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Elon Musk Buys Social Network Twitter
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Primeiro Elon Musk queria comprar o Twitter. Agora terá perdido o interesse, alegando que a empresa falhou no fornecimento de informações sobre as contas falsas na rede social.

Getty Images

Primeiro Elon Musk queria comprar o Twitter. Agora terá perdido o interesse, alegando que a empresa falhou no fornecimento de informações sobre as contas falsas na rede social.

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Musk já não quer o Twitter mas pode sair desta saga com mais dinheiro no bolso

Elon Musk “rasgou” a intenção de compra do Twitter, gerando mais uma reviravolta no processo. A rede social quer que o negócio se concretize, mas o desfecho pode não ser assim tão simples.

Queria mas já não quer. Este bem poderia ser o resumo à portuguesa do capítulo mais recente da “novela” de Elon Musk e da compra do Twitter. Em abril, a oferta hostil de Musk para adquirir a rede social fez correr tinta, muito pelos ambiciosos planos do dono da Tesla e da SpaceX para a empresa, que implicavam até uma retirada de bolsa, mas também pelos 54,2 dólares por ação, que geraram o redondo montante de 44 mil milhões de dólares.

Primeiro, o Twitter torceu o nariz à oferta feita por Musk — que sempre frisou que era “a melhor oferta”, fechando a porta a subidas. Do lado do tecnológica chegava a ideia de que a oferta subvalorizava as ações da rede social. A 25 de abril, as duas partes chegaram a um acordo para a venda.

Tudo mudou na passada sexta-feira, quando Elon Musk notificou a empresa de que já não ia avançar com a compra, apontando que o Twitter falhou no tema da divulgação de quantas contas de bots tem a plataforma.

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Mas, independentemente do desfecho final deste processo, Elon Musk poderá vir a terminar com mais dinheiro no bolso, apesar da desvalorização das ações da Tesla, por exemplo. “Elon Musk não é conhecido por ser um perdedor, bem pelo contrário, sempre que entra em algum negócio é para ganhar”, recorda Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa.

É importante distinguir que o estatuto de homem mais rico do mundo, pelo menos de acordo com o Billionaire’s Index, da Bloomberg, está fortemente ligado às ações que o magnata sul-africano tem nas suas diversas companhias, mas principalmente na Tesla. Sendo a fabricante de automóveis elétricos uma empresa cotada em bolsa, está dependente das movimentações do mercado e a fortuna estimada de Musk vai sofrendo alterações com as variações da cotação da companhia.

Daí a diferença entre as estimativas da fortuna e o dinheiro que efetivamente Musk poderá ter no bolso. Aliás, assim que o Twitter concordou com a venda a Musk, surgiram as dúvidas sobre como é que o multimilionário poderia comprar a rede social, já que para chegar aos 44 mil milhões teria de vender uma grande quantidade de ações da Tesla – o que poderia “assustar” os investidores e baixar a cotação dos títulos.

A Reuters estima que poderá ser no dinheiro que Musk tem efetivamente que o dono da Tesla poderá sair “por cima”, já que Musk estará com cerca de 8,5 mil milhões de dólares no bolso, o equivalente a 8,48 mil milhões de euros à atual conversão, resultante da venda de ações da Tesla.

“Elon Musk não é conhecido por ser um perdedor, bem pelo contrário, sempre que entra em algum negócio é para ganhar."
Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa.

Os títulos da companhia terão sido justamente uma das formas de Musk conseguir financiar a agora incerta compra do Twitter. Só na última semana de abril, Musk vendeu 9,6 mil milhões de ações da companhia, com um preço próximo de 885 dólares por ação. Perante este cenário, mesmo que a venda não se concretize, Musk poderá terminar o processo com uma posição financeira reforçada.

Mas o cenário é ligeiramente diferente olhando para as estimativas da Bloomberg para a fortuna de Musk. O património total rondará os 215 mil milhões de dólares, ocupando o posto de homem mais rico do mundo, mas até este ponto do ano o dono da Tesla já terá perdido 55,3 mil milhões de dólares. Paulo Rosa aponta que há alguns fatores a justificar esta variação, nomeadamente a desvalorização das ações da fabricante de carros elétricos. “A Tesla, apesar de fabricante de automóveis, é principalmente uma empresa tecnológica. E, como todas as empresas tecnológicas, as ações da Tesla foram das que mais desvalorizaram desde o início do ano, penalizadas pelas subidas dos juros”, contextualiza. “Outros factos, como a compra do Twitter, também podem estar na origem das quedas da Tesla, mas a alta dos juros é o principal motivo para o desempenho negativo da Tesla nos dois últimos trimestres.”

