Quando ouvem o início da Quinta Sinfonia de Beethoven, tal como poderão ter feito agora mesmo, aquelas quatro notas de trovão a caírem duas vezes dentro dos nossos ouvidos, Tã Tã Tã Tãaaa, Tã Tã Tã Tãaaa, o que vos passa pela cabeça? O trágico, o sublime, o grandioso, o indizível, o génio? As contradições interiores, as fragilidades humanas, as preocupações tumultuosas, as vidas amarguradas, a tensão e a glória permanentes da existência? Uma grande seca, a fazer lembrar as tardes de domingo em casa da tia-avó a ouvir música clássica depois da missa? O vizinho surdo do 3.º esquerdo que se esqueceu de desligar a aparelhagem? O professor de Análise e Técnicas de Composição, a falar sobre o acorde pivô da modulação cromática do compasso 56 do primeiro andamento? Seja o que for, caros leitores, prometo que depois de lerem este artigo não conseguirão ouvir esta sinfonia sem se lembrarem de molas da roupa.
Mas vamos começar pelo princípio.
Allegro con brio
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