Certamente já reparou que algumas pessoas de sucesso usam sempre a mesma roupa. A razão é simples, descobriram que reduzir o número de decisões economiza energia e aumenta a produtividade.

Albert Einstein usava várias combinações do mesmo fato cinzento para não ter de perder tempo e energia ao decidir que roupa vestir todas as manhãs. Richard Branson usa o mesmo par de jeans e as mesmas camisas brancas todos os dias. Numa entrevista ao Page Six, em 2019, disse: “Não importa a ocasião ou o que estou a fazer. Simplifica a minha vida, especialmente quando viajo pois não preciso de fazer grandes malas.

Obama, em 2012 disse numa entrevista à Vanity Fair que gerir a sua vida como presidente exigia eliminar as decisões mais mundanas. “Estou a tentar reduzir as minhas escolhas. Não quero ter de escolher o que vou comer ou vestir porque tenho muitas outras decisões importantes para tomar.

Zuckerberg disse em 2014 que preferia aplicar a sua energia a escolhas relacionadas com a forma de melhor servir a sua comunidade, em vez de se desfocar com decisões irrelevantes.

Matilda Kahl, Diretora Criativa da Sony Music, utilizou a mesma combinação de calças pretas e camisa branca durante quatro anos, para trabalhar. E os exemplos multiplicam-se.

Todos nós somos solicitados a tomar decisões a toda a hora: pequenas decisões, quase inconscientes, e grandes decisões, muitas vezes tomadas com base em informações limitadas. Dizem que um adulto em média toma 35 000 decisões diariamente. Supondo que esse mesmo adulto dorme cerca de 7 horas por dia (livre de escolhas), depreendemos que toma cerca de 2000 decisões por hora ou uma decisão a cada dois segundos. Exagero ou realidade? Uma coisa é certa, todos nós nos deparamos com um fluxo interminável de decisões a toda a hora e qualquer pessoa pode usar o truque da roupa para libertar espaço mental, porque uma maneira simples de poupar energia cerebral é reduzir o número de decisões que tomamos.

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Segundo Barry Schwartz, autor do best seller The Paradox of Choice, mais escolhas significam maior dificuldade. Dificuldade essa que nos faz escolher impulsivamente e evitar a escolha por completo, levando ao chamado efeito da Fadiga da Escolha.

Inclinamo-nos a pensar que quanto mais opções temos maior é a probabilidade de encontrarmos a melhor opção. Tendemos assim a considerar a variedade positiva, quando, na verdade, torna as nossas decisões mais desafiantes. Os nossos cérebros têm uma reserva limitada de energia e cada decisão que tomamos reduz essa reserva.

Outro exemplo que todos nós conhecemos bem é o das plataformas de streaming. Cada vez que acedemos a uma dessas plataformas, acabamos num de três cenários.

  1. Desistimos
  2. Ficamos perdidos e pedimos recomendações a um amigo
  3. Optamos por ver um dos conteúdos do Top10

É o mesmo efeito de Fadiga da Decisão que nos leva a reduzir a utilização ou até a cancelar o serviço.

Para combater este efeito, no ano passado o Netflix lançou o Shuffle, uma funcionalidade que faz a escolha por nós, com base no que já vimos. É uma consequência direta do bombardeamento de conteúdos a que somos expostos diariamente, o qual dificulta a tomada de decisões e dá origem ao medo de errar e, até, de perder oportunidades (o F.O.M.O.: Fear Of Missing Out)

Mas se fadiga é excesso e se mais é menos, como podemos reduzir estes efeitos na nossa vida?

O segredo é deixar simplesmente de reagir e fazer escolhas conscientes. O mais importante é termos consciência da quantidade de escolhas com que nos deparamos a cada dia e aquilo que fazemos com elas. A partir do momento em que tomamos essa consciência e interiorizamos que somos os únicos responsáveis pelas consequências, passamos a assumir o controlo.

A par disso, existe um conjunto de comportamentos que podemos adotar para evitar as pequenas escolhas inconscientes: planear o mais possível, dormir bem, fazer desporto regularmente, não estar longos períodos sem comer, aproveitar os fins de semana para estar com amigos e família, aproveitar os dias de sol ao ar livre e em contacto com a natureza… São ações de senso comum, que parecem simples mas que tantas vezes falham na agitação do dia-a-dia.

A vida é uma questão de escolhas. Escolha a sua e experimente estes truques, porque decidir demais, cansa!

Joana Vilhena tem mais de 15 anos de experiência em Marketing em diversas empresas tecnológicas como a Sybase, a Konica Minolta ou a Edenred, onde ajudou a converter soluções de tecnologia complexas em narrativas voltadas para o cliente e onde teve a oportunidade de acelerar o crescimento do negócio através de parcerias, campanhas de comunicação e estratégias de lead generation e marketing automation.

Recentemente Joana juntou-se à Devoteam (ex Bold), como CMO, onde sob o mote: ‘Creativetech for BetterChange’, tem o ambicioso objetivo de posicionar a marca como o Player nº 1 em transformação digital em Portugal, ajudando assim a acelerar os negócios dos seus clientes, através da combinação dos melhores parceiros tecnológicos com o investimento contínuo no talento interno e na diversidade das equipas.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.