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Pedro Mota Soares em entrevista na Vichyssoise
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Pedro Mota Soares em entrevista na Vichyssoise

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Mota Soares em entrevista na Vichyssoise

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

"Portas é a pessoa com mais capacidades no centro-direita para candidatura a Belém"

O antigo ministro do CDS, Pedro Mota Soares, acredita que Melo pode recuperar o CDS. Diz que é cedo para se definir quem é candidato às Europeias. Apoiaria candidatura de Portas a Belém em 2026.

Pedro Mota Soares é um dos subscritores da moção de Nuno Melo e acredita que o eurodeputado é a pessoa certa para recuperar o CDS e voltar a dar ao partido representação parlamentar. Em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador, o antigo líder da bancada parlamentar do CDS diz que é “completamente extemporâneo” estar a dizer se poderá ser o candidato do CDS às Europeias.

O também antigo ministro da Segurança Social diz que o Presidente da República pode ter que “refazer a sua palavra” ao dizer que convoca eleições caso o primeiro-ministro saia para a Europa. Para 2026, admite que Paulo Portas é quem, no “centro-direita”, está mais bem preparado para vencer uma corrida a Belém e que lhe daria “apoio e voto”.

Sobre a polémica do chumbo dos vice-presidentes de Chega e IL no Parlamento, Mota Soares sugere que votaria nas indicações desses partidos, tal como fez com outros com ideologias diametralmente opostas da sua: “Votei quer em vice-presidentes do PCP, quer em vice-presidentes do BE”.

[Ouça aqui o programa desta semana da Vichyssoise:]

Costa retido, menos dois vices e Portas Presidente

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O Congresso que começa amanhã corre o risco de ser o último Congresso da história do CDS?
Não. É uma oportunidade que o CDS tem. De facto é, não diria a última, mas é uma grande oportunidade para o CDS mostrar uma coisa que me parece muito evidente. O CDS faz falta a Portugal. Faz falta em Portugal um partido de centro-direita que tenha uma enorme consciência social, responsabilidade social. Faz falta um partido que tenha uma dimensão nacional sobre o que é o país, na nossa fronteira e fora da nossa fronteira o papel que Portugal tem que ter. Um partido de direita e centro-direita que fale diretamente às pessoas que trabalham, que pagam impostos, que sentem que pagam demasiados impostos e que levam uma parte do Estado às costas.

Nisso que está a dizer, com um partido liberal que parece estar em franco crescimento e outro que vai buscar todo o eleitorado mais conservador, em que espaço está o CDS e o que é que tem para oferecer aos eleitores que não encontrem noutros partidos?
O que o partido tem para oferecer ao país: ideias, valores, convicções. Acho que os do CDS continuam a fazer todo o sentido. Este espaço de uma direita com consciência e preocupações sociais, com consciência nacional do que é a soberania do país não está ocupado. Só venho falar do CDS, não falo dos outros partidos. Nos últimos dias, depois de um resultado eleitoral que é o pior da história do CDS fiquei muito surpreendido pela quantidade de pessoas que me abordaram mostrando-se disponíveis para ajudar o CDS. Sabem que não tenho grande fé nas sondagens, mas são indicadores relevantes e importantes. Curiosamente uma sondagem feita 15 dias depois do ato eleitoral colocava o CDS, com Nuno Melo à frente, como a terceira força política.

Fala de uma sondagem que simulava o PSD com a liderança de Luís Montenegro e com Nuno Melo a liderar o CDS.
Esta sondagem denota que há muita gente que também sente que o CDS faz falta, que tem o seu espaço na democracia e na política portuguesa. Certamente que o CDS é um partido de quadros, sempre foi, tem provas dadas. Demonstrou sempre que tenta ter os mais capazes para desempenharem funções, mas um partido é útil quando chega às pessoas. Dou-lhe um exemplo: estamos a viver uma crise energética, o primeiro político que ouvi em Portugal a dizer que o Governo devia descer já o ISP foi o Nuno Melo, demonstra que estudou a matéria. Nuno Melo disse algo que me parece muito relevante, disse que isto não pode funcionar só a favor dos cofres do Estado também tem que funcionar a favor da carteira dos portugueses.