Por seu turno, as ações do Twitter têm estado a desvalorizar, a acompanhar o desenvolvimentos desta saga. “Diante dos avanços e recuos da oferta de compra, e ao sabor das declarações de Elon Musk, as ações desvalorizaram e não só regressaram aos níveis pré-acordo de compra, como já cotam junto ao mínimo deste ano, registado em meados de março, nos 32 dólares por ação”, nota Paulo Rosa.

As ações do Twitter começaram a refletir as consequências do anúncio de Musk ainda no “after hours” de sexta-feira, recuando 6%. Na sessão desta segunda-feira, a primeira negociação completa após a mudança de ideias do dono da Tesla, os títulos do Twitter afundaram 11%, recuando até aos 32,65 dólares. As ações da Tesla também não ficaram imunes a esta inversão de ideias e caíram 6,5%.

Quais os pontos fortes e fracos do Twitter?

Apesar do contexto mais adverso no que diz respeito às ações, Paulo Rosa vê pontos fortes na rede social, que possam motivar uma aquisição. “Um dos principais pontos fortes do Twitter é a sua utilização por figuras públicas mundiais, que preferem maioritariamente esta rede social, desde políticos, atores de cinema a atletas e bandas musicais”, refere.

“Também no que concerne às redes sociais, o Twitter é a segunda plataforma mais popular a nível global, a seguir ao Facebook.” A estes fatores alia-se ainda a “imagem de marca forte”, com Paulo Rosa a dar nota do “logótipo, da cor e da mascote do Twitter”, que o torna “único e fácil de reconhecer”.

Já a questão financeira poderá ser uma das fragilidades da companhia. “A dependência da receita quase exclusivamente de um negócio é um dos principais pontos fracos do Twitter. O modelo de negócios do Twitter é altamente dependente da sua plataforma. Na verdade, os anúncios na rede social são a principal fonte de receita da empresa. Mais de 80% da receita do Twitter é proveniente de serviços de publicidade.”

“Também um ponto fraco são os perfis falsos, mas este é um problema transversal às redes sociais”, nota este analista. Por fim, “a falta de inovação é outro problema do Twitter. Esta plataforma é ótima para informações, notícias e atualizações. Mas há uma coisa que falta ao Twitter há muito tempo: inovação.” Paulo Rosa aponta que a falta de inovação “causa preocupações” à companhia, referindo ainda que o “abandono dos utilizadores é uma realidade, nomeadamente a geração mais nova, porque acham o Twitter muito monótono”, o que leva a empresa a um “crescimento lento de utilizadores”.

Contas falsas no Twitter “atrapalharam” a aquisição

A comunicação de Elon Musk à SEC, o regulador dos mercados nos Estados Unidos, aponta o dedo ao Twitter, referindo que a empresa falhou em especificar o número de bots presentes na plataforma. E, neste contexto, usou a expressão “material adverse effect” para classificar esta questão, em português, um efeito material adverso.

Numa comunicação assinada pelo advogado Mike Ringler, partilhada com a SEC, é defendida a tese de que “o Twitter por vezes ignorou os pedidos do senhor Musk, às vezes rejeitando-os por razões aparentemente injustificadas e por vezes indicando que tem estado em conformidade enquanto dava ao senhor Musk informação incompleta ou que não era possível usar”.

Esta não foi a primeira vez em que Elon Musk recorreu à ideia de que precisava de saber concretamente quantas contas falsas tem a plataforma antes de avançar para a compra. A 13 de maio, por exemplo, o sul-africano suspendeu “temporariamente” o negócio até saber se as contas de spam e contas falsas representavam ou não menos de 5% dos utilizadores da rede social.

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Se essa é a única razão ou não para esta inversão de marcha no sentido da aquisição é uma incógnita, mas Paulo Rosa recorda outro ponto desta nem sempre fácil relação entre Musk e o Twitter. “Elon Musk não concorda com a atual postura do Twitter no nível de liberdade das publicações. Uma alteração nesta política agradaria a Musk, mas poderia inquietar e acelerar o abandono do Twitter por utilizadores que se reveem na atual conduta de procedimentos do Twitter”, refere este analista. “E esta pode ter sido uma das razões para Musk abandonar a compra do Twitter.”

