Várias publicações na rede social Facebook afirmam que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem vindo a alertar para o aparecimento de uma nova variante do SARS-CoV-2 (o vírus que causa a Covid-19) mais mortal e difícil de detetar. “Todos são aconselhados a usar máscara porque a nova variante do coronavírus COVID-Omicron XBB é diferente, mortal e difícil de detetar corretamente”, escreve uma das publicações. Mas que variante é esta? E será verdade que a OMS concluiu que é mais mortal e mais difícil de detetar?

A variante em causa, a XBB, foi detetada nos países da Ásia ainda no final de 2022, e chegou à Europa no início de 2023. A XBB é uma recombinação de duas linhagens (BA.2.10.1 e BA.2.75) da variante de preocupação Ómicron do SARS-CoV-2. A variante original XBB sofreu mutações na ligação ao recetor da proteína spike, o que originou uma sublinhagem, a XBB.1.5. Foi precisamente sobre esta sublinhagem que a OMS se pronunciou, em junho do ano passado. Num relatório, a OMS confirmava as suspeitas que já tinham sido referidas por vários especialistas na primeira metade de 2023: a variante XBB.1.5. revelava uma maior transmissibilidade (relacionada com uma ligação mais forte ao recetor humano ACE2) e uma maior capacidade de escapar às defesas imunitárias.

No entanto, a OMS afastava os maiores receios: a variante não causava doença mais grave. “Não foram relatadas diferenças na gravidade em países onde o XBB.1.5 está/foi relatado como estando em circulação”, sublinhava a organização. Já em relação à mortalidade, a OMS não fazia qualquer referência, mas, tendo em conta que o nível de gravidade da Covid-19 — nas pessoas infetadas com esta variante e que acabam por desenvolver a doença — não sofre alterações, o nível de mortalidade nos infetados com a XBB.1.5. também não é diferente, uma vez que se sabe que a taxa de mortalidade está relacionada com a gravidade da doença.

Já quanto à alegada dificuldade da deteção da nova variante, as publicações do Facebook justificam essa tese com a teoria de que a variante XBB.1.5. não causa febre nem tosse, sendo, assim, mais difícil de detetar, por causa da ausência de sintomas comuns de infeção pelo SARS-CoV-2. No entanto, essa alegação não é verdadeira. A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo esclarecia, em maio de 2023, ao jornal Estado de São Paulo que “entre os principais sintomas causados pela nova variante estão irritação nos olhos (parecidos com conjuntivite), tosse seca e episódios febris”.

Conclusão

Não é verdade que a variante XBB do SARS-CoV-2 seja mais mortal e difícil de detetar. Ao contrário do que sugerem várias publicações do Facebook, a OMS não emitiu nenhum relatório a alertar para estas características da variante em causa. A OMS admitiu apenas que a XBB é mais transmissível.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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