O Governo justifica o aumento dos combustíveis pela questão ambiental.
Uma boa defesa do Governo, mas neste momento o que o Estado está a encaixar como receita adicional de IVA é muito superior a tudo o que quisesse transferir para outro efeito. Neste momento há uma enorme margem que não tem nada a ver com questões ambientais que o Governo está a arrecadar em IVA que podia devolver aos portugueses, não tem nada a ver com impostos verdes, tem a ver com encher os cofres do Estado.

Nuno Melo é um dos mais capazes e preparados do CDS com vontade numa altura que é muito difícil, tem coragem.

Voltando às questões internas do CDS, o que é que Nuno Melo tem que faltou a Francisco Rodrigues dos Santos que o faça acreditar que pode fazer o CDS recuperar a sua representação parlamentar?
Vou falar para a frente e para fora. Não vou falar para trás e para dentro. Neste momento o Nuno Melo é a pessoa capaz para segurar o CDS e voltar a fazer crescer o CDS. É eurodeputado do CDS, tem um espaço próprio de intervenção, representa o CDS e continua a falar em nome do CDS no Parlamento Europeu, sabemos que as questões europeias são absolutamente essenciais em Portugal. É um dos mais capazes e preparados do CDS, que tem vontade numa altura que é muito difícil, tem coragem.

Participou na moção de Nuno Melo e por isso pergunto-lhe sobre a questão mais polémica dessa moção: concorda que os jovens delinquentes devem ter formação militar?
Discordo, com todo o respeito, num ponto. Li a moção toda e acho que tem aspetos que são muito mais relevantes neste momento para a sociedade portuguesa. Portugal está a viver uma enorme crise energética, o CDS está a apresentar soluções, a Europa e Portugal está a viver uma crise humanitária e está a dar uma resposta francamente positiva. No momento em que se vive a maior crise de refugiados de que há memória o Governo decidiu extinguir o SEF que seria essencial para enquadrar estas pessoas.

Mas essa decisão já estava tomada antes.
Nuno Melo disse uma coisa que me parece muito óbvia e evidente: suspendam essa mesma decisão. Não digam a muitos homens e mulheres que fazem parte dessa força que daqui a um mês a sua vida vai mudar porque o serviço vai ser extinto. Não ouvi ninguém em Portugal a dizer o que Nuno Melo e CDS disseram nessa moção, é um ponto muito relevante que gostava de ver discutido.

Pedro Madeira Rodrigues, militante do CDS, escreveu na quinta-feira numa artigo de opinião do Observador que “pessoalmente tinha esperanças que fosse Mota Soares a dar o passo em frente”. Porque é que não avançou?
Antes de mais, sou amigo do Pedro Madeira Rodrigues. Acho que escreveu mais por amizade do que por outra coisa.

Não tem as qualidades necessárias para ocupar esse cargo?
Neste momento a pessoa que está mais capacitada e tem mais condições para o fazer é Nuno Melo.

Pedro Mota Soares e Nuno Melo durante uma ação de campanha para as eleições europeias de 2019

LUSA

Mas vê-se nesse papel no futuro?
Sou católico e, portanto, digo mesmo sempre convictamente que o futuro pertence a Deus, muitas vezes não pertence aos homens. O primeiro papel que um militante disciplinado de um partido tem que ter é ajudar esse mesmo partido e nunca me pus de fora da construção do partido. Neste momento, e é sobre isso que estamos a falar, a candidatura que acho que tem mais rasgo, capacidade de devolver a Portugal um CDS forte, coeso, com capacidade de intervenção na sociedade é o Nuno Melo.

Paulo Portas e Assunção Cristas já manifestaram apoio a Nuno Melo. Paulo Portas tinha ficado fora da última eleição e creio que não declarou apoio a João Almeida. Isto significa que o antigo líder está disposto a ajudar o partido a recuperar?
Paulo Portas é militante do CDS.

