Ao assinalar-se o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, continua a ser absolutamente necessário informar e recordar os factos que envolvem esta patologia tão prevalente e com tanto impacto na nossa população. Trata-se da terceira neoplasia mais frequente no nosso país, sendo que se assume como a maior causa de morte por doença oncológica.

No mundo, continua também como o tipo de cancro que mais fatalidades representa, sendo que 1 em cada 5 mortes por cancro é provocada pelo cancro do pulmão.

Há, contudo, várias mensagens de otimismo e esperança que importa referir nesta efeméride. Existem grandiosos avanços recentes no que respeita ao tratamento do cancro do pulmão e estes têm um enorme impacto na sobrevida e na qualidade de vida na generalidade dos doentes.

No que toca ao cancro do pulmão nos estádios avançados, as inovações na terapêutica têm sido impactantes trazendo um grande alento a quem trata estes doentes e uma nova perspectiva de longevidade para os mesmos, aquando do diagnóstico de doença avançada.

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Em relação ao tratamento do Cancro do Pulmão em estádios precoces, aqueles sobre os quais o meu trabalho diário mais incide, na maioria dos casos, as inovações também têm chegado a um ritmo bastante encorajador. Nos últimos anos, a cirurgia minimamente invasiva tem permitido realizar procedimentos para o tratamento do cancro do pulmão com uma recuperação mais célere, menos dolorosa, com menos impacto estético e com os mesmos resultados oncológicos. A terapêutica médica tem sofrido também um avanço grande neste grupo de doentes. No que diz respeito à terapêutica peri-operatória, as terapêuticas alvo e a imunoterapia, tornaram-se num foco altamente relevante para a investigação clínica atual, documentando-se consistentemente melhorias significativas na sobrevida e na sobrevida livre de doença para os doentes que beneficiam da sua administração.

Em 2020, foi criada a Aliança para o Cancro do pulmão, uma entidade que visa a melhoria da sobrevida e da qualidade de vida dos doentes com cancro do pulmão. Com vista a este objetivo, conta com uma multidisciplinariedade muitíssimo importante no tratamento destes doentes e que se baseia na colaboração de sete entidades que desenvolvem também individualmente um trabalho muito meritório nesta área. As entidades referidas são: o Grupo de Estudos para o Cancro do Pulmão, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Ordem dos Médicos, a Pulmonale, a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardíaca Torácica e Vascular, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a AstraZeneca.

A Sociedade Portuguesa de Cirurgia Cardíaca Torácica e Vascular, como parte integrante desta Aliança, tem membros em todos os grupos de trabalho e no Conselho Estratégico, procurando trabalhar ativamente e em conjunto com os restantes membros, com vista à melhoria contínua dos cuidados aos doentes com Cancro do Pulmão.

Não posso deixar de falar no rastreio de Cancro do Pulmão, que ainda não foi implementado no nosso país, apesar de toda a evidência internacional que nos vem demonstrando uma redução significativa da mortalidade associada a esta neoplasia, decorrente de um aumento do número de diagnósticos de tumores em estádios iniciais e, por conseguinte, uma melhoria significativa do prognóstico desta doença. Sendo este um objetivo maior para todos os que tratam esta neoplasia, é urgente que o rastreio seja implementado no nosso país.