18 de setembro, 20h da noite. Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.

Eis que alunos do mestrado se reúnem para a primeira aula do semestre, que se realizará das 18h às 22h da noite. Até aqui tudo parece normal, até que os alunos saem para intervalo às 20h da noite e se deparam com um bar e um refeitório fechados, não há um único vestígio de comida, muito menos quente. Sente-se no ar um incómodo cómico, como se estivéssemos todos, de repente, numa escola de palhaços e tudo isto fosse uma partida para nos fazer rir. Mas não é. O pobre do segurança vai timidamente pedindo aos alunos que abandonem o espaço comum das refeições, visto que as luzes se irão desligar em segundos, tal asilo presidiário em que se transformou uma instituição de ensino.

Depois do episódio insólito, seguimos despreocupadamente para a casa de banho, mas eis que, para o nosso espanto, abrimos a porta e está tudo às escuras. Não é apagão, porque as luzes da sala de aula estão acesas, é apenas a total falta de respeito pelos alunos que terão aulas naquela instituição até às 22h da noite. Lá tentámos desajeitadamente ligar as lanternas dos telemóveis e prosseguir com a nossa demanda de satisfazer necessidades básicas, com alguma dificuldade pouco expectável.

No caminho de volta para o anfiteatro, vamo-nos deparando com colegas atrapalhados, alguns com tupperwares frios nas mãos, sem local onde comer nem aquecer a comida. É, no mínimo, cómico, material digno de um sketch dos Monty Phyton. O pior talvez seja que a nós, alunos, já nada nos espanta. Os exames são marcados com menos de um mês de antecedência, sem qualquer consideração pelos alunos deslocados nem por ninguém. O espaço comum de refeições nem espaço terá para sentar 200 alunos, apesar de a faculdade ter mais de 650 alunos. A refeição custa 4,50 euros e não, não temos direito a sopa nem fruta, é apenas o prato que está incluído neste valor. Caso queiramos uma refeição mais completa, o valor pode chegar sem qualquer problema a 10 euros. É um restaurante que falta no Tripadvisor: a Faculdade de Psicologia. Se é preço para alunos? Seguramente que não. Mas também não somos bem alunos, somos mais uma espécie de presidiários que pagam para aprender nestas condições, num país “à beira mar plantado” onde “we are bacalhau, we are fado” e onde é tudo maravilhoso.

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