Teresa Patrício Gouveia foi distinguida com o Prémio Consagração de Carreira e Inês de Castro Gonçalves, investigadora de ciências biomédicas, com o de Revelação na 35ª edição dos Prémios Dona Antónia. O galardão homenageia mulheres portuguesas que se destacam pela notoriedade profissional e carisma pessoal, potenciando, agora, um objetivo mais ambicioso – o de empoderar 100 mulheres por ano.
“Estes prémios pretendem manter viva a memória de Dona Antónia, perpetuando quer o seu legado empresarial, quer a sua faceta empreendedora e solidária, através do reconhecimento de talento e da distinção de mulheres com percursos profissionais notáveis, que marcam a diferença na sociedade portuguesa”, explicou Raquel Seabra, Administradora Executiva da Sogrape.
Assumindo-se como “guardiã” do legado de Dona Antónia Adelaide Ferreira, e responsável pela sua projeção, a Sogrape tem vindo a desenvolver esta iniciativa de forma a homenagear aquela que se assumiu como uma mulher solidária, empreendedora e carismática do século XX, que desde cedo se dedicou à produção vinícola na Região do Douro, tendo sido uma pioneira, com inovações introduzidas na área.
De acordo com a Administradora, a Sogrape herdou um legado multidimensional que lhe confere responsabilidade acrescida. “Para além da vertente empresarial – cujo impacto económico tem sido reconhecido através de vinhos, marcas e propriedades – temos, ainda, a responsabilidade de perpetuar o seu lado pessoal, de empreendedora, mãe e mulher do Douro, preocupada com as suas gentes e raízes”.
Política, cultura e ciência em destaque
Estas qualidades são também reconhecidas às premiadas desta edição, distinguidas por um júri liderado por Artur Santos Silva, que se destacam no mundo da política e da cultura, da ciência e da investigação.
Teresa Patrício Gouveia recebeu o Prémio Consagração de Carreira pelo seu percurso político, desde há mais de 40 anos, e pela sua intervenção de âmbito cultural. Na sua extensa atividade passou por cargos políticos relevantes como os de Ministra, Secretária de Estado e Deputada, tendo presidido a diversos organismos europeus de cultura, Fundação Calouste Gulbenkian e Serralves. Por isso, foi com “grande orgulho” que recebeu este prémio, de “grande significado por estar associado a uma figura tão especial”. “Dona Antónia continua a inspirar gerações através dos valores que transmitiu, nomeadamente os de empreendedorismo, ambição e sobretudo, generosidade”, garante.
Para Inês de Castro Gonçalves, distinguida com o Prémio Revelação devido ao seu contributo para a inovação na ciência, este prémio representa, simultaneamente, “responsabilidade e honra” já que Dona Antónia foi “uma visionária, com qualidades peculiares e muito à frente na sua época, destacando-se quer pela capacidade de gestão empresarial e familiar, quer pelo empreendedorismo fora do comum”.
E se a primeira se distingue por um percurso profissional extenso e notável, a segunda assume um papel fundamental na área das ciências biomédicas e a liderança do Grupo de Biomateriais Avançados de Grafeno do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e, dentro deste, no Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB).
Empoderamento feminino
Para Teresa Patrício Gouveia, o reconhecimento feminino e a igualdade de oportunidades é, atualmente, transversal a todos os setores nas sociedades europeias.
“Penso que, a nível profissional, já não são feitas distinções entre géneros e que as mulheres estão num patamar perfeitamente alinhado com o dos homens”, salientou, garantindo que nunca experienciou qualquer tipo de discriminação.
Já Inês de Castro Gonçalves, reconhece que, a nível nacional, e sobretudo em cargos de gestão, as mulheres ainda se encontram em minoria. “Embora o número de mulheres que se dedica às áreas da ciência e da investigação, seja, já, superior ao de homens, à medida que se sobe na hierarquia, encontra-se, ainda, uma predominância do género masculino”, diz.
A investigadora, que lidera uma equipa dedicada ao desenvolvimento de biomateriais e dispositivos médicos para aplicações antimicrobianas e cardiovasculares, encontra-se a trabalhar, simultaneamente, em três projetos científicos, nomeadamente a criação do primeiro vaso sintético para cirurgias de bypass das artérias do coração e de uma prótese vascular que controla o fluxo de sangue, bem como no desenvolvimento de uma tampa para prevenção de infeções na manipulação de cateteres.
Para Raquel Seabra, a mulher tem vindo a assumir um papel de maior visibilidade, o que tem contribuído para a diminuição da desigualdade entre géneros. “Embora ainda haja um caminho a percorrer de forma a atingir a plena igualdade de oportunidades, a mulher está muito mais ativa e visível na sociedade, ao contrário do que acontecia há alguns anos. Aquelas que não contribuíam diretamente para a geração de riqueza, tinham um papel social quase impercetível”, assegura.
‘Seed the Future’ – Programa Global de Sustentabilidade
Sustentabilidade é o caminho que alarga perspetivas para um futuro desejável. Focada no conceito, a Sogrape desenvolveu o Programa Global de Sustentabilidade, denominado “Seed the Future”, que pretende integrar eixos de atuação ambiental, económica e de responsabilidade social, posicionando-os de forma estruturada, com metas concretas, representativo do seu ADN empresarial.
“A Sogrape sempre se assumiu como uma empresa catalisadora da mudança positiva e é neste contexto que foram definidas as metas para o eixo da responsabilidade social: contribuir para uma sociedade mais inclusiva, transparente e qualificada”, refere Raquel Seabra, garantindo que os Prémios Dona Antónia “encaixam perfeitamente nesta vertente”.
“Para além do reconhecimento profissional e pessoal, a iniciativa confere às galardoadas um papel de roll models, servindo de inspiração para que outras mulheres possam criar e desenvolver maior impacto social”, explica, admitindo, assim, um efeito multiplicador no empoderamento feminino, cujo objetivo é o de chegar às 100 mulheres por ano.
A cerimónia decorreu na Quinta do Seixo, na Região Demarcada do Douro, tendo como pano de fundo as vinhas que notabilizaram ‘a Ferreirinha’ e que simbolizam a sua resiliência, capacidade de inovação e empreendedorismo.