nos uma mentalidade de ‘bora cagar para os clichês e para os preconceitos’… Mano, tudo o que é percussões está a sair do PA. Não está ninguém a tocar shakers na banda. Qual é a cena? O pessoal quer ver-nos, quer lá saber disso”, afirma Mike. Ser prático é o lema a seguir — e isso relaciona-se com onde os Men Eater querem estar.

A estranheza de descobrir ser um veterano

Não obstante as dores de crescimento, tudo parecia correr de feição aos Men Eater durante o seu período de atividade. Só que “man eater” é uma expressão que também podemos aplicar à própria indústria musical, conhecida por devorar os seus. A frustração de não conseguir ir mais longe meteu um travão às ambições da banda, a constatação de que este não era um projeto viável a nível financeiro tratou do resto. Depois de um hiato interrompido por alguns concertos, os Men Eater penduraram as guitarras depois de um concerto a 3 de junho de 2016 no Stairway Club, em Cascais.

Com o benefício da distância, Mike mostra-se sem papas na língua quanto a esses tempos. “Eles sabem disto. Assim que o concerto começava, eu pensava ‘isto nunca mais acaba’. Só me queria ir embora. Não sentia já nada. E depois era isso, como eu tinha alguma expectativa daquilo poder ir a algum lado, dava por mim a tocar em sítios piores do que quando começámos, a sentir-nos a andar para trás”.

“Conseguimos com que os nossos rendimentos não venham diretamente da banda. Podemos fazer isto quando dá para fazer e quando as condições ao menos se proporcionam para podermos ir e voltar”, assume Mike. “A nossa expectativa hoje é acabarmos o concerto e estarmos felizes — e que o último a chegar a casa diga que chegou bem”.

Nada podia ser mais diferente do que o atual estado de espírito da banda em 2024 — prova disso é que Gaza chegou a meio da entrevista porque teve de levar o filho à natação e esqueceu-se do ensaio. “O importante é rirmo-nos destas cenas”, diz Mike. “Essa também foi a premissa de voltarmos, de que somos amigos e queremos curtir”, completa Azeitona.

No entanto, não deixa de ser curioso constatar que, apesar de nem duas décadas se terem passado desde a sua formação, os Men Eater já poderem ser considerados veteranos deslocados no tempo. Agora que voltaram, são das poucas bandas desse período ativas, quase como que anciões de um tempo perdido. “Isso é muito estranho. Nós temos 40 anos… É bué estranho ser ancião com 40 anos”, desabafa Azeitona. “O ancião já é uma cena mais recente. O vintage é uma cena com 10 anos”, observa Mike.

A banda regressa numa fase em que o panorama da indústria mudou por completo. Veja-se que, quando os Men Eater lançou “Gold”, o streaming estava a dar os primeiros passos, e quando acabaram, o Tik Tok ainda não ditava tendências musicais. “Estamos a viver um momento um bocado esquisito em muitos aspetos. O pessoal está predisposto a outras formas de ouvir a música. E nota-se isso nos festivais grandes. Há bandas que só vão tocar porque têm aqueles 15 segundos que batem. Depois vais assistir a uma hora de concerto e… não se passa nada, ninguém conhece. Está muita esquisito”, afirma Gaza.

O baixista, contudo, frisa que não é saudosista quanto ao passado. “Não ficamos dececionados de maneira nenhuma porque já vivemos o nosso momento”, nota. Os blogs de música alternativa perderam fulgor, a crítica é quase inexistente, mas isso pouco afeta o percurso delineado. Fazer as coisas pelo amor à música, tentar tocar para os fãs que não os ouviam há anos e tentar conjugar tudo isso com as outras ocupações que vão tendo, é esse o plano dos Men Eater. “Conseguimos com que os nossos rendimentos não venham diretamente da banda. Podemos fazer isto quando dá para fazer e quando as condições ao menos se proporcionam para podermos ir e voltar”, assume Mike. “A nossa expectativa hoje é acabarmos o concerto e estarmos felizes — e que o último a chegar a casa diga que chegou bem”, continua.

Há, porém, a admissão de que gostariam de ter mais datas marcadas — mas também assumem estar a declinar convites por não reunirem condições. “Se aceitássemos tudo o que chega, tínhamos já 10 concertos já marcados, ou mais”, revela Azeitona, ao que Gaza completa “não vamos estar a fazer o mesmo que já fizemos há anos e anos”.

“Para te dar um concerto que nunca te dei, preciso de uma equipa técnica que nunca tive e essa equipa custa o dinheiro que não tenho. E se não tenho o dinheiro, tenho pelo menos de ter o cachê para ter condições…”, reage Mike. Ainda assim, Men Eater já tem outras datas na calha, mas que ainda não pode revelar. Quanto ao Lux, o objetivo é dar tudo em palco, sem precisar de suar. Arredados durante seis anos, terão algum tipo de receio de ter ferrugem? É o novo membro que tem a resposta mágica. “Não, é só preciso diazepam e imodium”, diz André, antes da derradeira explosão de risos.

 
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