A cultura da pera e da maçã são indissociáveis do Oeste do país e parece que o fantasma do fogo bacteriano voltou para assombrar a produção e os produtores, depois da última vaga preocupante se ter registado no ano de 2012. Esta bactéria, sem solução fitossanitária, é disseminada por insectos e por fenómenos meteorológicos naturais como o vento e a chuva e mitiga-se através do arranque pela raiz, sendo que as árvores são, ainda, queimadas a posteriori.

O principal problema incide na capacidade que apenas uma árvore de fruto contaminada tem para infectar todo o pomar. Uma vez identificada, os produtores devem participar a existência da bactéria à Direcção-Regional da Agricultura e das Pescas e só depois de autorizados, arrancar “o mal pela raiz”. Como nos tem habituado, o Ministério da Agricultura e da Alimentação não tem capacidade de resposta e, entretanto, mais uma boa dose de árvores de fruto foi contaminada pela bactéria.

Serão, como sempre, os produtores mais pequenos a fechar portas e a perder colheitas e investimentos de uma vida. Mas quando se fala na possibilidade do desaparecimento da Pera Rocha numa década, por parte de um dos Vice-Presidentes da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) todos temos motivos para ficar alarmados, mais que não seja porque o consumidor vai pagar mais, quer pelo produto nacional, quer pelo importado.

Não nos podemos esquecer de que a Pera Rocha é um dos produtos nacionais mais exportados e que problemas como o que aconteceu com a filoxera na vinha e mudou o paradigma da produção nacional, não se podem repetir. É urgente ter todos os mecanismos a funcionar, garantir que os produtores não são (mais) prejudicados, facilitar o seu trabalho e produzir clones resistentes à bactéria. E se, por enquanto, o Ministério não é capaz de ajudar deixe, ao menos, de atrapalhar.

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