A tiroide, localizada na face anterior do pescoço, abaixo da chamada cartilagem tiroideia – vulgarmente conhecida como a “maçã de Adão” – é uma glândula formada por duas metades unidas centralmente o que lhe confere a forma de uma borboleta ou de um escudo.

Sendo uma glândula relativamente pequena, as hormonas por ela produzidas são essenciais no desenvolvimento do organismo, regulação da temperatura corporal, frequência cardíaca, tensão arterial, funcionamento intestinal e estados de humor, entre outras importantes funções. Existem ainda outros tipos de células, as células parafoliculares ou células C, que produzem a hormona calcitonina. Estas células são particularmente relevantes já que podem dar origem aos carcinomas medulares, que, embora menos frequentes, necessitam de especial atenção.

Sabe-se que há vários fatores de risco relacionados com a patologia tiroideia como por exemplo a deficiência de iodo, factores familiares, origem em zonas endémicas de bócio e a exposição a radiações, entre outros.

A patologia nodular tiroideia é a alteração mais frequente nesta glândula. De facto, em cerca de uma em cada 15 mulheres e um em cada 60 homens é possível palpar um nódulo tireoideu.

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Sendo a maioria destes de origem benigna, para além de vigilância, não são necessários outros cuidados. Contudo, a incidência de cancro da tiroide tem vindo a aumentar em Portugal, onde são diagnosticados mais de 500 casos por ano. O diagnóstico precoce permite tratar fácil e eficazmente esta doença.

Assim, perante a identificação de um nódulo na tiroide torna-se fundamental a sua caracterização a fim de avaliar a necessidade de tratamento.

O exame fundamental na avaliação desta patologia é a biópsia, que permite distinguir os casos de tumor maligno, de nódulo benigno ou nódulos que necessitam de cirurgia para uma avaliação definitiva.

Para além da biópsia podem ser necessários outros exames para melhor caracterização da doença.

O cancro da tiróide não é uma doença rara e existe em várias formas malignas que necessitam de tratamento atempado e eficaz, como é o caso dos tumores papilares, foliculares, medulares e anaplasticos. O comportamento destes é bastante variável, podendo ser extremamente agressivos como no caso de carcinomas anaplásticos, ou mais indolentes como no caso dos carcinomas papilares, que felizmente são os mais frequentes.

O tratamento da maioria destes tumores é cirúrgico para remoção da glândula – que pode ser total ou parcial – e eventualmente os gânglios linfáticos. Poderá ainda ser necessária terapêutica adicional com iodo radioactivo.

A cirurgia é complexa, mas tem bons resultados quando realizada por cirurgiões experientes e diferenciados. Após o tratamento, é importante que os doentes continuem a ser acompanhados por uma equipa multidisciplinar e com diferenciação nesta doença.

O diagnóstico de cancro é sempre um motivo de stress e preocupação. No entanto, quando tratado de forma atempada e eficaz em centros especializados, a maioria dos casos de cancro da tiróide tem bom prognóstico, com uma sobrevida semelhante à da população em geral. Mensagem que deve ser repetida: não se esqueça de manter um acompanhamento médico regular.