A lei do fora de jogo é uma das mais polémicas e das mais complexas do futebol. Apesar de ser um princípio basilar do futebol, é muitas vezes responsável pela anulação de lances de golo — algo que, naturalmente, deixa as equipas de arbitragem sob fogo na sequência de uma decisão difícil.

No Qatar, onde está em vigor a nova tecnologia de fora de jogo semiautomático em que a bola tem sensores e envia informação diretamente ao VAR, o Campeonato do Mundo arrancou desde logo com um desses lances polémicos. Aos cinco minutos da partida inaugural entre o anfitrião Qatar e o Equador, a equipa de arbitragem — obviamente aconselhada pelo VAR — decidiu anular um golo de Valencia por fora de jogo de Félix Torres num ponto anterior da jogada.

Câmaras, sensores na bola, dados enviados 500 vezes por segundo: a nova tecnologia de fora de jogo que está em vigor no Qatar

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apesar da decisão e da vitória equatoriana, e com a acrescida dificuldade de interpretação do lance, manteve-se a dúvida: porque é que Félix Torres estava fora de jogo? Uma dúvida que, nas horas e dias que se seguiram, provocou várias considerações e publicações nas redes sociais que colocavam em causa a idoneidade da equipa de arbitragem e a veracidade da posição irregular assinalada. Uma delas partiu de uma publicação no Instagram, em que se defende que “começou cedo a corrupção”. “Bastaram cinco minutos para se provar que este Mundial é uma farsa”, acrescenta o autor do post.

Contudo, ao contrário do indicado na publicação, o lance foi bem anulado. Ora, de acordo com as atuais Leis do Jogo veiculadas pela FIFA, “um jogador encontra-se em posição de fora de jogo se: qualquer parte da cabeça, corpo ou pés estiver no meio-campo adversário (excluindo a linha do meio-campo) e qualquer parte da cabeça, corpo ou pés estiver mais perto da linha de baliza adversária do que a bola e o penúltimo adversário”.

Neste lance específico, quando o livre foi cobrado para o interior da grande área, Félix Torres dividiu a jogada com o guarda-redes Saad Al-Sheeb. A bola sobrou para Michael Estrada, que a devolveu a Torres para este fazer a assistência daquele que teria sido o golo de Valencia. Contudo, na primeira vez que Torres toca na bola, Estrada estava adiantado em relação ao penúltimo jogador adversário, que era Abdelkarim Hassan.

A confusão gerada teve origem no facto de, na larga maioria dos casos, o último e penúltimo jogadores adversários serem o guarda-redes e outro elemento específico. Neste lance, contudo, o guarda-redes até era o antepenúltimo elemento do Qatar, com Michael Estrada a ser apanhado em fora de jogo por ter o pé à frente de Hassan.

Conclusão

Michael Estrada estava mesmo em fora de jogo no lance que deu golo de Valencia, por estar adiantado em relação ao penúltimo jogador do Qatar na altura do passe de Torres. Logo, o golo foi bem anulado por parte da equipa de arbitragem.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

IFCN Badge