Perdoem-me começar este texto com um naco de autobiografia pouco interessante. Aula de Educação Física, pré adolescência, algures nos anos 90. O desporto era volley, modalidade que odiava como todas as outras. Chegou a minha altura de servir, mandei uma bojarda de fazer latejar o pulso e marcámos. Fui abraçada pelo resto da equipa. Nesse momento, sonhei com uma vida na qual, afinal, não era uma nódoa a esta disciplina sádica mas sim uma vencedora cheia de potencial. Mas bastou a vidinha continuar para voltar a ser a pior aluna a Educação Física. Ora foi isso que aconteceu a Portugal nesta noite de Eurovisão: começamos como os vencedores que acham que mudaram para sempre o curso deste festival, e acabamos destacadamente em último, atrás de vampiros, vikings e cowboys. É como se 2017 tivesse sido só um soluço no sistema e 2018 nos recordasse a nossa posição no cosmos eurovisivo.

Na verdade, a última posição a que foi votado “O Jardim” não é subjetivamente justa. Num ano que teve do hard rock ao canto lírico, da baladona à música de dança, o nosso tema não era de todo o pior. Posso até jurar a pés juntos que, tendo começado esta minha jornada de sofá a tentar calar o berreiro de um bebé de oito meses com uma otite, o choro agudo de uma criança não foi o som mais desagradável ao qual fui sujeita esta noite. Esperava-se uma “salvadorização” do festival, com cantautores e simplicidade – mas saiu o mix do costume de canções de amor a puxar pelas goelas versus música a fazer-se ao hit de pista de dança da Kadoc (acho que a Kadoc já não existe, mas eu não saio à noite desde o terramoto de 1755). Algumas canções eram pop que figuraria ombro a ombro com hits de rádio mainstream (Suécia, Alemanha, República Checa), outras eram guilty pleasures (gosto mais de “Fuego” do Chipre do que aquilo que estou preparada para admitir sem a presença do meu advogado), outras eram só mesmo más (Dinamarca, estou a olhar para ti).

A noite abriu com fado, cortesia das suas duas vozes mais internacionais: Ana Moura e Mariza. Depois do já muito elogiado vídeo-genérico com imagens de Lisboa, estas actuações vêm só evidenciar algo de que vamos ser relembrados a cada cinco segundos, com recurso a choques eléctricos nos mamilos se for preciso: VEJAM COMO PORTUGAL É LINDO E MARAVILHOSO, POR FAVOR AMEM-NOS, POR FAVOR VENHAM DE FÉRIAS QUE O TURISMO JÁ É SETE POR CENTO DO NOSSO PIB. A ladainha de lavagem cerebral planetária deve estar a colher frutos – ainda hoje se soube que Scarlett Johansson comprou casa em Lisboa.  O tal momento de fado é de facto poderoso, mas eu também sou uma presa fácil: gosto tanto de “Barco Negro” que até me arrepiaria numa versão feita por adolescente que usam o sovaco para fazer sons escatológicos.

Do fado passamos para Carlos Paredes em versão Beatboxers (havia um casal na Croácia que ainda não estava convencido a passar cá ferias e foi agora que vacilou), enquanto desfilam as bandeiras e concorrentes participantes. As bandeiras só me lembram uma mítica coleção de cromos dos anos 90 chamada Golden Flags, com o Sonic da Sega na capa. Começamos a passeata de concorrentes com um vampiro ucraniano com um olho de cada cor, para nos lembramos que a bizarria aqui é não só bem-vinda como beijada na boca. Helder Reis chama a isto “um cruzeiro musical”, e de facto algumas músicas darão enjoos como se estivéssemos em alto mar.

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Ucrânia

MELOVIN, “Under The Ladder”

O já mencionado vampiro de 21 anos sai de dentro do piano como se este fosse um caixão, o que me faz ter muita curiosidade da reunião em cujo brainstorming alguém propôs isto. Se os HIM já eram péssimos e nem as mãezinhas deles têm saudades, esta é a versão banda de bar na Abrunheira. A lente de contacto de cada cor faz alguns recordarem David Bowie; a mim só me lembra um anúncio a uma ótica no Cacém que aparece insistentemente na IC19.  Surgem labaredas e podemos oficializar: a ideia de “ah, 2018 vai ser só Salvadores” morreu logo nos primeiros 20 minutos do evento.

Espanha

Amaia y Alfred, “Tu Canción”

“Pop intensa e muito teatral”, diz o comentador Nuno Galopim. “Música molinha e a fazer-se ao telefilme da Disney com pessoas reais”, digo eu.  O jovem casal conheceu-se na Operação Triunfo e foram eleitos por um júri do qual fazia parte Luísa Sobral. De repente fez-se luz: esperta, escolheu esta xaropada como sabotagem.

Eslovénia

Lea Sirk, “Hvala, ne!”

