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Ligue para o 112. |
É essa a resposta mais urgente e importante em caso de suspeita de AVC: ligue para o 112 e explique o que se passa. Só assim é imediatamente ativado um protocolo que pode ser a diferença entre a vida e a morte. Entre uma boa recuperação ou sequelas permanentes para a vida toda. |
O Hospital de Santo António, no Porto, é um dos 34 existentes em Portugal preparado para socorrer situações destas. Tem a capacidade humana e técnica para receber cerca de 500 doentes com AVC por ano. Como aqueles cujo tratamento a jornalista Sara Dias Oliveira e o fotojornalista Igor Martins acompanharam nesta reportagem. |
Para além dos muitos especialistas envolvidos nestes casos e dos percursos e procedimentos que os doentes fazem nesta unidade hospitalar, quisemos explicar, na prática, o que acontece quando é ativada a Via Verde do Acidente Vascular Cerebral. Este conjunto de ações e exames que garante “o socorro ultrarrápido que salva vidas quando o sangue não chega ao cérebro” foi criado em 2006 pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e pela Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, e começa, na prática, com a chamada para o 112. |
É essa reação que realmente pode fazer a diferença perante sintomas que levem à suspeita de AVC: os três F, detalhados neste explicador sobre a doença, resumem-se à fala (alteração do discurso, com uma voz arrastada ou impercetível), à face (a chamada “boca ao lado”) e à falta de força num dos braços. Basta ocorrer um para estarmos perante uma suspeita de AVC. |
E é aí que é ativada a Via Verde AVC: ao encaminhar o doente para o hospital mais próximo preparado para o efeito. Ou seja, em caso de suspeita, não deve deslocar-se pelos seus próprios meios para um hospital pois esse poderá não ter meios humanos ou técnicos para atender essa situação naquele momento. |
O AVC é a principal causa de morte em Portugal e, desde que um doente entra num hospital que integra a Via Verde AVC (que está preparado para receber estas situações), todos os segundos contam. Afinal, “tempo é cérebro”, defendem os especialistas e reforça Carlos Correia, diretor do Departamento de Neurologia do Hospital de Santo António. “Da porta de entrada do hospital à sala de TAC, devem ser vinte minutos no máximo.” As boas práticas ditam que da porta da urgência até receber tratamento não deve passar mais do que uma hora. Neste hospital, conseguem fazê-lo em menos tempo. |
Dados mais recentes do INEM registaram 8796 ativações da Via Verde AVC em 2023, que representaram um acréscimo de 1920 comparativamente ao ano anterior. Em média, em 2023, o INEM encaminhou 24 casos suspeitos por dia. A tendência tem sido crescente com um número mais elevado em Lisboa, seguindo-se o Porto e Setúbal. |
Mas falamos apenas de suspeitas, consideradas devido “a uma nova ferramenta de registo clínico que permite reunir mais dados e otimizar a cadeia de transmissão de informação clínica desde o evento até à chegada do doente no hospital”. Na prática, não existem “mais casos de AVC”. Passam é a estar mais sinalizados através da Via Verde AVC. |
No passado 29 de março comemorou-se o Dia Nacional do Doente com AVC. A data serve como bom pretexto para reforçar os alertas sobre a doença. No Arterial, a secção do Observador dedicada exclusivamente às doenças cérebro-cardiovasculares, publicámos nesse dia um artigo de opinião do neurologista Vítor Tedim Cruz. |
Uns dias antes, a propósito dessa efeméride, o jornalista do Observador Tiago Caeiro recebeu um prémio atribuído pela Associação Portugal AVC por esta reportagem, que dá conta do facto de os AVC estarem a aumentar em adultos jovens. Mas há uma outra realidade preocupante e menos conhecida: o AVC também atinge crianças. Apesar de ser uma situação rara, todos os anos, em Portugal, há cerca de 50 a 60 casos. E pode acontecer até “antes do nascimento”. A neuropediatra Rita Lopes da Silva alerta para a importância de lembrar esta possibilidade, não só aos pais, como aos profissionais de saúde. “Não pensamos que uma criança de quatro anos, que esteja a arrastar uma perna, tenha sofrido um AVC, mas pode.” |
Outro tema muito focado nos artigos de opinião que publicamos nesta nova secção do Observador diz respeito às desigualdades no acesso aos cuidados de saúde em diferentes zonas do país e aos atrasos relativamente à reabilitação. Foi publicado no início de abril um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) que acompanhou 460 doentes e que conclui que “70% de sobreviventes de AVC agudo não têm acesso a reabilitação intensiva”. |
No Arterial não abordamos apenas o AVC. Destacamos também outras doenças do aparelho circulatório, como o enfarte, a insuficiência cardíaca e a aterosclerose. E estamos a preparar novos conteúdos que divulgaremos ao longo das próximas semanas. |
Uma última nota, a propósito do Dia Mundial da Saúde, celebrado ontem, 7 de abril. Este ano, a Organização Mundial da Saúde – que comemora a data desde a sua constituição, a 7 de abril de 1948 – escolheu como tema “A minha saúde, o meu direito” e chamou a atenção para o facto de mais de metade da população mundial não ter acesso a serviços essenciais de saúde. Foi esse o alerta da entidade nessa data. |
Desde o dia em que lançámos o Arterial recebemos o contacto e a partilha de leitores a sugerir temas ou a contar a sua história. Agradecemos a cada um. E convidamos, por isso, a subscrever a nossa newsletter. |
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