O que responde o Twitter?

Do lado do Twitter, que também já teve várias posições sobre esta aquisição, a reação ao anúncio de que já não quer avançar com o negócio é clara: o processo é para avançar. Pelo menos foi essa a mensagem partilhada por Bret Taylor, que lidera o conselho de administração do Twitter e também é co-CEO da Salesforce, através de uma mensagem na rede social, a 8 de julho.

“O conselho de administração do Twitter está comprometido em fechar a transação com o senhor Musk pelo preço e nos termos que foram acordados”, era possível ler. E Bret Taylor dava ainda conta de que a rede social “tem planos para avançar com uma ação legal que ponha em ação o acordo de fusão”. Na mesma mensagem, este responsável mostrava-se ainda confiante de um desfecho a favor do Twitter no Delaware Court of Chancery, a instituição conhecida por julgar uma série de casos de litígio entre grandes empresas.

A publicação foi recebida com algumas dúvidas sobre se faz sentido continuar com este processo, merecendo até um comentário de Evan Williams, co-fundador do Twitter. “Tenho a certeza de que há razões legais/fiduciárias para dizeres isto, Bret”, respondeu. “Mas, se ainda estivesse no conselho de administração, estaria a perguntar se não seria possível deixar este episódio feio desaparecer. Tenho esperança de que esse seja o plano e isto seja cerimónia.”

Também Paul Graham, um conhecido programador e investidor, conhecido por ter fundado a startup Viaweb, mais tarde batizada de Yahoo! Store, comentou a partilha de Bret Taylor. “Querem mesmo pertencer a uma pessoa que não vos quer comprar?”

A Bloomberg avançou que uma queixa poderá ser apresentada junto deste tribunal ainda esta semana. E, caso este possível processo Twitter versus Musk venha a usar a história como guia, os próximos tempos poderão não ser pêra doce para o multimilionário sul-africano. De acordo com a norte-americana Time, ao longo dos últimos casos que têm pontos em comum com este negócio, o tribunal raramente tem dado razão ao comprador que desiste da compra, como fez Musk.

O que é que ainda pode acontecer?

Há várias hipóteses em cima da mesa para o desfecho desta saga, mas por agora é ainda difícil perceber o que poderá acontecer.

Uma das possibilidades poderá ser a mais simples para todas as partes. Uma vez que as condições da aquisição determinam que, caso mude de ideias, Musk tem de pagar mil milhões de dólares, uma espécie de taxa, o magnata faz esse pagamento e o processo cai por terra. Esta será pelo menos uma das hipóteses que aparentemente tem Evan Williams na lista de apoiantes. Uma opção que faria com que não fosse necessário avançar para tribunal.

Mas esta hipótese poderia trazer um amargo de boca para o Twitter: poderá desvalorizar a cotação das ações da companhia – que este ano estão a recuar cerca de 23% -, fazendo com que um novo comprador possa apresentar um preço por ação ainda mais baixo. Até ao momento, são desconhecidos outros possíveis interessados na aquisição da empresa.

Outro cenário poderá passar por um desfecho em tribunal, em que Elon Musk poderia mesmo ser obrigado a comprar o Twitter. No entanto, a CNBC recorda que não há uma decisão do género em que o tribunal tenha determinado uma ação do género com uma aquisição de um valor tão elevado. Este seria o melhor cenário para os investidores do Twitter, é certo, mas poderia deixar tanto a empresa como os trabalhadores numa posição mais incerta. Afinal, Elon Musk já abriu a porta a despedimentos e mudanças drásticas na rede social.

Num cenário em que este tema avance para tribunal e haja uma decisão a favor de Musk, isso poderia significar que o magnata sul-africano ficaria excluído de pagar os mil milhões por não avançar com o negócio.

Existe ainda a possibilidade de Elon Musk mudar novamente de ideias e aceitar os critérios definidos no negócio. Não seria uma hipótese totalmente fora da caixa para o dono da Tesla e da SpaceX, por exemplo, conhecido pelas suas publicações mais ou menos polémicas e rápidas mudanças de estratégia.

Contraditório, sem filtros e com publicações que lançam o caos. Detalhes do Twitter de Musk, que quer comprar a rede social

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