É nesta altura que começo a reparar num dos tiques de Helder Reis — o de apresentar as atuações desejando aos cantores “sejam bem-vindos a Portugal”. Como se não estivem cá há 15 dias a enfardar pastéis de nata. Continua assim também brainwashing para quem está em casa, para saberem SEMPRE onde está a decorrer esta cerimónia tão linda. O tema de Lea tem um refrão modernaço e mistura esloveno com frases noutras línguas (português incluído). O tom é tipo Adelaide Ferreira meets Pink. Tal como na semifinal, finge a meio que a música foi abaixo e que tem de ser o publico a ajudá-la. Pff, como se a nossa organização falhasse. Nós fizemos o Euro 2004, pá! Nuno Galopim diz que é uma escolha ousada e usa a palavra que usará 389 vezes ao longo da emissão, por tudo e por nada: diversidade. Se fosse um drinking game e eu bebesse um shot de amêndoa amarga de cada vez que ouvisse a palavra, estava no Marquês só em cuecas antes da votação final.

Lituânia

Ieva Zasimauskaitė, “When We’re Old”

Ieva já venceu o Festival da Eurovisão Júnior, esse certame que já lançou a carreira internacional de…Rigorosamente ninguém. É a única que tenta uma coisa mais à Salvador, uma música de amor simples como o seu vestido cor de rosa dos saldos da Mango. No final do tema é abraçada por um moço em palco. Reparo que ele tem aliança e começo a fazer grandes telenovelas na minha cabeça, mas afinal é mesmo o marido da criança que canta. Muito lindo. Galopim diz que a voz lhe lembra Dolores  O’Riordon, porque pelos vistos basta cantar e ter ovários para ser tipo a vocalista dos Cranberries.

Áustria

Cesár Sampson, “Nobody But You”

Esteve quase a vencer, apesar de nas apostas da imprensa internacional feitas na tarde do evento ter tido um rotundo zero. A música soa a “acho que ouvi isto na rádio, mas não tenho a certeza porque tem o carisma de uma gastroenterite”.  Diversidade, diz o outro, podem beber o vosso shot. A música soa a tudo menos diversa, mas é dos poucos momentos numa Europa em constante mutação que há um não-branco em cima do palco.

Estónia

Elina Nechayeva, “La Forza”

Sim, é uma cantora lírica que projeta os seus cantares em italiano até à sétima lua de Júpiter — mas será sempre recordada como “aquela do vestido”, por isso até podia ter estado calada. 65 mil euros por um trapinho com projeções, o que talvez dê sainete quando entregar o seu muito confuso CV no São Carlos.

Noruega

Alexander Rybak, “That’s How You Write A Song”

É o primeiro de vários Jamie Cullum da noite. Toca um violino imaginário e interage com desenhos projetados – o que, com o seu ar imberbe, só o faz parecer que está a apresentar as “Pistas da Blue” ou outro programa infantil do género. Atira o seu casaco para o público, o que serve de propósito para filmarem cerca de 57 bears barbudos em êxtase.

Portugal

Cláudia Pascoal, “O Jardim”

O vídeo de apresentação no Navio Escola Sagres adivinhava o que vinha aí: foram de vela. Pena, porque foi uma atuação segura de quem estava à vontade e a desfrutar do momento. Não existiram os desafinanços do Festival da Canção, mas mesmo assim não foi suficiente para uma Moldávia da vida nos dar 12 pontos.

Reino Unido

SuRie, “Storm”

Foi um dos momentos da noite, mas não por causa da música. Um invasor de palco interrompe para se insurgir contra o Brexit, pedindo para ninguém votar naquele tema. O resultado final quase dá a sensação que lhe obedeceram. A música parece um hino de um europeu de futebol — e não, isto não é um elogio, nunca nenhum desses hinos é menos que medonho. Os comentadores fazem questão de dizer que SuRie (junção dos nomes Susanna e Marie) tem formação clássica. Curiosamente, também o nosso Emanuel, filha.

Sérvia

Sanja Ilić & Balkanika, “Nova Deca”

Por cima do vídeo de apresentação, os comentadores asseguram que os sérvios estão a passear no Porto. O vinho que emborcam nas caves é do Porto, sim senhores, mas estão em Gaia. Portanto: sabemos quando é que a Sérvia entrou no festival pela primeira vez, mas não sabemos a nossa geografia básica? Boa. O resultado da atuação é “Guerra dos Tronos# meets feira medieval manhosa meets homenzarrão e boazonas que parecem de um filme porno. Nuno Galopim, exímio em tentar dar dignidade mesmo às canções que não a têm, descreve como “sons tradicionais em diálogo com a contemporaneidade pop”. Apetece-me abraçá-lo e dizer-lhe que precisa de descansar.

