Impressionante como, desde os tempos mais antigos, não assistimos a nenhuma revolução significativa na forma de ensinar e aprender. Ao longo dos vários séculos, a economia, a indústria, a agricultura, a sociedade, a política, a saúde, a cultura, a tecnologia e tantas outras áreas sofreram diferentes revoluções que alteraram com muito significado os destinos do mundo e das pessoas. Apesar de todas as inovações, e de algumas experiências arrojadas, o ensino continua a basear-se num modelo altamente conservador onde, tipicamente, alguém transmite os seus conhecimentos a um grupo de aprendizes, num formato tipificado para se avaliar no final a eficácia dessa aprendizagem.

Ora, o mundo mudou. Muito. Demasiado nos últimos anos. Rápido. Muito rápido. As fronteiras, os países, as guerras, a medicina, o trabalho, as empresas, as famílias, as amizades, os relacionamentos, as políticas, a mobilidade, a habitação, a segurança e a tecnologia. Claramente, vivemos hoje de uma forma diferente dos nossos pais. Que também eles já viveram de uma forma muito diferente dos nossos avós. Turmas, testes, aulas, horários, notas, são conceitos que, acredito, terão novos significados nos próximos 15 anos.

Especialistas e instituições de diferentes áreas apontam várias tendências no futuro do ensino, com a tecnologia destacada como o principal motor destas mudanças. Personalized learning, Project-based learning, Blended Learning, Disruptive School, Growth Mindset, Digital Literacy, Teaching Empathy, Emotional Learning, Brain Based Learning, Adaptive Learning Algorithms, Alternatives to Letter Grades, Gamification ou Mobile Learning são algumas das tendências identificadas para alterar o ensino nos próximos anos.

A única certeza que temos, dada a velocidade com que a tecnologia evolui, é que muito em breve o mundo será muito diferente do que é hoje. Enquanto todas essas mudanças ocorrem, os sistemas de educação ainda continuam muito parecidos ao que eram no passado: massificados, segmentados e com sistemas de avaliação que privilegiam a capacidade de memorizar dos estudantes.

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Dentro das várias tendências apontadas para o futuro da educação, estou certo que algumas se vão concretizar nos próximos 15 anos.

Os espaços. As salas de aula vão assumir novas funções: ao invés de serem destinadas apenas para o ensino teórico, terão cada vez mais o objetivo da experiência prática. A aprendizagem teórica será gradualmente transferida para plataformas digitais e a formação prática em sala de aula assumirá maior importância com o apoio de professores, mentores e tutores.

Aprendizagem personalizada. Os estudantes vão aprender com novas ferramentas que se adaptem às suas próprias capacidades, desejos e motivações, podendo acontecer em tempo e locais diferentes. Isso significa, genericamente, que os alunos de elevado potencial serão desafiados com projetos mais difíceis e complexos e alunos com mais dificuldades terão a oportunidade de praticar mais, até que atinjam um nível adequado. Esta metodologia fará com que os professores tenham uma maior capacidade de entender e adaptar as necessidades individuais de cada aluno.

Livre escolha. A maioria dos estudantes terá a liberdade de modificar o seu processo de aprendizagem, escolhendo as áreas que desejam aprender com base nas suas próprias preferências e poderão selecionar diferentes dispositivos, programas, professores, escolas e técnicas que julgarem necessários para personalizar o seu processo de aprendizagem.

Aplicabilidade prática. O conhecimento não ficará apenas na dimensão teórica, já que o estudante será desafiado a colocar em prática, através de projetos e experiências diversificadas, para que adquiram o domínio da técnica e também pratiquem organização, trabalho em equipa ou liderança.

Avaliação. A forma como o sistema tradicional de perguntas e respostas funciona não é eficaz, pois muitos alunos apenas memorizam conteúdos para os esquecer no dia seguinte após a avaliação. Este sistema não avalia adequadamente o que realmente o aluno é capaz de fazer com aquele conteúdo na prática, por isso, a tendência é que as avaliações passem a assentar na realização de projetos reais, com os alunos colocando os seus conhecimentos em situações desafiadoras.

Da minha parte, enquanto profissional com mais de 15 anos no ensino superior, espero ansiosamente que o futuro chegue rapidamente.