Mas tem estado muito afastado nos últimos tempos.
E é normal e legítimo. Percebemos que face aos desafios que tem pela frente e o que está a fazer noutros planos não seja tão ativo no CDS. O facto de ser militante não quer dizer que temos de dar 24 horas do nosso dia a um partido. Fiquei muito contente quando vi esse apoio. Acho que Paulo Portas é certamente um dos melhores que temos em Portugal, até pelo que vimos recentemente sobre a guerra na Ucrânia. É dos quadros políticos mais preparados que Portugal tem.

O CDS precisa de todos. Neste momento da história do CDS temos uma oportunidade. Essa oportunidade é feita já neste congresso, não a podemos desperdiçar.

A ausência de intervenções de Paulo Portas não pode ter ajudado também o partido a chegar a este momento?
Acho que não. Um ex-presidente de um partido tem que ser sempre muito contido nas intervenções que faz. É a natureza das coisas. Há pouco tempo tínhamos um debate sobre se o Presidente da República será mais ativo ou menos ativo num governo de maioria absoluta. Mal comparando, quando um Presidente da República é muito ativo num governo de maioria absoluta isso tira espaço ao líder da oposição. É um pouco a mesma coisa, se um anterior presidente do partido também for muito ativo retirará espaço ao atual presidente do CDS. Fiquei contente ao ver quer essa nota de Paulo Portas, quer a de Assunção Cristas que reforça ainda mais a minha convicção. São muitas pessoas a dizer a mesma coisa.

E o apoio de Manuel Monteiro, também é bem-vindo?
O CDS precisa de todos. Neste momento da história do CDS temos uma oportunidade. Essa oportunidade é feita já neste congresso, não a podemos desperdiçar.

O primeiro grande desafio são as eleições europeias. Está disponível para ser o cabeça de lista do CDS às Europeias?
Não é uma questão que se coloque sequer neste momento. Estamos a falar das eleições que são num quadro temporal longínquo. O CDS tem um eurodeputado, ainda por cima é de excelência e até tem a coragem de ser candidato a presidente do partido. O CDS tem de voltar a falar de causas, de ideias, voltar a colocar a sua agenda em cima da mesa. A agenda europeia hoje não é certamente igual à de há dois anos, a União Europeia mudou muito com a pandemia e agora está a mudar muito com a guerra na Ucrânia. As duas crises que ultrapassámos abanaram muito os fundamentos da UE. É completamente extemporâneo estarmos a dizer que tem de ser uma pessoa ou outra.

Acho curioso que alguns partidos que se dizem contra o sistema a primeira coisa que querem ter é estarem dentro do sistema.

Olhando para a atualidade. Se estivesse na Assembleia da República tinha votado a favor dos vice-presidentes da IL e do Chega?
O facto de a Assembleia da República ter quatro vice-presidentes dos quatro maior partidos tem um significado histórico. Não foi sempre assim, alargou-se o número de vice-presidentes da Assembleia da República numa altura em que o PCP não tinha direito a um vice-presidente. Politicamente o significado de existirem quatro vice-presidentes é, muitas vezes, o que as pessoas chamam pejorativamente o ‘sistema’. Nessa altura foi curioso que o PCP entrou no sistema. Não gosto muito de especular sobre votações onde não estou, mas posso dizer que quando fui deputado votei quer em vice-presidentes do PCP, quer em vice-presidentes do BE e achei sempre curioso que esses partidos que eram contra o sistema se apresentavam ali dentro. Acho curioso que alguns partidos que se dizem contra o sistema a primeira coisa que querem ter é estarem dentro do sistema. Quando em quatro vice-presidentes da Assembleia da República, num governo de maioria absoluta, numa Assembleia da República de maioria absoluta só são eleitos dois desses vice-presidentes, nomeadamente os dos maiores partidos acho que não faz bem à democracia.

Cotrim Figueiredo não foi eleito por culpa do PS?
Não sei de quem foi a culpa, não estava lá nem participei no processo.