Alemanha

Michael Schulte, “You Let Me Walk Alone”

Dizem-me que Michael começou no Youtube, por isso não vir fazer o desafio da canela ou pegar fogo a um gato já é uma sorte. Traz um tema mainstream sobre a morte do seu pai, o que leva os comentadores a mandarem um abraço para José Carlos Malato. O tema soa a Sam Smith, o que pelos vistos é toda uma categoria temática este ano. Podia passar na rádio, entre o trânsito e uma gargalhada de uma equipa da manhã a fingir que não se odeia. No final, há pessoas no público a chorarem baba e ranho, o que a reforça como uma das favoritas.

Albânia

Eugent Bushpepa, “Mall”

O nome do tema já é dado a trocadilhos, mas Eugent não se manca e aterra de pés juntos num dos piores temas da noite. A letra é sobre “a força que dois corações podem ter” e ganha o galardão Cliché dos Clichés 2018 para meter na cristaleira. O resultado é tão aborrecido como se imagina. Só um vestido com projeções como o da outra é que salvava este bocejo. Galopim fala em diversidade (por favor, não me peçam para soprar o balão) e noutras das suas palavras preferidas: surpresa. Eu traduzo: sempre que uma canção é “uma surpresa” é porque é tão má que ninguém percebe como chegou ali.

França

Madame Monsieur, “Mercy”

Se no ano passado a organização da Eurovisão não deixava Salvador Sobral ir a conferências de imprensa com t-shirts sobre a crise dos refugiados, este ano França pode trazer toda uma canção dedicada ao tema. Sim, muitas pessoas fizeram trocadilhos com os chocolates de nome similar, mas Mercy é uma menina que nasceu de pais nigerianos num barco no meio do Mediterrâneo a tentar fugir à miséria. Adorava estar a prestar atenção a essa mensagem profunda, mas o facto do guitarrista tocar uma guitarra elétrica que não está ligada a nada está-me a distrair demasiado.

República Checa

Mikolas Josef, “Lie To Me”

Meio Justin Timberlake, meio Jamie Culum, Mikolas foi inteligente na sua indumentária. O look colegial dá toda aquela vibração do barely legal, mostrando que há todo um campeonato fetishista para lá do cabedal.  Os óculos de quatro euros da Tiger compõe o ramalhete.

Dinamarca

Rasmussen, “Higher Ground”

Culpo a “Guerra dos Tronos” por ter de levar com uns vikings da loja dos 300 enquanto estou a tentar jantar. O tema é tão murchinho que não ia lá nem com uma transfusão de óleo de fígado de bacalhau. “Canon clássico eurovisivo”, diz um Galopim a justificar novamente o injustificável. Deus o abençoe.

Austrália

Jessica Mauboy, “We Got Love”

Como tenho escrito alguns textos sobre a Eurovisão, o algoritmo do meu Youtube está convencido que eu sou a maior fã da Eurovisão desde o Pedro Granger (sim, rogo pragas ao meu editor por isso). Assim, em todos os vídeos que tentei ver esta semana tive de levar com um anúncio antes a ordenar-me que votasse na canção australiana. Nunca tinha visto o voto na Eurovisão a ser tratado como margarina ou detergente. Mas mesmo tendo de ver um excerto do videoclip 533 vezes esta semana, não consigo cantar este tema nem que me apontem um agrafador à têmpora. É o quão marcante esta canção é. A minha teoria é que ninguém quer que a Austrália ganhe, pelo pesadelo logístico que ia ser. Só isso explica um tema tão baço.

Finlândia

Saara Aalto, “Monsters”

Todo o fogo de artificio que Salvador Sobral não queria, mais uma vocalista a cantar de cabeça para baixo e mesmo assim a não rebentar uma veia na testa durante a berraria. De resto, temos o que aconteceria se a tipa dos Evanescence tivesse voz e alegria de viver.

Bulgária

EQUINOX, “Bones”

A Bulgária fez o chamado “meter a carne toda no assador”, e mixou uma imitação da Sia com uma banda que mistura búlgaros e norte-americanos. Ganhou o prémio interno à organização do festival para “Melhor Composição”, o que mostra que o júri era composto por pessoas com tremoços em vez de tímpanos.

Moldávia

DoReDoS, “My Lucky Day”

Primeiro as boas notícias: foi das melhores soluções cénicas e de coregrafia, num look de “La La Land” vintage galhofeiro. A sonoridade? Descobri que existe “Kusturica pimba” que ficaria lindamente numa feira do fumeiro de domingo à tarde.

Suécia

Benjamin Ingrosso, “Dance You Off”

Um dos temas que mordeu os calcanhares ao vencedor, a canção não envergonharia um Justin Timberlake em início de carreira. A solução cénica, uma espécie de videoclip em tempo real, também foi boa. Enfim, admito que isto é mais aborrecido quando não tenho nada de mal para dizer.

