Na reta final da campanha eleitoral brasileira, começou a circular um áudio e informações nas redes sociais que davam conta de que Lula da Silva tinha sugerido assassinar o ex-ministro das Finanças, Antonio Palocci, que denunciou as alegadas irregularidades cometidas pelo candidato do Partido dos Trabalhadores no âmbito da Operação Lava Jato.

No falso áudio difundido por Eduardo Bolsonaro e por contas que o apoiam, ouvia-se, de acordo com a Globo, uma voz que parecia ser a de Lula da Silva a dizer que “ninguém teve a competência e a coragem de acabar com esse cara [Palocci]”. Vários utilizadores nas redes sociais escrevem que a “imprensa” e os fact checkers “estão a estudar como desmentir o áudio de Lula a mandar dar cabo” do ex-ministro das Finanças.

Ora, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, pertencente ao Tribunal Superior Eleitoral, deliberou, numa decisão publicada na segunda-feira, que esse áudio era falso e obrigou o Twitter, o Facebook, o YouTube, o TikTok, o Kwai e o Gettr a eliminar todas as publicações que o mencionavam. Caso não fossem apagadas, as redes sociais teriam de pagar uma multa de 10 mil reais (cerca de 1.890 euros) por dia.

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O ministro argumenta que as publicações nas redes sociais sobre o áudio transmitem “informação inverídica sobre discurso falsamente atribuído” a Lula da Silva. Outras agências especializadas em fact checks concluíram que a voz não era do candidato do PT. À Globo, o Instituto Lula da Silva confirmou também que não tinha sido o candidato a pronunciar aquelas palavras.

“As publicações que contêm informações inverídicas estão sendo publicadas no período crítico do processo eleitoral, em perfis com alto número de seguidores e gerando um alto número de visualizações, o que possibilita, em tese, a ocorrência de repercussão negativa de difícil reparação na imagem do candidato”, sinalizou ainda Paulo de Tarso Sanseverino.

Os advogados de defesa de Lula da Silva, que apresentaram queixa no Tribunal Superior Eleitoral, disseram não ser “concebível” que “se autorize uma grave violação da lisura do processo eleitoral” a partir da divulgação “de conteúdo inverídico”, uma vez que o “áudio jamais foi gravado e partilhado pelo candidato à presidência.

Conclusão

Não é verdade que Lula da Silva tenha gravado um áudio a afirmar que queria que o ex-ministro das Finanças, Antonio Palocci, fosse assassinado. O Tribunal Superior Eleitoral indicou que a sua divulgação ocorre numa “período crítico do processo eleitoral” — e que possibilitava uma onda de “repercussão negativa” à imagem do candidato.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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