O candidato do PSD teve mais votos, por exemplo, que a candidata do PS.
Isso também é normal. Muitas vezes há umas pessoas que são mais bem-quistas que outras. Os eleitores que escolheram aqueles partidos para quatro maiores, veem de alguma forma limitada a sua escolha porque alguns deputados entenderam não votar, acho que não é um bom sinal para uma Assembleia da República que é de maioria absoluta. É preciso ter imensa atenção às coisas como elas são. Numa Assembleia da República em que um partido procura permanentemente fazer acordos para fazer governar, as coisas são diferentes de uma AR em que esse partido não tem de fazer esses acordos porque tem maioria absoluta. O primeiro-ministro pediu uma maioria absoluta e os portugueses deram-lhe. Acho que não é um bom sinal inicial limitar-se a pluralidade, é disso que estamos a falar, aos dois maiores partidos.

Os eleitores que escolheram aqueles partidos para quatro maiores, veem de alguma forma limitada a sua escolha porque alguns deputados entenderam não votar, acho que não é um bom sinal para uma Assembleia da República que é de maioria absoluta.

Não concorda, portanto, com quem diz que deve ser feito uma diferenciação entre o vice-presidente escolhido pelo Chega e o vice-presidente escolhido pela Iniciativa Liberal. Teria votado positivamente os dois.
Os deputados fizeram isso, as votações não são iguais. Acho muito curioso que um partido como o Chega que se diz fora do sistema querer ter o cargo que mais representa estar dentro do sistema. A Iniciativa Liberal que eu saiba não se diz fora do sistema, nesse sentido não tem nenhuma incongruência na sua opinião.

A questão é se votaria a favor.
Já respondi, dizendo que votei a favor de candidatos do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português.

O Governo também tomou posse esta semana. O Presidente da República fez bem em dizer que não deixa sair o primeiro-ministro para um cargo europeu a meio do mandato pelo menos sem eleições?
O poder mais importante que um Presidente da República tem, tirando os que a Constituição lhe atribui, é o poder da palavra. Falar hoje para um cenário daqui a dois, três ou quatro anos é afoito no sentido em que nenhum de nós consegue imaginar como é que está a política portuguesa nessa altura, nem sequer a política europeia. Nessas matérias, percebo a lógica do Presidente da República e gostei do discurso. Com olhos de hoje julgar os próximos quatro anos pode levá-lo a ter de refazer a sua palavra e isso não é positivo.

Paulo Portas é, por ventura, a pessoa com maior capacidade política neste momento ao centro-direita.

Por falar em Presidente da República, Paulo Portas é um dos nomes mais bem posicionados para protagonizar uma candidatura à direita?
Acho que sim. Paulo Portas é, por ventura, o quadro político, a pessoa com maior capacidade política neste momento ao centro-direita. Conheço as suas capacidades políticas, o perfil e capacidade de trabalho, inteligência e forma como olha para o mundo.

Naquilo que depender de Pedro Mota Soares vai empenhar-se para que isso aconteça.
Sim, terá certamente o meu voto e o meu apoio.

Vamos agora ao Carne ou Peixe, em que tem de escolher uma de duas opções. A quem preferia dar boleia na sua vespa, Francisco Rodrigues dos Santos ou Manuel Monteiro?
Francisco Rodrigues dos Santos, porque tenho mesmo impressão que já lhe dei boleia na minha vespa.

Preferia partilhar um Conselho de Ministros com João Cotrim Figueiredo ou com André Ventura?
Com João Cotrim Figueiredo. Trabalhei num Governo do qual João Cotrim Figueiredo fazia parte no sentido em que estava no Instituto de Turismo, é alguém com quem já trabalhei na vida e correu bem.

Preferia ter uma audiência em Belém, como ministro, com o Presidente Paulo Portas ou Presidente Marques Mendes?
Essa frase só tem um pequeno problema. Não me vejo a ter de novo uma audiência em Belém como ministro, mas para não fugir à pergunta acho que Paulo Portas, se um dia entender ser candidato à Presidência da República terá o meu voto.

Quem é que convidaria para parceiro na corrida, António Costa ou Pedro Nuno Santos?
Vou ser politicamente incorreto, mas parece-me que talvez Pedro Nuno Santos esteja mais fit para essas andanças.

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