Hungria

AWS, “Viszlát Nyár”

Ainda bem que Eládio Clímaco ficou este ano a ver em casa, porque temo pela sua saúde ao ser confrontado com uns Linkin Park húngaros. A voz off recorda os finlandeses Lordi, mas aos AWS ainda lhes falta comer muito bife tártaro para lá chegar. Presenciamos também o crowdsurfing mais choninhas da história, com o guitarrista a ser cuspido de volta ao palco em menos de cinco segundos.

Israel

Netta, “TOY”

Uma das revelações desta canção é fazer-me perceber que metade do meu feed de Facebook ainda faz piadas com gordos em 2018, num perpétuo espírito de bullying de escola secundária. Felizmente, Netta está-se bem a marimbar. A receção na Altice Arena não deixa dúvidas de que chegou o tema da noite, quase como se fosse o single de sucesso num concerto em nome próprio. A misturada da música vai de galinhas ao Pikachu, de #metoo a uma letra que parece às páginas tantas gritar “motherfucker” (quase: é um inventivo “motha-bucka”). Os Linkin Park húngaros que voltem para a sua garagem nos subúrbios — que isto, em atitude, é o mais perto de rock que a noite teve.

Holanda

Waylon, “Outlaw In ‘Em”

Há sempre alguém que tem saudades dos Bon Jovi anos 90 armados em cowboys. Deve ter sido nesta crença que se baseou a escolha da Holanda. Galopim eufemiza que é uma canção “cheia de blues”, a mim só me parece o equivalente sonoro a um baile de máscaras num pavilhão dos bombeiros. Os dançarinos de hip hop devem ser para ver se me confundem e mitigam a minha dor na alma por gastar três minutos com isto.

Irlanda

Ryan O’Shaughnessy, “Together”

Uma sensação de deja vu em forma de canção, é um tema sobre desamor “como dois icebergs a afastarem-se no oceano”. Só a coreografia vai para lá da banalidade: o casal de bailarinos apaixonados desavindos é gay, algo que já nem devia ser um ato de coragem num evento que tem um público tão cimentado na comunidade LGBT. O resto nem fica na memória. Deve ter sido o aquecimento global a dar cabo do iceberg.

Chipre

 Eleni Foureira, “Fuego”

Uma das favoritas à vitória, tem mais poder e organização e atitude que a nossa Protecção Civil.  Eleni tirou, aliás, fotografias com bombeiros lisboetas para o seu Instagram. É uma canção orelhuda e que não tem problemas em posicionar-se como música pop para usar e descartar como amor de verão. Aquele corpanzil é que não se esfrega na fuça de quem ainda está em pós-parto, pá.

Itália

Ermal Meta e Fabrizio Moro, “Non Mi Avete Fatto Niente”

Um tema abertamente sobre terrorismo, que é isso que precisamos de lembrar em recintos cheios onde nem sequer se pode entrar com uma lata de Fanta. Mencionar sangue no chão e tal. Mas a dupla de cantores está super José Mário Branco na sua emoção interventiva, ali a apelar ao “sorriso de um bambino”. Estão a “traduzir ecos do presente”, dizem os comentadores. Estão a ser um bocado chatos, digo eu que já estou muito farta disto.

Começa então a votação, sendo que o compasso de espera entre canções e resultados é passado a fazer uma de duas coisas: ou a recordar os temas a votação (momento em que filmam todos os intérpretes para que façam o gesto internacional de telefone com o polegar e mindinho) ou a carregar na farinheira de como Portugal é lindo, o Salvador é lindo, as apresentadoras são lindas e a nossa organização foi linda. Quem não concordar vai ter o seu Cartão de Cidadão incinerado. Damos tantas palmadinhas nas nossas próprias costas que quase desatarraxamos um braço.

Entre canções de convidados provavelmente demasiado ao lado para o público da Eurovisão (o Caetano Veloso não é nenhuma Conchita Wurst), chegam também alguns momentos de humor e descontração. O bom: o vídeo de autoparódia ao porquê de Portugal só ter ganho a Eurovisão em 2017. O mau: o moço em tronco nu oleado que traz o telefone às apresentadoras, algo que se fosse ao contrário seria de um sexismo insuportável (mas assim não é muito melhor).

As votações lá começam e depressa percebemos que este ano não vai correr bem para o nosso lado. Nem connosco a organizar isto tão bem, ó ingratos de um camandro. O momento alto para Portugal nas votações é quando o representante do país que está a votar calha a ser português (algo que aconteceu com Austrália, Finlândia e Suíça).

Depois de tensão até aos últimos pontos, lá vence Israel e Salvador Sobral tem de dar o galardão a alguém cuja música já disse publicamente odiar. Restaurou-se a ordem naquilo que é a Eurovisão. Já percebi porque estávamos tão histéricos por estar a organizar isto: tão cedo, não volta a acontecer.